Lei que proíbe uso de redes de arrasto provoca mudanças na pesca do litoral piauiense

29/01/2023 10h46


Fonte ClubeNews

Após a aplicação da lei que proíbe a pesca com redes de arrasto, as entidades de proteção ambiental do estado do Piauí buscam alternativas para proteger os animais marinhos e garantir o sustento dos pescadores da região.

Em entrevista ao Bom dia Piauí, na Rede Clube, o Chefe da base APA(organização governamental do delta do Parnaíba), Adriano Damato, informou que a criação da lei foi uma demanda dos próprios pescadores que reclamavam dessa prática agressiva ao meio ambiente.

”Essa norma que proibiu a zangaria e a rede de arrasto foi uma demanda dos pescadores. A grande maioria dos pescadores sempre reclamou dessa prática agressiva ao meio ambiente. Você tem uma tonelada de peixe sendo pescada em cada lança e numa temporada de lua nova ou lua cheia, o pescador faz de quatro a cinco lanças, então você imagina vários pescadores fazendo lance de cinco toneladas de peixe por período, é uma realmente quantidade muito grande’’, explicou.
Imagem: Reprodução/TV ClubeAdriano Damato, Chefe da base APA.(Imagem:Reprodução/TV Clube)Adriano Damato, Chefe da base APA.

Adriano também ressaltou que o Projeto de Lei foi criado em 2020 pelo plano de manejo da APA Delta, e que as entidades ambientais estão em conjunto com o Governo do Estado trabalhando em soluções menos agressivas ao meio ambiente e sustentáveis para os pescadores.

“A regra começou a ser aplicada dois anos depois da sua publicação, então teve um prazo de dois anos para os pescadores poderem correr atrás de uma alternativa. E também o ICMbio tem buscado soluções com o Governo de Estado e a Codevasf. Nós estamos trabalhando com redes de tanque, que são menos agressivas, e são produções de peixe artificiais para tentar levar uma prática mais sustentável para esses pescadores”.

Período de defeso do caranguejo-uçá

Outra novidade implementada pelo plano de manejo da APA Delta 2020, foi a proibição da caça e venda do caranguejo-uçá durante o período de defeso, ou seja, o período reprodutivo desses animais que consiste entre os meses de janeiro e março.

“Publicado em 2020, quem tem o caranguejo estocado e está dentro da APA, a região da orla de Luís Correia e de Parnaíba não vai poder vender. Então quem já tem a carne congelada e não tá vendendo, a fiscalização vai aceitar. Mas a ideia é de que nos próximos anos a pessoa se programe para nem ter estocado dentro da APA, até para incentivar as pessoas a preservar a espécie, e quem ta fora da região da APA, se ela já tiver estocado, ela vai poder vender por aqui, agora se a pessoa tiver com o caranguejo vivo, a fiscalização vai entender que realmente foi pego fora da época legal”, afirmou o chefe da APA.

O período reprodutivo da espécie Ucides cordatus, o caranguejo-uçá, é conhecido como “andada”. Os caranguejos saem de suas galerias (tocas) e andam pelo manguezal para acasalamento e liberação de ovos.


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