Prefeitura do PI criou mais de 2 mil alunos fantasmas, aponta fiscalização
07/07/2016 11h02Fonte G1 PI
Uma auditoria do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle publicado no fim de junho apontou que mais de dois mil alunos fantasmas foram criados em Caracol, a 605 km de Teresina. Tal fato levou ao recebimento indevido de R$ 3.622.487,94 referentes ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e R$ 118.440,00 do Programa de Educação de Jovens e Adultos (Pnae-EJA), totalizando o montante de R$ 3.740.92.De acordo com o documento, as informações foram dadas ao Censo Escolar 2012. Segundo o relatório, a gestão municipal informou um total de 2.065 estudantes matriculados, enquanto o total de alunos apresentados em diários de classe era 28. Em algumas unidades escolares, o aumento ultrapassou a marca de 90%. Na escola Martins Ferreira dos Santos, a administração do município declarou ao Censo ter 178 alunos, enquanto só haviam efetivamente quatro matriculados, um aumento de 98%.
Imagem: Reprodução
Relatório aponta irregularidades na educação da Prefeitura de Caracol.
Relatório aponta irregularidades na educação da Prefeitura de Caracol.De acordo com dados da Secretaria do Tesouro Nacional, os recursos do Fundeb repassados ao município de Caracol foram de R$ 4,4 milhões em 2012 e mais de R$ 8 milhões em 2013. A variação correspondeu a um aumento de 81,05% entre os dois exercícios, decorrente dos dados inverídicos prestados pela Prefeitura Municipal de Caracol/PI no Censo Escolar 2012 sobre alunos matriculados no Peja.
Na fiscalização, a CGU cobrou do prefeito a apresentação dos diários de classe e as fichas de matrícula para comprovar a quantidade informada, o que demonstrou as irregularidades.
Em resposta a fiscalização no fim do ano passado, o prefeito Nilson Fonseca (PT) alegou que o aumento ocorreu devido à inexperiência da sua equipe que acabara de assumir a prefeitura através de uma eleição suplementar em 2011, sendo ele reeleito em 2012.
"Este fato demonstra que tanto a equipe formada pelo gestor, como ele próprio, não tinham a experiência necessária em determinadas áreas da administração pública, em especial da educação”, alegou.
A versão foi contestada pela equipe de fiscalização, que afirmou que "o gestor não pode tentar eximir-se de sua responsabilidade como administrador do patrimônio público, alegando falta de experiência, tendo em vista que ao administrador público compete zelar pela adequada gestão dos recursos sob sua guarda e que ele cabe a adoção das medidas necessárias para o acompanhamento e fiscalização das ações".
O relatório recomendou a devolução dos recursos repassados indevidamente aos cofres do município de Caracol. Ao G1, o prefeito Nilson Fonseca esclareceu que na época a equipe da prefeitura tinha a informação de que em Caracol havia mais de 2 mil pessoas aptas a participar do programa. Segundo ele, ao invés desse dado ter sido trabalhado como expectativa de matrícula, ele acabou sendo colocado equivocadamente como matrícula.
"Quando a gente se deparou com o aporte financeiro maior, nós fomos direto ao FNDE em Brasília saber como resolver a situação. Questionamos se podíamos devolver o valor, mas nos informaram que não era possível a devolução. Então o próprio FNDE nos orientou a gastar esse dinheiro com a educação e colocar devidamente na prestação de contas. E assim fizemos, de forma que jamais não houve dolo ou má fé", falou.
Segundo ele, o procurador federal responsável pelo caso também foi procurado pela equipe da prefeitura em Brasília para que o erro fosse explicado. Nilson Fonseca finalizou dizendo que recebe com tranquilidade a conclusão do relatório da CGU e que continua pronto para qualquer esclarecimento que as autoridades ainda possam exigir sobre o assunto.
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