Profissionais de saúde do HUT relatam medo ao atender suspeitos de crimes em Teresina

01/10/2021 08h46


Fonte G1 PI


Imagem: ReproduçãoClique para ampliarSegundo ele, muitas vezes as equipes de atendimento são mal interpretadas pela população, que acredita que criminosos têm ?prioridade? no atendimento nos hospitais. Ele diz que iss(Imagem:Reprodução)

 Profissionais de saúde do Hospital de Urgência de Teresina (HUT) relataram ao g1 uma realidade de medo ao terem que atender pacientes suspeitos de crimes. Na noite dessa quarta-feira (29), um homem foi baleado próximo ao hospital, o que deixou os profissionais ainda mais temerosos pela segurança na unidade de saúde.

Médicos, enfermeiros e técnicos relataram ao g1 que investigados por homicídios ou suspeitos de integrar facções criminosas, por exemplo, muitas vezes são atendidos algemados às macas do hospital, mas os profissionais pedem mais segurança e acompanhamento policial durante esses atendimentos.

“Não é sempre, mas acontece de recebermos pacientes de penitenciárias. Ou só sabemos na hora do atendimento que são bandidos, porque estão baleados, esfaqueados ou depois a polícia vem atrás procurar. Temos medo de [outros criminosos] tentarem entrar pra matar eles ou eles mesmos às vezes quererem fugir. Ou quando entram feridos, integrantes de grupos rivais, que podem querer se enfrentar dentro do hospital. São medos que temos”, relatou um profissional ao g1.

Segundo ele, muitas vezes as equipes de atendimento são mal interpretadas pela população, que acredita que criminosos têm “prioridade” no atendimento nos hospitais. Ele diz que isso é reflexo do medo que os médicos, enfermeiros e outros trabalhadores sentem.

“Não é que a gente privilegie, mas como temos medo, queremos que eles deixem logo o hospital para ir à delegacia ou para onde tiverem que ir para responderem pelo que fez”, contou.

Para garantir a integridade física dos profissionais, muitas vezes os pacientes sob custódia da polícia são atendidos algemados às macas. Mas isso não tranquiliza os trabalhadores.

“Eles podem arrancar as grades das macas onde ficam algemados, pegar uma tesoura, por exemplo, e tentar fazer algo com a gente, pra tentar fugir. Isso já aconteceu. Não é algo frequente, mas temos medo”, relatou.

Médicos relatam que já foi solicitada a instalação de um módulo da polícia militar na unidade de saúde, para garantir a segurança dos profissionais.

"Pedimos parceria com a PM, porque lá não tem um policial, mas até agora nada. Bandidos entram baleados e saem e muitas vezes nem um B.O. é registrado", disse um dos profissionais.

O HUT, por meio de nota, informou que o atendimento nem sempre pode ser feito com acompanhamento da polícia por conta dos riscos de contaminação ou outras restrições própria do ambiente hospitalar. Não houve posicionamento sobre medidas futuras a respeito das reclamações dos profissionais.

Veja a íntegra da nota do HUT:

Segurança no Ambiente Hospitalar - Hospital de Urgência de Teresina (HUT)

Como em geral os pacientes atendidos em situação de emergência não são conhecidos, o manejo de pacientes agitados ou potencialmente agressivos se dá por meio de autoridades policiais ou militares que fazem a segurança do Hospital e são acionados pela equipe assistencial para controlar a situação.

Já pacientes com restrição de liberdade chegam ao Hospital sob custódia de agentes penitenciários da secretaria de justiça ou da policia militar conforme o caso.

Estes profissionais acompanham toda a permanência do paciente durante seu tratamento de saúde, salvo exceções em ambientes restrito devido risco de contaminação por infecções ou por radioatividade e ainda assim permanecem imobilizados por algemas ou outros instrumentos de contenção.