Estudante é conduzido para Polícia Federal por desenhar em banco de universidade federal no Piauí

26/08/2022 08h56


Fonte G1 PI

Imagem: ReproduçãoBanco de cimento pintado por estudante da UFDPar, em Parnaíba, litoral do Piauí.(Imagem:Reprodução)Banco de cimento pintado por estudante da UFDPar, em Parnaíba, litoral do Piauí.

Um estudante foi conduzido à Delegacia da Polícia Federal, na manhã desta quinta-feira (25), por desenhar em um banco da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), no Litoral do Piauí. Alunos do campus protestaram contra abordagem e alegaram que a atitude dos seguranças foi desproporcional.

O g1 entrou em contato com a assessoria da UFDPar, que alegou em nota que a divisão de Segurança cumpriu protocolo de apuração com vídeo monitoramento, após testemunha presencial do ato, o que teria levado à identificação de um aluno como autor dos desenhos. Além disso, apontou o estudante como possível praticante de outras pichações realizadas em outros espaços que passaram por reforma e manutenção. Leia a nota na íntegra no final da matéria.

O ato provocou revolta de outros alunos, que se manifestaram contra a condução do estudante no Auditório Central da universidade.
Imagem: Reprodução Policiais abordam estudante da UFDPar em sala de aula por desenhar em banco. (Imagem:Reprodução) Policiais abordam estudante da UFDPar em sala de aula por desenhar em banco.

Vídeos divulgados mostram o momento da abordagem. Em um deles, os oficiais tentaram impedir que os presentes filmassem o ato dentro das dependências da universidade. "Vai me agredir?", questionou um estudante que filmava a ação.

Segundo o professor de psicologia João Paulo Macedo, o chefe da segurança da universidade, acompanhado de dois seguranças armados e uma guarnição com três policiais militares, interrompeu sua aula e solicitou que o estudante fosse liberado para ser acompanhado pela polícia.

“Perguntei o que estava acontecendo, por ser incomum de ter polícia dentro da universidade atrás de aluno, inclusive interferindo no momento de aula. O chefe disse que o aluno havia cometido uma infração e deveria ser conduzido para investigação. Eu me recusei a liberar o aluno, mas ele insistiu. Até que decidi liberar a turma e acompanhar o aluno até a reitoria para tentar conduzir a situação de outra forma. Ele estava sendo acusado de realizar grafitagem ou pichação de um banco de cimento”, relatou.

O professor contou que, ao chegar à reitoria, somente o chefe da segurança entrou para falar com o reitor e teria retornado com a ordem de conduzir o estudante à delegacia na viatura da polícia para ser autuado em flagrante.

“Eu disse que não aceitaria aquilo dentro do campus e poderíamos levá-lo para ser ouvido na delegacia, mas acompanhado por mim e por um advogado, ainda que fôssemos escoltados por eles. E assim foi feito”, acrescentou.

De acordo com João Paulo Macedo, eles foram informados na Central de Flagrantes que o caso deveria ser conduzido à Polícia Federal por se tratar de uma instituição federal.

“Na PF, ele foi ouvido, a denúncia foi feita e o estudante foi autuado por crime ambiental. Vai responder processo, assinou um termo circunstanciado de ocorrência e foi liberado”,
contou.

Em nota, a Polícia Federal informou que, por se tratar de crime considerado de menor potencial ofensivo, foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência e o estudante responderá a processo em liberdade. Leia a nota da íntegra no final da reportagem.

Após a liberação, professor e aluno retornaram ao campus, onde estava ocorrendo protesto do movimento estudantil criticando a ação e apontando autoritarismo. O docente defendeu que a situação poderia ter sido resolvida de forma administrativa dentro do âmbito da universidade.

Outra gravação publicada pelo Centro Acadêmico de Psicologia na página do Instagram mostra o estudante alegando que o desenho seria um ato de carinho e não de depredação ou vandalismo.

"Qualquer pessoa pode voltar lá e sentar no banco, ele está até mais bonito",
disse o estudante.

Nota da UFDPar

Na manhã desta quinta-feira (25/08) após avistamento de um novo ato de pichação em um equipamento público pela equipe de agentes de segurança da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) sem autorização prévia pelo setor responsável, prática que constitui infração penal por crime ambiental, previsto no Art. 65 da lei federal nº 9605/98, a divisão de Segurança cumprindo o protocolo de apuração por meio de captura de imagem por vídeo monitoramento, após testemunha presencial do ato levando a identificação imediata de um aluno como autor da infração, e também como possível praticante de outras pichações realizadas recentemente em outros espaços que passaram por reforma e manutenção.

Diante do flagrante delito, a polícia militar foi acionada e acompanhou o aluno à sede da delegacia da Polícia Federal de Parnaíba, por se tratar de um bem público de autarquia federal. Na ocasião foram colhidos depoimentos das testemunhas e dos agentes públicos, além da confissão expressa pelo autor do fato com a entrega dos elementos probatórios ao delegado de polícia, sendo liberado após a assinatura de um termo circunstanciado de ocorrência.

A instituição reafirma ainda que qualquer ato que lese o patrimônio público será avaliado e que apoia as práticas de expressões artísticas e culturais, assim como dispõe de espaços no campus para essas práticas mediante autorização prévia do setor responsável, e que repudia qualquer prática abusiva e racista de seus servidores.

Parnaíba, 25 de outubro de 2022.


Nota da Polícia Federal

A Polícia Federal informa que, na manhã desta quinta-feira (25/08), um aluno da Universidade Federal Delta do Parnaíba - UFDPar, foi conduzido pela Polícia Militar e por agentes de segurança da instituição de ensino para a Delegacia da Polícia Federal em Parnaíba/PI acusado de pichar as dependências da Universidade.

Por se tratar de crime considerado de menor potencial ofensivo (art. 65 da Lei 9.605/98), foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência e o infrator responderá a processo em liberdade aguardando sentença da Justiça Criminal.


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Tópicos: delegacia, aluno, ufdpar