Enfermeira diz que bebê morto no PI apresentava desnutrição extrema

20/12/2016 14h18


Fonte G1 PI

Imagem: Ellyo TeixeiraDelegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Teresina.(Imagem:Ellyo Teixeira)Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Teresina.

Os pais da bebê de 1 ano e 2 meses, que morreu em Teresina sob a suspeita de desnutrição, deverão ser notificados a prestar esclarecimentos na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. De acordo com o Conselho Tutelar, um inquérito policial será aberto assim que o laudo do exame cadavérico sair para investigar se a menina era vítima de maus-tratos. Uma enfermeira que atendeu a criança falou que a menina apresentava desnutrição extrema.

A criança foi levada no domingo (18) ao Hospital São Carlos Borromeo, no Pedra Mole, Zona Leste da capital, bastante debilitada, e segundo a conselheira tutelar Socorro Arrais, já teria chegado morta à unidade de saúde.

“A mãe falou que ela foi medicada no dia 5 no mesmo hospital, mas não informou o que a criança tinha. No domingo, retornaram ao hospital com a criança, mas ela já estava morta. Vários relatos de vizinhos dão conta de que a criança passava fome e sede”,
disse.

O G1 conseguiu conversar com uma enfermeira que atendeu a bebê. Amélia Barbosa contou que a menina apresentava sinais de extrema desnutrição. “Era um bebê com aparência de idoso, com a pele toda enrugada, desnutrida ao extremo. Quando trouxeram pra cá ela já estava morta, com o corpo enrijecido”, falou a enfermeira.

Ainda de acordo com a profissional, vários vizinhos foram até o hospital revoltados com a situação e chegaram a ameaçar os pais.

De acordo com a conselheira tutelar, após o enterro do bebê o Conselho Tutelar deve reunir a família para tratar sobre a guarda das outras três crianças: uma de 4, outra de 6 e uma de 10 anos de idade.

“Estivemos na casa da família na noite de segunda-feira. Lá não tem a mínima estrutura para essas crianças. Só vi uma rede e uma cama no local. Não tem mais nada. Vizinhos relataram que iam dar água para o bebê, que faltava alimentação. Precisamos resguardar as outras crianças e iremos ver isso com a família extensora, que são os tios”,
falou.

O Conselho Tutelar também apura se os pais fazem uso de álcool e outras drogas. A família conta com uma renda de apenas R$ 400 provenientes do programa Bolsa Família. A mãe trabalhava fazendo diárias de forma esporádica.

“Encontramos os irmãos bastante assustados, uma casa muito suja, as crianças sem a mínima higiene. Esses não deviam passar fome porque estão na escola e devem merendar por lá, mas a outra (bebê) necessitava de uma alimentação mais rigorosa”,
destacou ainda a conselheira.

Disque 100

Para o Conselho Tutelar, muitos casos semelhantes a esse poderiam ser evitados caso a população conhecesse mais a fundo o Disque 100, serviço de utilidade pública da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República criado para receber denúncias de violação aos direitos de pessoas em situação de vulnerabilidade.

"Os próprios vizinhos poderiam ter denunciado e, quem sabe, ter evitado que a situação chegasse a esse ponto. As pessoas precisam ter mais conhecimento e consciência do que é o Disque 100",
falou Socorro Arrais.

O serviço funciona diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem direta e gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou móvel, bastando teclar 100. As denúncias podem ser anônimas e o sigilo das informações é garantido quando solicitado pelo demandante.

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