Enterro no Piauí pode custar mais de R$ 10 mil e setor oferece luxo e comodidades

02/11/2018 12h00


Fonte CidadeVerde.com

Quanto custa morrer no Piauí? A pergunta pode soar estranha, mas em 2018 morrer pode se tornar bem caro para os bolsos do piauiense. Um levantamento que revela que serviços que vão do simples jazigo até a cremação podem ultrapassar os 10 mil reais. Atualmente Teresina possui 12 cemitérios públicos e três particulares, e mesmo com a proposta de surgimento de mais cemitérios e vagas, sempre serão necessários mais espaços para esse setor que apesar das crises, só cresce em todo o país.

Segundo o último dado divulgado pelo IBGE, somente em 2017 foram registrados 17.669 óbitos, um aumento de 3,62% em relação a 2016 e acima da média do que foi verificado para o país.

No Brasil, o custo médio de um enterro é de R$ 2,5 mil, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif). No Piauí esse valor pode variar dependendo das preferências do falecido e da sua família. No setor público há diversas formas e custos diferentes para enterrar um ente querido. Elas vão desde projetos de assistência social do Governo até os cemitérios considerados pela prefeitura como Classe A.

De acordo com Renato Lopes, Gerente de Serviços Urbanos da SDU Leste, além dos custos com jazigos e gavetas, as famílias podem adquirir a perpetuidade dos seus espaços. "Atualmente há várias especificidades nos cemitérios públicos pois há cemitérios considerados tipo A, B e C na prefeitura. Em um cemitério tipo A, por exemplo, o valor das taxas chega a R$ 118 e a construção da gaveta, que pode ser contratada por fora pela família, pode custar até R$ 700", explica o gerente.

Imagem: CidadeVerde.comEnterro no Piauí pode custar mais de R$ 10 mil e setor oferece luxo e comodidades.(Imagem:CidadeVerde.com)

Etapas e taxas para um enterro na capital

Ao receber o atestado de óbito, a família deve procurar o Plantão Funerário. O serviço público produz documentação e encaminha o finado para o cemitério mais próximo de seu local de residência. Segundo Renato, atualmente a prefeitura conduz os falecidos para cemitérios por critério de proximidade e vagas.

Em seguida é cobrada uma taxa para abertura de gaveta e também o registro nos livros, a exemplo dos cartórios, com a localização do túmulo. Após realizado o enterro, a família tem até cinco anos para solicitar a perpetuidade do seu jazigo, que é o direito sobre o terreno no qual estão enterrados seus familiares. De posse da perpetuidade a família pode realizar obras de construção de capelas ou gavetas baseadas em contratos com profissionais autônomos. O preço médio para a construção de uma gaveta simples é de R$ 700 mas pode variar dependendo da quantidades de espaços a família deseje. O preço médio para garantir a perpetuidade varia de R$ 168 em um cemitério do tipo C a R$ 392 em um cemitério tipo A.

A construção da gaveta não é obrigatória para o enterro comum, e ele pode ser realizado gratuitamente pelos funcionários do próprio cemitério, é uma opção da família. Atualmente não há taxa de manutenção para as famílias de falecidos enterrados em cemitérios públicos de Teresina. Mas segundo Renato, a prefeitura já estuda uma cobrança anual para todos os túmulos de Teresina.

"Estamos realizando um recadastramento de todos os túmulos da capital. É um trabalho dificultoso e requer bastante comunicação já que há túmulos muito antigos dos quais não encontramos proprietários, por diversos motivos, alguns não vivem mais em Teresina, outros estão sem identificação”, explica o gerente.

Gratuidade

O Governo do Estado oferece um serviço de urna funerária gratuita para famílias carentes. O serviço é oferecido pela SEMTCAS e atende pessoas que estão no Cadastro Único e podem receber benefícios oferecidos pela Assistência Social do Governo. A renda per capita da família não pode ultrapassar 1/4 de salário mínimo e pessoas dadas como indigentes (cujas famílias não reivindicam os finados) também são inclusas neste benefício que inclui o jazigo e a urna funerária.

Luxo e comodidades

Do outro lado da moeda estão os cemitérios da rede particular de Teresina. Luxo para os que se vão, e conforto para os que ficam estão entre os serviços oferecidos pelas empresas do setor. O cemitério Parque Jardim da Ressureição, na zona Sudeste da capital se destaca no ramo como o primeiro cemitério neste modelo da capital e segundo do Brasil. Fundado em 1977, ele tem entre suas diferenças uma vasta área verde e lápides seguindo quase todas um mesmo padrão com imagens sóbrias e sem grandes construções que impeçam a visão do parque.

“Nosso cliente tem a disposição uma gama de serviços que vão de acordo com as suas necessidades. Aqui por exemplo já realizamos enterro a 1h da manhã. Este tipo de serviço não é comum mas jamais são questionados os motivos do cliente. Claro que os custos são maiores e precisamos de todo um esquema especial para garantir os serviços, mas a partir do momento em que a família tem suas preferências, nós podemos realiza-las”, explica a gerente executiva, Maria Dasdores Pereira.

Atualmente o jazigo simples, tarifa mais barata do cemitério parque custa R$ 4600 para uma pessoa. O que não impede que cinco anos após o enterro, a família possa pedir a exumação do finado para a construção de mais um espaço no mesmo jazigo. Tudo negociado pela própria administração do cemitério.

O jazigo mais caro do local, no setor “Jambo”, como é chamado pela gerente custa R$ 9800. “O que justifica o preço mais caro é a quantidade de espaços comprometidos para a construção de novas quadras, por conta das árvores. As raízes crescem, ocupam espaços de pelo menos duas fileiras de jazigos, o que compromete nossos espaços. Porém a área privilegiada tem sombra para os visitantes que sempre procuram o local para fazer suas orações e prestarem suas homenagens”, completa a gerente.

E foi pensando nesse visitante que o cemitério construiu diversos espaços que vão desde a capela, com uma iluminação especial com direito a mudança de cor, até um parquinho para as crianças dos visitantes. E não pense que somente missas de corpo-presente e velórios são realizados no local. A gerente comenta que espera realizar até casamentos e aniversários em um breve espaço de tempo.

“As pessoas costumam reclamar do que é caro sem antes observarem o que é oferecido. Bons serviços tem preços justos e nós atendemos até onde o cliente está disposto a investir”, pontua.

O cemitério também é o único do Piauí que oferece o serviço de cremação. Ela custa R$ 8500 e dá direito a uma urna funerária. Mas não pense que o processo é simples e rápido, é necessária toda uma documentação prévia para que a cremação seja autorizada. “O cemitério precisa se resguardar de que aquele corpo não será reivindicado no futuro para uma exumação, já que após a cremação não existe mais DNA. Esse processo pode ser rápido, mas há casos em que ele pode durar até 20 dias e para isso temos uma câmara fria onde o finado é armazenado até o fim dos procedimentos e a cremação” explica Maria Dasdores.

O cliente recebe uma urna padronizada com as cinzas de seu ente querido, mas há também vários modelos de urna funerária que podem ser adquiridos. A urna mais cara chega a custar R$ 2500 e é feita de bronze.

Atualmente o cemitério possui quase 15 mil pessoas enterradas e 77 funcionários que trabalham na manutenção, que custa uma taxa mensal e perpétua de R$ 95. Em caso de falecimento ela é cobrada dos seus herdeiros.

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