Em cinco anos, mais de 150 mil já deixaram o Piauí por conta da seca

05/08/2013 13h06

Fonte G1 PI

Nos últimos cinco anos mais de 150 mil pessoas já deixaram o Piauí por conta da estiagem. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e revelam que o estado tem a terceira maior população migrante do país, mas para a Pastoral dos Migrantes da Igreja Católica o número é ainda maior.

“Os últimos três anos de seca mostram que esse número é superior. O próprio IBGE não considera migrantes aquelas pessoas que saem temporariamente de sua terra natal, sendo que aqui no estado, muitas pessoas saem do Piauí e passam de seis meses a dois anos trabalhando no cultivo de algumas culturas no Sul do país. Esses piauienses saem e deixam as famílias vulneráveis, porque aqui também não encontram trabalho”, informa a coordenadora da pastoral do imigrante, irmã Darcila Otonioli.

O agricultor Joaquim Bento da Silva cresceu e se criou na roça e, como de costume, sempre que a chuva cai na terra ele corre para o campo para plantar. “Este ano plantei só um pouco de feijão, mas não tirei nada. Faltou água e a gente ainda consegue viver, porque o nordestino é teimoso”, disse Joaquim.

Mesmo sem roça e sem dinheiro, Joaquim continua a cuidar dos 24 hectares de terra que possui. Dos 14 filhos, apenas dois ainda moram com o agricultor. O gilho mais novo dele, Josivaldo Silva, de 13 anos, afirma que também pretende sair de casa aos 18 anos.
“Quando completar meus 18 anos vou embora para São Paulo, para procurar trabalho, já que aqui não tem e não dá para viver da roça”, revela Josivaldo.

Segundo a presidente do sindicato de trabalhadores rurais, Maria Rosarina dos Santos, as migrações aumentaram a partir de 2012. “As comunidades estão vazias e o êxodo rural aconteceu de forma acelerada. Hoje, se quisermos realizar algumas atividades com os jovens teremos dificuldades em encontrar”, destaca Maria Rosarina.

Seca

De acordo com a Defesa Civil, dos 224 municípios do estado, 209 já decretaram situação de emergência, atingindo mais de 1,3 milhão de habitantes devido a estiagem, que tem como uma das principais consequências a migração.

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