Qualidade dos depoimentos à CPI da Telefonia em Floriano surpreende

19/10/2013 19h08

Fonte Alepi

As reclamações dos usuários da telefonia e internet em Floriano à Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa surpreenderam pela sinceridade dos depoimentos. Todas as denúncias foram anotadas, gravadas em áudio e vídeo e serão anexadas ao relatório com as conclusões e sugestões do Piauí à nova Lei das Telecomunicações, a ser votada pelo Congresso Nacional.

Os depoimentos tomados em Floriano foram contundentes. Pessoas que não podem trabalhar, estudar, conversar com a família, até pedir socorro no momento de aflição. A professora de Sociologia, Francileide Rodrigues Damasceno, foi a primeira a falar à CPI. “Chega a me irrita ter que relatar em detalhes, para mais de um atendente, as minhas reclamações. Outro dia, passei três horas e 40 minutos com o aparelho no ouvido. Entrei com uma reclamação na Anatel e o meu problema, que foi uma cobrança indevida na conta, foi resolvido”.

“Isso é zero por cento do que a gente sofre. A internet é muito mais lenta que uma tartaruga, entra no ar a 1 da manhã e vai embora às 8h. Como se esse horário a gente estivesse acordado. O SAC é zero, cria calo nos dedos, estraga o botão do celular... colocam uma musiquinha, enrolam a gente. Venderam muito e não entregaram nada. Estou esperando e vim aqui acreditando. Os deputados são nosso instrumento. É nosso dinheiro que financiou essa telefonia, todo esse sistema. E eu quero usar celular sem me irritar”, acrescentou Dona Evangelista de Sousa Santos, aposentada. “É uma Vivo quase morta, Claro bem escuro, Tim enganou e Ui, que susto”, ironizou.

O pastor Sau chegou com pressa, mas ficou até o final. “Não queremos que essa CPI acabe em pizza. Essas operadoras tem grande poder... As multas que elas pagam, quando pagam, é muito inferior ao que deveria ser cobrado. Tim, Oi, Claro e a Vivo, dou uma pela outra e não quero nada de volta. Existe uma lei que eles não podiam excluir nossos créditos antes deles serem usados. E Anatel também não está com essa bola toda não. Que essa CPI vá até o fim, mas que realize tudo que estamos esperando dos senhores”.

Presidente do Sintsprev em Floriano, Carlos Nascimento, disse que ouve o clamor da sociedade por seus direitos. “Lamentamos a ausência dos vereadores de Floriano nesta audiência, porque parece que eles não têm problema com a telefonia. Mas aqui é assim: na Tim você fala e não ouve, não decifra a conversa. A Claro você liga e não consegue... aparecem mensagens. Os créditos são roubados. Eu estava em Floriano e os meus créditos foram embora porque a Claro estava cobrando taxa de deslocamento, afirmando que eu ligava do Pará. Eu registrei um boletim de ocorrência. Essa história toda vai acabar no Congresso Nacional. E como é que eu vou falar mau de quem financia minha campanha? Lá existe tudo quanto é bancada, menos a do povo brasileiro. Quem é financiado, não pode se opor aos seus financiadores. A Assembleia Legislativa gasta dinheiro do contribuinte para levantar esses problemas. O relatório será elaborado e enviado ao Congresso e lá não se respeita nem a lei, imagine relatório de CPI?”, questionou o sindicalista.

A presidente da Associação dos Pequenos Produtores de Manoel Emídio, Vicença Silva afirmou que na sua comunidade não há cobertura, não há sinal.

“Temos que subir em árvore, em cima do morro... para conseguir sinal, até para salvar vidas na nossa comunidade, para pedir socorro. Nós já brigamos com a Anatel. Eles colocaram uma torre e instalaram quatro orelhões, que servem de enfeite. Só funcionam quando a gente vem a Floriano, vai a Teresina para comprar cartão telefônico. Se vocês sofrem aqui na sede de Floriano, nós sofremos muito mais no interior”.

Evaldo é conhecido como “Deputado do Pequi”. Ele também “discursou”. Comparou as operadoras de celular à Eletrobras, com a energia, e à Agespisa. “Todo dia falta energia e a água. Os telefones daqui nenhum presta. Já quebrei pra mais de 20 celular quando perco a paciência com as ligações... São 14 vereadores, mas só estão aqui dois deles. Confio no trabalho da CPI e do deputado Cícero, mas quero dizer que se fosse um vereador, se fosse um deputado, faria como um carrapato, apregava e não largava mais, até ser resolvido o problema. Vamos lutar. Nossa força é nossa luta, quem vai pra luta vence tudo”, ensinou.

Estudante do ensino médio Maicon surpreendeu. “Ninguém nunca ligou para essa questão da telefonia. Quando tem eleição, os vereadores vão para sua casa prometendo mundos para você. Mas onde eles estão agora? Um incêndio na minha casa. A ligação foi bater em Teresina. Falava o nome do bairro, rua. E nada. O que eu faço, como eu faço para ligar para os Bombeiros e a ligação ser atendida?”, indagou.

Respondendo ao questionamento do presidente do Sintsprev, Cícero Magalhães disse que toda essa discussão será debatida durante a elaboração pelo Congresso Nacional do Novo Marco Regulatório da Telecomunicações.

“Pautados na responsabilidade, na decência, estamos inovando, indo aos municípios. Tem no papel, na fita, os depoimentos e as imagens gravadas com o testemunho das pessoas. “Se por acaso nada acontecer, eu vou cobrar dos senhores. E do senhor (Cícero), principalmente”, insistiu o pastor Sal.

“O senhor, pastor, já ouviu a história do beija-flor, que carregava no bico gotas de água para apagar um incêndio na mata. Os outros animais riam do beija-flor, ironizavam, dizendo que ele não iria apagar as chamas... Eu estou fazendo a minha parte. É a mesma coisa, fomos eleitos deputado e temos um compromisso com o nosso mandato e com os eleitores que confiaram em nossas propostas. Recebemos para isso, para trabalhar. Como Piauí, são 18 estados fazendo o mesmo trabalho nesse momento. Com uma diferença, estamos indo aos municípios, ouvir a população das principais cidades. E está dando certo. As grandes redes começaram a falar sobre o assunto. Duas reportagens na Rede Globo, um na Record. No final desse trabalho, vamos ter um dia de sessão solene no Congresso Nacional , com a presenças das operadoras, na Anatel.. vamos dizer para elas que é roubo o que essas operadoras estão fazendo. E para Anatel e para o Congresso: vocês vão ficar calados ou vão mudar essa situação?", concluiu o presidente da CPI.

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