Empresa se recusa a registrar casamento entre lésbicas no PI; em apoio, casal ganhou ensaios, buffet

11/01/2021 13h42


Fonte G1 PI

As noivas Cindy e Ludmilla viram uma corrente de apoio se formar em torno delas depois que tiveram recusado o pedido para o registro de casamento das duas, por serem um casal homoafetivo. A empresa procurada pelo casal se recusou a fazer o registro da festa e, com a repercussão, elas ganharam o apoio de empresas e profissionais que ofereceram ensaios fotográficos, buffet e até as alianças.

Cindy Andrade e Ludmila Chaves se conheceram na escola onde estudavam e namoram há 10 anos. As duas estavam começando a organização para a união, prevista para o fim de novembro de 2021, e faziam pesquisas de orçamento com diversas empresas, quando buscaram alguém que pudesse fazer o registro em vídeo da cerimônia.

“Eles foram a primeira empresa que eu entrei em contato para a filmagem. Vi pelo Instagram, entrei em contato e eles logo perguntaram se eu era a noiva e quem era o noivo. Falei que era uma noiva também. A resposta que recebi é de que não faziam casamentos homoafetivos”, contou Cindy.
Imagem: ReproduçãoEmpresa informou que não registra casamentos homoafetivos.(Imagem:Reprodução)Empresa informou que não registra casamentos homoafetivos.

Segundo decisão do Supremo Tribunal Federal de junho de 2019, discriminar alguém por sua orientação sexual pode ser considerado crime de homofobia. Segundo Cindy, diante da situação, a sensação foi de tristeza e revolta.

“Principalmente fiquei muito revoltada. Foi a primeira vez que senti na pele esse preconceito, mesmo com tanto tempo juntas. Me senti totalmente desmotivada de continuar procurando e receber a mesma resposta”, disse Cindy ao G1.

Apoio e “parcerias” para o casamento

Logo depois do ocorrido, o casal contatou uma advogada e compartilhou os prints das mensagens trocadas. As imagens correram as redes sociais e o caso ganhou grande repercussão.

No Twitter, um dos tweets sobre o assunto teve mais de 78 mil curtidas e mais de 12 mil compartilhamentos. Diante da repercussão, várias empresas se ofereceram para ajudar o casal de alguma forma. O fotógrafo Régis Falcão ofereceu um ensaio em estúdio com as duas e disse ao G1 que, diante de situações de preconceito, todos devem se pronunciar.

“Eu acho que nessas situações a gente tem obrigação de se posicionar. Empresas que adotam esse tipo de comportamento têm se sentido legitimadas pela crescente de discursos nesse sentido. É preciso que a gente se manifeste contra, porque manda um recado pra que profissionais e empresas que têm esse tipo de comportamento entendam que isso é criminoso, ofensivo e eles devem ser expostos e penalizados. Não dá pra simplesmente deixar passar. É assim que essas pessoas se sentem cada vez mais à vontade de manifestar esse pensamento horrível”, declarou.

Com as mensagens de apoio recebidas, Cindy disse que ela e a namorada voltaram a acreditar que aqueles que ainda têm preconceito são exceção;

“Vendo a repercussão, as mensagens, vejo que essas pessoas são minoria, e cada vez mais ficam enclausuradas em seus preconceitos. O mundo tem gente muito boa e mesmo com suas crenças particulares respeitam a decisão de outras pessoas”, declarou.

Ela informou que o casal pretende judicializar o caso e registrar um Boletim de Ocorrência. O G1 procurou a empresa Eu & Você Filmes, que informou que não vai se pronunciar sobre o caso. Perfis da empresa nas redes sociais foram desativados após a repercussão do caso.

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Tópicos: casal, empresas, preconceito