Pesquisa e irrigação viabilizam cultivo de uva em áreas do semiárido no PiauÃ
20/07/2025 16h52Fonte Cidadeverde.com
Imagem: Maria Catiany / FAPEPI
Pesquisa e irrigação viabilizam cultivo de uva em áreas do semiárido no Piauí

O cultivo de uva vem ganhando espaço em municípios do semiárido piauiense com o apoio de tecnologia, irrigação e pesquisa pública. Com solo pedregoso e clima seco, regiões historicamente desafiadoras para a agricultura agora abrigam parreirais produtivos, graças ao projeto Profruti – Circuito da Uva, coordenado por pesquisadores com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (FAPEPI).
Implantado em áreas irrigadas de Pedro Laurentino e São João do Piauí, o projeto aposta na diversificação da matriz produtiva como forma de gerar renda, emprego e estimular a permanência da juventude no campo. Em visita técnica realizada entre os dias 8 e 10 de julho, representantes da FAPEPI acompanharam de perto os resultados obtidos.
“Estamos observando, na prática, como a pesquisa aplicada pode transformar a vida das pessoas. O que antes era uma experiência isolada hoje é um sistema produtivo em consolidação”, afirmou o presidente da FAPEPI, João Xavier.
No município de Pedro Laurentino, o agricultor Hosternes Rodrigues cultiva uvas em 0,2 hectare e afirma que o maior desafio tem sido a irrigação, mas que os resultados compensam. “A uva pegou bem aqui. Com orientação certa, podemos ser referência no cultivo no Nordeste. Agora a produção está vindo e tem comprador interessado”, conta o produtor, que veio de Pernambuco.
Já em São João do Piauí, a produtora Lurdinha Pereira se tornou uma das principais referências do cultivo. “Hoje a gente fala de uva, mas está falando também de autoestima, de oportunidades. Tem jovem que estava indo embora e agora quer aprender a plantar, cuidar, vender”, relatou.
O projeto utiliza variedades desenvolvidas pela Embrapa Uva e Vinho, como BRS Vitória, Isis, Melodia e Núbia, criadas especificamente para climas tropicais. A pesquisadora Patrícia Ritschel, que coordena o programa nacional de melhoramento genético, destaca a viabilidade do modelo adotado. “Ver essas cultivares prosperando no semiárido reforça o potencial da fruticultura como vetor de desenvolvimento regional”.
Outro parceiro da iniciativa é a Embrapa Meio-Norte. O pesquisador Eugênio Emérito enfatiza que a articulação entre ciência, governo e produtores tem sido decisiva para os bons resultados. "O modelo está em construção, mas já oferece sinais concretos de sustentabilidade econômica, social e ambiental”.
A expectativa é que o Circuito da Uva se expanda para outros municípios, com distribuição de mudas adaptadas, capacitações e intercâmbios com produtores de outras regiões. Com tecnologias simples, como irrigação por gotejamento, algumas áreas já conseguem produzir duas safras por ano, abrindo novas perspectivas para o desenvolvimento do sertão.
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