Núcleo reúne pesquisadores para melhorar saúde pública no Piauí

04/03/2023 09h36


Fonte meionorte.com

Imagem: Raissa MoraisClique para ampliarCarlos Henrique Nery pesquisa sobre a leishmaniose.(Imagem:Raissa Morais)Carlos Henrique Nery pesquisa sobre a leishmaniose.

A pesquisa e a ciência são importantes armas contra problemas de saúde pública. A importância de valorizar pesquisadores e cientistas, que atuam na busca de curas e melhores tratamentos, é necessária não apenas para prevenir novas epidemias, mas também para preparar a humanidade para possíveis agravos que já existem. Neste contexto, surge o CIATEN.

O chamado Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados, com sede em Teresina, no momento em um anexo do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela, foi idealizado ao longo de vários anos neste sentido. O espaço já está constituído em atividades e os pesquisadores contam com colaborações internacionais, como a Universidade de York, no Reino Unido, e a Universidade de Teerã, no Irã. 

A Universidade Federal do Piauí (UFPI), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) são importantes parceiros do Centro. A organização é aberta e está disponível para a comunidade científica de todo o Piauí.

Carlos Henrique Nery, médico e coordenador geral do Centro, explica que a ideia surgiu a partir de uma emergência de saúde pública. "No caso, uma suspeita de febre amarela em Luís Correia, no Carnaval de 2017. Isso levou a Sesapi a uma certa dificuldade, então nós pensamos em criar um órgão pensante, um centro de inteligência", revela.

O médico e pesquisador, com doutorado em Saúde Pública Tropical pela Universidade de Harvard, é professor titular da UFPI e médico do Instituto.

"Com escopo limitado, doenças tropicais, o que envolve a grande maioria da pobreza do mundo. Com exceção do Centro da Ásia, essa região é pobre. Tem em comum o clima e a pobreza, que dá espaço para doenças negligenciadas, como a hanseníase, tuberculose, calazar, doença de chagas, leishmaniose e outras. Além disso, doenças de emergências", aponta.

CIATEN pensa a saúde pública com evidências científicas

O CIATEN trabalha para organizar e sugerir medidas de saúde pública baseada em evidências científicas. "É uma abordagem moderna. Ela procura oferecer sugestões de políticas públicas baseadas em conhecimento. Então estimulamos a fazer pesquisa nessas áreas, além de prospecção de conhecimentos sobre determinado assunto elencados como prioridades. Fazemos cursos, palestras e participamos da elaboração de produtos biotecnológicos", explica.

O CIATEN é dividido em quatro núcleos temáticos. O primeiro núcleo é subdivido em dois, que é o de doenças negligenciadas.O primeiro lida com aquelas com transmissão direta de uma pessoa para outra, como a tuberculose e a hanseníase. Já o segundo é de doenças transmitidas por insetos vetores, como a doença de chagas, com o barbeiro. O terceiro grupo é o de doenças emergentes. "Zika, dengue, febre do Leste do Nilo, chikungunya. A gente tem que aprender como lidar com elas. A Covid é um desses exemplos e outras virão", analisa Carlos Henrique Nery. 

Por fim, tem o núcleo de doenças emergentes e não infecciosas, como a violência e os acidentes de trânsito. "Representam um custo imenso para os cofres públicos. A gente procura estudar e entender, sendo parceiros do Estado para amenizar esses problemas", acrescenta o médico e professor universitário.

Os pesquisadores que fazem parte do CIATEN estão divididos em várias missões de sáude pública, dentro da área de cada um.

"Minha vida, por exemplo, é dedicada ao estudo da leishmaniose. Fazemos vários estudos e pesquisas, com revisões sistemáticas da literatura, fazendo mapas de evidências científicas para determinados assuntos. Queremos tirar o que se sabe, colocar na mesa e propor políticas públicas", finaliza.