Piauiense, 1º travesti eleita no paÃs é tema de documentário nacional
19/09/2012 13h18Fonte G1
Imagem: Reprodução / Divulgação
Cena de 'Kátia', que está no 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Cena de 'Kátia', que está no 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.Não deixa de ser curioso o fato de que o primeiro travesti eleito para um cargo político no Brasil nasceu, foi criado e fez carreira em Colônia, cidadezinha com cerca de oito mil habitantes no sertão piauiense. Kátia Tapety, que nasceu José Nogueira Tapety Sobrinho, é a protagonista do documentário “Kátia”, que será exibido nesta quarta-feira (19) na mostra competitiva do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Integrante de uma tradicional família de políticos do Piauí, Kátia foi proibida de sair de casa durante a infância e parte da adolescência. Ela foi a única de nove filhos que não recebeu educação formal e apanhava até quando ia com a mãe para a igreja. Para a diretora Karla Holanda, esse período de reclusão foi fundamental na formação de Kátia.
“Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o respeito, a dignidade que ela conquistou, especialmente vindo de um lugar inesperado, o sertão do Piauí. O mérito todo está na Kátia, no jeito que ela se faz respeitar. Acho que ela conseguiu criar estratégias para sobreviver”, opina Karla.
Com a morte do pai, Kátia se libertou. Ela casou e adotou três filhos, um dos quais morreu há cerca de quatro anos. Em 1992, se candidatou pela primeira vez ao cargo de vereadora. Não só ganhou, como foi a mais bem votada de Colônia do Piauí – feito que repetiu nas eleições de 1996 e de 2000.
Piauiense radicada no Rio de Janeiro, a diretora conheceu Kátia em 2008, por meio de notícias em jornais e na internet, e diz que logo se interessou pela personagem.
De acordo com Karla, o objetivo do filme nunca foi fazer uma biografia de Kátia, mas sim mostrar a força da mulher que antes era homem.
“No início, o que me chamou a atenção foi isso dela ser a primeira travesti eleita para um cargo político, mas isso logo ficou em segundo plano. E percebi que me chamava muito a atenção a forma como ela se fez respeitar (...) Ela tem uma riqueza muito grande e lida com o mundo de uma forma muito dela, muito prática, sem rodeios.”
A diretora afirma que, apesar do estigma de ser a primeira travesti com carreira política do país, Kátia nunca ficou reconhecida por defender apenas projetos voltados para o público LGBT.
Atualmente, Kátia está separada do companheiro com quem viveu por quase 20 anos. Ela, que também já foi vice-prefeita de Colônia do Piauí, não concorre a nenhum cargo nas eleições deste ano, mas vai acompanhar a sessão desta quarta no Festival de Brasília.
“A política para a Kátia não precisa nem de cargo, ela faz política o tempo inteiro. Uma política mais assistencialista, porque as necessidades [ da população de Colônia do Piauí] são tão elementares que podem ser resolvidas com um tipo de ajuda mais simples, como levar uma pessoa ao médico, agendar uma consulta, ajudar um casal a tirar a certidão de nascimento do filho ou questões de transporte, que é muito ruim, falho e caro para população que vive da agricultura no sertão.”
O curta “A cidade”, de Liliana Sulzbach, também será exibido nesta quarta pela mostra competitiva de documentários do festival. A sessão começa às 19h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. O ingresso custa R$ 6, a inteira.
Com entrada gratuita, os filmes serão exibidos simultaneamente no Teatro Newton Rossi, no Sesc de Ceilândia; no Teatro de Sobradinho; no Teatro Paulo Autran, no Sesc Taguatinga e no teatro do Sesc do Gama.
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