Professora afirma ter sido vítima de machismo institucional na PF do Piauí

08/04/2017 08h23


Fonte Cidadeverde.com

A professora Leila Rachel, da Universidade Federal do Piauí, usou as redes sociais para expor o que chamou de "machismo institucionalizado". Esta semana, ao fazer a solicitação do seu passaporte na sede da Polícia Federal do Piauí, ela foi informada de que precisava apresentar sua certidão de casamento, mas seu marido, não. O site da PF informa que o documento só é necessário para quem alterou seu nome ao casar. Não é o caso de Leila.

"Ao questionar porque foi exigido esse documento de mim e não do meu marido, o que um funcionário informou é que a mulher conquistou muitos direitos, mas não todos, e que era normal que a mulher alterasse seu nome ao casar. Mas eu e meu marido não alteramos nossos nomes ao casar, por questões práticas e ideológicas",
explicou.

Imagem: Wilson FilhoProfessora afirma ter sido vítima de machismo institucional na PF do Piauí.(Imagem:Wilson Filho)

Segundo ela, a certidão de casamento foi exigida logo que ela entregou a documentação exigida para a emissão de passaporte comum, que inclui CPF, RG, título de eleitor, passaporte anterior (caso exista) e comprovante de pagamento da taxa de emissão. Contudo, foi solicitada dela também a certidão de casamento.

No site, esse documento é exigido apenas quando "a pessoa (...) já teve o nome alterado, a qualquer tempo, em razão de casamento, separação ou divórcio". Leila destacou que seu marido conseguiu realizar a solicitação do passaporte e que dele não foi exigida a certidão de casamento.

Ela disse ter se sentido constrangida e vítima do machismo, porque teve um direito negado apenas por ser mulher, já que seu marido realizou o procedimento normalmente.

"A cara que vai sair no meu passaporte tem olhos vermelhos, de indignação, de raiva, de impotência. Esses olhos vão ficar me lembrando desse dia, vão me dar mais força, para que eu não me cale diante dos que julgam que as mulheres têm direitos plenos, que a luta feminista é mi mi mi, que as feministas veem machismo em tudo. Hoje, o machismo olhou bem dentro dos meus olhos, acintosamente, para quem quisesse ver, e vociferou para quem quisesse ouvir", lamentou a professora.

Segundo ela, outros funcionários foram consultados e informaram que o procedimento é sempre esse, de que a mulher apresente a certidão de casamento, independente de mudança de nome. Um supervisor foi consultado e declarou que o que houve foi um "mal entendido" no atendimento do funcionário e que deverá ocorrer, no setor de passaportes, uma reorientação sobre o assunto para evitar novos desentendimentos.

A assessoria de comunicação da Polícia Federal do Piauí foi comunicada e informou que, somente na segunda-feira (10), enviará esclarecimento sobre o ocorrido.