Julgamento de ex-deputado do "crime da motosserra" é suspenso no Piauí
13/11/2019 15h03Fonte G1 PI
Imagem: Maria Romero/G1
Julgamento ocorre no Fórum de Parnaguá, distante 823 km ao Sul de Teresina.
Julgamento ocorre no Fórum de Parnaguá, distante 823 km ao Sul de Teresina.Teve início às 9h15 desta terça-feira (13) no Fórum de Parnaguá, distante 823 km ao Sul de Teresina, julgamento do ex-deputado federal Hidelbrando Pascoal Nogueira Neto e de Raimundo Alves de Oliveira pelo sequestro e pela morte de José Hugo Alves Júnior, em 1997. A audiência aconteceu por videoconferência, já que os dois réus encontram-se no Acre.
O ex-deputado e ex-comandante da Polícia Militar do Acre, Hildebrando Pascoal, participou da audiência por videoconferência do Fórum Criminal em Rio Branco. Logo no começo da audiência, a defesa de Hidelbrando Pascoal no Piauí solicitou a suspensão do julgamento alegando que não teve tempo hábil pra analisar o processo.
Imagem: Leandro Milú
Juiz diz que videoconferência é um recurso para reduzir custo.
Juiz diz que videoconferência é um recurso para reduzir custo.O advogado Valdir Perazzo havia feito a solicitação antes mesmo da marcação do Tribunal do Júri. Ainda nos autos, o juiz José Sodré recusou o pedido. O magistrado disse que iria consultar o Ministério Público (MP), que solicitou as datas de envio dos autos e deu parecer favorável ao pedido da defesa.
Seguindo o parecer do MP, o juiz José Sodré concordou em suspender o julgamento de Hildebrando Pascoal e marcou uma nova audiência para 9 de maio de 2020.
Julgamento de Raimundo Oliveira
Imagem: Maria Romero/G1
Após a suspensão do julgamento do ex-deputado Hidelbrando Pascoal foi mantido o de Raimundo Oliveira.
Após a suspensão do julgamento do ex-deputado Hidelbrando Pascoal foi mantido o de Raimundo Oliveira.Após a suspensão, o MP pediu que fosse mantida a sessão de julgamento de Raimundo Oliveira, afirmando que os advogados do réu tiveram tempo suficiente para elaborar a defesa. O promotor Rômulo Cordão, disse ainda que a sessão deveria ser mantida por questão de razoabilidade e economia.
O advogado Edson Luiz Guerra se manifestou dizendo que não cria dificuldades e não pede a anulação para "procrastinar" o processo, mas que a denuncia aponta a participação de outras pessoas na prática dos crimes e que a tese de defesa será prejudicada sem o julgamento de Hidelbrando.
Em seguida, a defesa de Hidelbrando também manifestou pela suspensão do julgamento de Raimundo Oliveira. Em resposta, o juiz disse que o processo se arrasta por longos 22 anos em razão da prerrogativa de função de alguns dos acusados e que não vê prejuízo na manutenção da sessão.
Sobre o argumento da participação de outras pessoas, o magistrado afirmou que a sessão desta quarta julgaria apenas dois acusados e citou o exemplo do coronel Baltazar Rodrigues, para o qual há recurso pendente. Acolher a tese da defesa, segundo o juiz, seria reconhecer a impossibilidade de julgar processos separados. E determinou o prosseguimento do julgamento de Raimundo Oliveira.
O caso
Imagem: Gleyciano Rodrigues/ Arquivo pessoal
Hildebrando Pascoal deve voltar para a prisão domiciliar, em Rio Branco.
Hildebrando Pascoal deve voltar para a prisão domiciliar, em Rio Branco.Os dois réus são acusados do sequestro e homicídio qualificado de José Hugo, o Huguinho, além do sequestro e prisão ilegal de outras duas pessoas. Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público ainda em 2001, Hidelbrando seria coronel da PM do Acre e, posteriormente, deputado federal pelo mesmo estado.
O crime aconteceu em 1997. O homicídio teria sido motivado porque José Hugo e Agilson Firmino teriam matado o irmão de Hidelbrando, o subtenente da PM do Acre, Itamar Pascoal, em junho de 1996.
Motivado por vingança, segundo a denúncia do MP, o próprio Hidelbrando teria matado Agilson Firmino a golpes de motosserra, dias após o crime, ainda no Acre. O crime ficou, então, popularmente conhecido como "crime da motosserra".
No intuito de localizar José Hugo, Hidelbrando teria espalhado cartazes oferecendo recompensa de R$ 50 mil pelo acusado. Autoridades do Piauí, segundo o MP, incluindo um juiz e dois policiais militares, teriam indicado o paradeiro e ajudado na localização e sequestro da vítima.
Imagem: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Hildebrando Pascoal durante julgamento em 2009, em Rio Branco.
Hildebrando Pascoal durante julgamento em 2009, em Rio Branco.Hidelbrando e Raimundo teriam partido do Acre até Parnaguá, onde estava José Hugo. A denúncia do MP indica que ele foi levado em um carro até a Bahia, onde foi torturado e morto. A denúncia diz ainda que o próprio ex-deputado matou José Hugo com uma facada no pescoço.
Os outros três denunciados à época, não serão julgados nesta quarta-feira (13). O juiz Osório Bastos, um dos denunciados, faleceu vítima de um infarto em 2013. O então capitão da PM-PI, Baltazar Rodrigues, recorreu da pronúncia e o recurso está pendente. O terceiro denunciado não foi pronunciado ao Tribunal do Júri.
Hidelbrando e Raimundo hoje cumprem pena no Acre por outros crimes. Hidelbrando em prisão domiciliar por questões de saúde e Raimundo em um presídio.












