Policiais militares suspeitos por roubo de cargas eram quem cometiam os assaltos, diz Greco

30/05/2019 15h19


Fonte G1 PI

O Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) informou que os dois policiais militares presos na manhã desta quinta-feira (30), suspeitos de integrar um grupo especializado em roubo de cargas, seriam os responsáveis por executar os assaltos a caminhões e vans de transportadoras. Dois funcionários de transportadoras também foram presos.

“Os policiais eram quem faziam as abordagens às cargas. Eles se aproveitavam do fato de possuírem as armas de fogo e passarem despercebidos por abordagens policiais. Quando eram abordados em alguma barreira de fiscalização, eles informavam que eram policiais e eram liberados”, explicou o delegado Gustavo Jung, que presidiu a investigação.

De acordo com a investigação do Greco, os policiais recebiam informações vindas de funcionários de transportadoras localizadas em Teresina e em Fortaleza. Por atuarem na etapa mais arriscada do crime, os policiais militares ficavam com até 50% do valor obtido com o repasse das mercadorias roubadas aos receptadores.

Um funcionário de uma transportadora sediada em Fortaleza identificado como Adolfo foi preso pela Polícia Civil do Ceará, na capital cearense, nesta quarta-feira (29), e um funcionário de uma transportadora de Teresina foi preso pelo Greco nesta quinta (30) e identificado como Josué.

Segundo o delegado Gustavo Jung, os suspeitos escolhiam os carregamentos que seriam alvo do crime, a partir de encomendas feitas por receptadores. “Eles já faziam com os receptadores no ponto. Não era interessante para eles ficar guardando essas cargas”, explicou o delegado.

Munidos de informações sobre horários e sobre se os transportes seriam ou não escoltados, os policiais militares cometiam os assaltos. A investigação identificou que cargas de cigarros e de celulares foram as mais procuradas pelo grupo criminoso.

Os assaltos eram cometidos preferencialmente no estado do Maranhão. O grupo teria cometido assaltos nas cidades Santa Inês e Caxias. "Eles buscavam praticar o crime longe do local onde trabalhavam, para não ter a chance de serem reconhecidos", disse o delegado.

Ainda de acordo com o delegado Jung, as investigações continuam. “Vamos investigar para descobrir ainda quem seriam os receptadores”, disse.

O delegado Gustavo Jung explicou ainda que não se considera que os membros da organização criminosa eram fixos, ou seja, que atuassem apenas com aqueles outros envolvidos. “Eles são como nômades, atuam em diversas organizações. Os policiais que atuavam nessa situação específica, sem dúvida alguma, trabalhavam também com outros grupos, que trocavam informações”, disse.

Um dos PMs presos foi identificado como o cabo Wanderley Rodrigues da Silva, lotado no 17º Batalhão da Polícia Militar, no extremo Sul de Teresina. O cabo teria reagido à prisão e ameaçado os agentes da Polícia Civil. O PM é o mesmo envolvido em uma briga com o cantor Saulo Dugado dentro de uma padaria ano passado e no sumiço de parte do dinheiro roubado durante um assalto ao banco do Nordeste, em dezembro de 2017 na capital.

O outro PM preso foi identificado apenas como soldado Bruno, membro da Força Tática que atua na região do bairro Promorar, também na Zona Sul. O policial teria sido preso junto com o próprio pai, também suspeito de envolvimento na organização criminosa.

Investigação começou em 2018

Ao todo, dez pessoas já foram presas suspeitas de participar deste mesmo grupo. A investigação que culminou nas prisões desta quinta-feira (30) iniciaram-se ainda em dezembro de 2018, quando Rafael Macedo Araújo foi preso com mais de 120 televisores roubados na Zona Sul de Teresina.

Em janeiro de 2019, o Greco deflagrou a primeira fase da operação Cargas, em que foram presos Abimael Pereira da Silva, Clemilton Pereira Lima, Wanderlan Ferreira Lima e o policial militar Rafael dos Santos, todos suspeitos de participar do roubo das TVs.

O crime aconteceu na tarde do dia 11 de dezembro de 2018. A investigação do Greco apontou que os suspeitos Abimael Pereira da Silva e o policial militar Rafael Macedo teriam invadido o depósito de uma loja de eletroeletrônicos localizada na Avenida Maranhão, bairro Matinha, Zona Norte de Teresina. Eles renderam vigilantes do local e fugiram com os televisores

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Tópicos: greco, teresina, crime