Trabalhadores rurais da Bahia são resgatados de carvoaria no Sul do Piauí

17/12/2019 08h51


Fonte G1 Piauí

Imagem: DivulgaçãoTrabalhadores da Bahia foram resgatados de carvoaria no Sul do Piauí(Imagem:Divulgação)

Quatorze trabalhadores rurais foram resgatados de uma carvoaria localizada no município de São José do Peixe, a 353 km de Teresina, durante operação de fiscalização realizada por auditores fiscais do trabalho e pela Procuradoria Regional do Trabalho com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os trabalhadores foram trazidos da cidade de Palmas de Monte Alto, na Bahia, e estavam a mais de 1 mil quilômetros distantes de casa.

De acordo com o auditor fiscal Robson Waldeck Silva, os trabalhadores estavam operando de maneira degradante, sem nenhum equipamento de proteção. Entre os resgatados, havia um adolescente de 15 anos e alguns idosos.

“Alguns tinham ferimentos leves, causados pela atividade”, comentou o auditor. “Eles passavam por uma jornada exaustiva, trabalhavam por produção e recebiam menos de um salário mínimo”, disse. Quando iam trabalhar, eram transportados na carroceria de um reboque por cerca de cinco quilômetros até o campo de trabalho, passando pelo risco constante de acidentes.

Suspeita de aliciamento de trabalhadores

Os trabalhadores foram contratados ainda na Bahia, há cerca de dois meses, e trazidos para o Piauí, mas a maioria não tinha qualquer vínculo formal com os empregadores, e nenhum passou por exame médico admissional.

Os trabalhadores relataram aos auditores que foram contratados com a promessa de que receberiam um salário regular, que ficariam em boas acomodações e utilizariam os equipamentos de proteção individual.

“Segundo o depoimento deles, eles vieram enganados. Há então indício de aliciamento de trabalhadores que será verificado durante o processo”, disse Robson.

Condições degradantes de moradia

Imagem: DivulgaçãoTrabalhadores vivam em local sem banheiros ou camas em carvoaria no Sul do Piauí(Imagem:Divulgação)

Alguns trabalhadores dormiam em uma edificação sem banheiros, em colchões velhos espalhados pelo chão. “Outros dormiam do lado de fora da edificação, porque o lugar não suportava a todos. Então dormiam no alpendre, em redes ou colchonetes no chão”, disse Robson.

O lugar também não tinha uma fonte de água. Por isso, a água utilizada pelos trabalhadores era trazida de cerca de cinco quilômetros do lugar onde ficavam alojados, e eles só tinham direito a tomar um banho por dia.

A operação foi realizada no final de novembro. A carvoaria foi interditada e o processo para o pagamento das verbas rescisórias se estendeu até dezembro. Os trabalhadores foram enviados de volta para sua cidade natal, e receberam as verbas rescisórias a que tinham direito e o seguro desemprego.

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