Menina de 11 anos vÃtima de estupro e grávida pela 2ª vez, queria abortar e voltar à escola
13/09/2022 09h16
Imagem: Lucas Marreiros/g1
II Conselho Tutelar de Teresina, no Bairro Dirceu Arcoverde, Zona Sudeste da capital.
II Conselho Tutelar de Teresina, no Bairro Dirceu Arcoverde, Zona Sudeste da capital.A menina de 11 anos, vítima de estupro e grávida pela segunda vez, sinalizou que queria interromper a gravidez e voltar a estudar, afirmou a conselheira tutelar Renata Bezerra ao g1, nesta segunda-feira (12). Ainda segundo a profissional, a garota deixou de ir à escola desde os 10 anos, quando descobriu a primeira gestação, e sonhava em retornar à sala de aula.
Renata Bezerra acompanhou a primeira gestação da menina. Na ocasião, ela afirmou que decisão de não abortar partiu da própria vítima. Contudo, desta vez, a conselheira disse que a garota não queria continuar com a gestação.
“Nessa situação, ela deu o sinal de que queria [o aborto], mas quando chegou em casa, que a mãe bateu o pé que não, ela ficou calada, não disse mais nem que sim nem que não”, afirmou Renata Bezerra.
A conselheira disse que o pai da vítima havia concordado com a realização do aborto, mas seria necessária a assinatura da mãe para realização do procedimento. O Conselho Tutelar aguarda agora um parecer do Ministério Público sobre a situação.
Imagem: Lucas Marreiros/g1
Conselheiros tutelares Renata Bezerra e Ivan Cabral com a gerente de Direitos Humanos em exercício da Semcaspi, Talita Damas.
Conselheiros tutelares Renata Bezerra e Ivan Cabral com a gerente de Direitos Humanos em exercício da Semcaspi, Talita Damas. "Tudo é judicializado. Não sabemos como eles vão opinar. Enquanto isso, nossa preocupação é que ela e o filho fiquem em um abrigo", informou Renata.
A profissinal relatou que, antes de descobrir a nova gravidez, a menina estava se preparando para voltar à escola. "Ela estava sonhando em retornar para a sala de aula e recebeu essa notícia de estar grávida novamente. Ela estava fazendo planos para estudar, trabalhar e criar seu primeiro filho", contou.
Rede de proteção será investigada
Imagem: Catarina Costa /g1
Delegada Lucivânia Vidal
Delegada Lucivânia Vidal A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) informou que a rede de proteção que atendeu a menina será também alvo de investigação para apurar alguma possível negligência por parte da família e/ou dos órgãos que acompanhavam a garota desde a primeira gravidez.
Ao g1, a delegada Lucivânia Vidal, informou que a segunda violência sexual é "a prova de que ela continuava vulnerável".
Para isso, serão ouvidos, além dos familiares, pessoas que integram a rede de proteção à menina - como conselheiros tutelares, psicólogos e agentes da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi).
Violência sexual e gravidez duas vezes
A segunda gestação da menina foi descoberta na sexta-feira (9), quando ela estava acolhida em um abrigo pelo Conselho Tutelar, que registrou um boletim de ocorrência.
O g1 conversou com o pai da menina, que informou que a filha não contou quem teria cometido o segundo estupro, que provocou a gravidez atual. Foi apontado um suspeito pelo crime, mas a polícia ainda investiga qual a proximidade do homem com a família e com a vítima.
A criança engravidou pela primeira vez ainda em 2021, há um ano e oito meses, vítima de estupro. O pai da vítima informou que a primeira gestação, que aconteceu em 2021, foi levada até o fim, por opção da família.
De acordo com o Conselho Tutelar, o estupro que provocou a segunda gravidez da menina teria acontecido entre junho de 2022. Há cerca de um mês, em agosto, o pai dela teria pedido ao Conselho Tutelar para que ela fosse levada para um abrigo, junto com o filho, alegando que a menina tinha mau comportamento.
Durante a estadia no abrigo, a menina teria demonstrado um comportamento diferente, o que levantou a suspeita dos conselheiros. Eles então decidiram levar a menina para fazer exames.
“Já acolhida no abrigo, perceberam um comportamento diferente e a levaram para a maternidade. Foram feitos alguns exames de rotina, para poder permanecer no abrigo, e foi solicitado que ela fizesse o Beta HCG [exame de gravidez]. O teste deu positivo, indicando que ela estaria com uma gestação de 10 semanas e 1 dia”, relatou a conselheira tutelar Renata Bezerra.
Logo após descobrir a gravidez da menina, na sexta-feira (9), os conselheiros a levaram ela de volta para a casa do pai, e aconselharam que eles buscassem a interrupção da gravidez da menina, que é permitida pela Justiça em casos de crimes de estupro. A família então decidiu manter a segunda gravidez da menina.
Estupro de vulnerável e aborto
O crime de estupro de vulnerável está previsto no no artigo 217-A do Código Penal brasileiro. Considera-se estupro presumido nos casos de vítimas menores de 14 anos, independentemente de consentimento para o ato sexual ou conduta libidinosa.
A legislação prevê pena de 8 a 15 anos de prisão para quem praticar sexo com menores de 14 anos. Além disso, em casos de estupro, o artigo 128 do Código Penal autoriza a interrupção da gravidez legalmente.
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