Suspeito diz que deu início à chacina por conta de traição da mulher

07/11/2014 09h07


Fonte G1 PI

“Para mim, a gota d’água foi a traição da minha mulher com um vizinho nosso. Essa era a pessoa que eu mais queria, mas que não consegui pegar (matar). Eu estava com muita raiva e acabei matando todos os outros, mas não planejei nada”. A fala é de Clewilson Vieira, de 34 anos, durante coletiva com a imprensa nesta quinta-feira (6) na qual confessou ter matado cinco pessoas no dia 30 de outubro, em São Miguel do Tapuio, chacina cometida em um curto espaço de tempo.

Imagem: Daniel Cunha/G1Clique para ampliarArmamento apreendido com Clewilson Vieira.(Imagem:Daniel Cunha/G1)Armamento apreendido com Clewilson Vieira.

O suspeito foi preso nesta quinta-feira (6) depois sete dias de uma intensa perseguição realizada por cerca de 40 homens das polícias militar e civil. Após a prisão, Clewilson foi trazido de São Miguel para Teresina de helicóptero, onde foi autuado em flagrante por porte de arma e também por um mandado expedido pela Justiça por conta da chacina.

Aparentando algum nervosismo, o suspeito não se esquivou das perguntas feitas pelos jornalistas, confessou todos os crimes e mostrou arrependimento apenas por uma das vítimas. “Me arrependo do cumpadi(sic) Cláudio, porque eu queria matar era o Claudionor, o irmão dele. Peço perdão a família por isso”, disse se referindo ao fato de ter matado Claúdio Barros de Oliveira, quando na verdade procurava por seu irmão, Claudionor Barros, história já contada pelo G1.

Imagem: Daniel Cunha/G1Clique para ampliarTenente Isenilson e delegado Laércio Evangelista.(Imagem:Daniel Cunha/G1)Tenente Isenilson e delegado Laércio Evangelista.

A prisão do suspeito confirmou a versão de que com exceção da esposa, as outras quatro pessoas foram mortas porque participaram de um abaixo assinado pedindo a saída de Clewilson da comunidade Palmeira de Cima, local onde morava e palco da chacina. Segundo os moradores, ele estaria aliciando jovens para o tráfico de dorgas. “Eu me sentia sufocado. Deixei a vida do crime há quatro anos e eles ficavam me apontando, dizendo que eu era traficante. Eles eram invejosos da minha boa vida. Agora não me sinto mais sufocado”.

Sobre os sete dias andando pela mata seca da região de São Miguel de Tapuio, o suspeito disse que sobreviveu graças ao seu conhecimento da região e, ainda, comendo frutas para não morrer de fome. “Sobrevivi comendo manga, escondido na mata e no meio das pedras”, contou.

Imagem: Divulgação/Polícia MilitarClique para ampliarClewilson sendo levado para delegacia de São Miguel do Tapuio.(Imagem:Divulgação/Polícia Militar)Clewilson sendo levado para delegacia de São Miguel do Tapuio.

Os crimes foram cometidos no dia 30 de outubro no povoado Palmeira de Cima, distante cerca de 40 km da sede do município. A primeira a ser morta pelo atirador foi sua própria mulher, Maria Moreira, de 35 anos. Após deixar a sua residência, ele atirou e matou outras quatro pessoas: o comerciante Cláudio Barros de Oliveira, Sidney Tavares da Silva, o professor de informática Roberto Brito Barros, e o líder comunitário Juvêncio dos Reis da Silva, morto na frente da esposa.

Desde então o suspeito vagou pela mata, mas disse que não poderia ir embora sem antes contar aos seus familiares o porquê de ter matado aquelas pessoas. “Eu queria conversar com minha família para falar com eles e depois eu iria me matar, queria que eles soubessem os motivos de ter feito tudo isso. Era a única coisa que ainda me importava. Agora a única coisa que eu quero é morrer, mais nada”, finalizou.

"Matança poderia continuar"


Para o tenente Izenilson, da Polícia Militar, presente nas diligências para prender o suspeito desde o primeiro dia de caçada, Clewilson é um homem frio, muito bem armado e que poderia ainda estar disposto a continuar matando. "Pelas armas que possuía, ainda tinha condições e intenção de matar muito mais gente. Felizmente a policia o localizou, pois já estava na cidade e os ataques poderiam ocorrer a qualquer momento”, disse.

O delegado Laércio Evangelista, também presente nos sete dias de operação, afirmou que a prisão do suspeito se deu por conta do incasável trabalho das polícias civil e militar. “Foi uma operação integrada e felizmente deu certo porque, de acordo com o perfil dele, poderia acontecer qualquer coisa. É importante destacar o trabalho incansável dos homens lidando com rotinas pesadas e inclusive com muitas informações discordantes ao longo da investigação".

Clewilson Vieira foi autuado na Delegacia de Homicídios de Teresina e depois será levado para a Casa de Custódia, onde ficará a disposição da justiça.

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