Mãe e filha eram fiscais de concurso e fotografavam provas, diz polícia

18/11/2016 07h42


Fonte G1 PI

Imagem: Divulgação/SSP-PIOperação Vgiles tem 36 mandados de prisão.(Imagem:Divulgação/SSP-PI)Operação Vgiles tem 36 mandados de prisão.

Duas fiscais, mãe e filha, do concurso do Corpo de Bombeiros do Piauí, realizado em 2014, foram presas na Operação Vigiles. A informação foi confirmada pelo secretário de segurança em entrevista coletiva nesta quinta-feira (17). Já foram efetuadas 27 prisões e 9 pessoas estão foragidas Os demais envolvidos, de acordo com o Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), devem se apresentar ainda hoje.

Segundo informou o secretário de estado de segurança pública do Piauí, Fábio Abreu, as duas integravam a quadrilha e tiveram acesso às provas momentos antes de serem aplicadas. Elas eram responsáveis por fotografar a prova, enviar a um piloto pré-determinado que respondia às questões e repassava o gabarito aos demais membros da quadrilha.

“Elas tiveram acesso às provas minutos antes da aplicação, logo na abertura do pacote de provas. Dali elas faziam as fotografias e se comunicava com os demais, como já se fazia em outros tipos de fraude”,
explicou o secretário Fábio Abreu.

A quadrilha tinha candidatos-pilotos, que respondiam as provas e repassavam aos demais. A comunicação era feita através de chips de aparelhos celulares que eram usados somente no dia da aplicação da prova. Após o exame e envio do gabarito aos membros da quadrilha, o chip era destruído.

Advogado se envolve em terceira fraude

Um dos presos na operação foi um advogado. De acordo com a polícia, ele pode ser um dos responsáveis por coordenar os trabalhos da quadrilha. Ele também é suspeito de atuar em fraudes de outros dois concursos: o do Tribunal de Justiça do Piauí, em 2015; e de agentes penitenciários, realizado em setembro deste ano.

"Ele é um dos principais coordenadores do grupo. Ele já fraudou outros concursos como o Tribunal de Justiça e de agentes penitenciários. Identificamos a participação dele no concurso do Corpo de Bombeiros, no qual foi aberto um novo inquérito e solicitada a prisão",
disse o secretário de estado da segurança, Fábio Abreu.

Pelo menos seis dos envolvidos no esquema também participaram de fraudes no concurso do TJ-PI realizado em 2015. Estes estão foragidos e, de acordo com o delegado Carlos César Camelo, devem se apresentar à polícia. O Greco informou que uma mulher também teria participado do esquema que fraudou o concurso para agente penitenciário.

“As equipes continuam fazendo as diligências. Alguns mandados faltam ser cumpridos, mas acreditamos que até o final do dia outros suspeitos devem se apresentar à polícia com seus respectivos advogados. Eles preferem se apresentar a ter que ficarem foragidos”,
destacou o delegado Carlos César.

Boa parte dos suspeitos devem ser ouvidos ainda hoje na sede da Academia de Polícia (Acadepol), onde cinco delegados fazem as oitivas. Na Delegacia Geral, seis delegados ouvem as 35 pessoas conduzidas coercitivamente.

Curso de formação é cancelado
O Corpo de Bombeiros do Piauí decidiu suspender o curso de formação dos aprovados no concurso público realizado em 2014, alvo da Operação Vigiles. De acordo com o Major Egídio Leite, relações públicas do Corpo de Bombeiros, dos 27 presos, 19 estavam nesta etapa.

Além das prisões em Teresina, também foi registrada na manhã desta quinta-feira uma condução coercitiva na cidade de Parnaíba. Uma mulher foi levada para depor e teve o celular apreendido. Ela foi liberada após prestar depoimento à polícia.

A operação consiste em 36 mandados de prisões, 35 mandados de condução coercitiva e 71 de busca e apreensão expedidos pelo juiz Dr. Luís de Moura Correia, titular da Central de Inquéritos Policiais de Teresina.

Candidatos barraram segurança

Procurado pelo G1, o Núcleo de Concursos e Promoção de Eventos da Universidade Estadual do Piauí (Nucepe) informou que acompanha as investigações através da imprensa e que só deve se manifestar após encerrada a operação.

“Ainda é necessário aguardar o desenrolar das investigações para saber como os candidatos envolvidos na quadrilha conseguiram driblar o esquema de segurança implantado pelo Nucepe e conseguiram entrar com celular nos locais de aplicação das provas”,
disse o presidente do núcleo, Jorge Martins.