Artista plástica que pintou disco de Marisa Monte faz projeto para preservação do peixe-boi no Litor

01/10/2021 08h48


Fonte G1 PI


Imagem: ReproduçãoClique para ampliarA cidade de Cajueiro da Praia tem o ecoturismo como sua principal atividade econômica. Pensando nisso, Pietro idealizou, junto ao ICMBio, um projeto de educação ambiental que envol(Imagem:Reprodução)

 A artista plástica Marcela Cantuária, responsável pela criação do conceito visual do novo disco da cantora Marisa Monte, vem desenvolvendo um projeto com os moradores de Cajueiro da Praia, Litoral do Piauí, para a preservação do peixe-boi-marinho e dos ecossistemas costeiros da região. O Projeto Murais-Caju e Manati consiste na pintura de murais nas vias públicas da cidade.

Marcela veio ao Piauí após convite do idealizador do projeto, Pietro de Biase. No dia 17 de setembro, a artista plástica iniciou as pinturas dos murais e durante esse processo ofereceu oficinas de arte para as crianças da região.

"Tá sendo incrível! A gente vem desenvolvendo aqui mensagens através de pinturas e a principal questão é o peixe-boi-marinho, que está ameaçado de extinção. Mas o trabalho acabou expandindo para outras questões sociais como a história dos pescadores, as marisqueiras, dos nativos tremembés, ou seja, uma série de assuntos que tangenciam a natureza. Estar perto do mar, rodeada de crianças e pintando todo dia é um sonho", declarou a artista Marcela Cantuária.
Atualmente, a cidade já conta com dois murais. O primeiro, e maior deles com 4,5x7 metros, foi pintado na própria base do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em Cajueiro da Praia e leva o título de "O Céu Onde o Mar Flutua". O segundo é em uma escola e traz imagens do Cajueiro Rei, o maior do mundo que fica na cidade, e a pintura dos índios tremembés, nativos da região antes dos colonizadores.

Marcela disse ao g1 que recebeu o convite de pintar a escola por uma pessoa que falou que a Tia Mocinha queria muito ter uma pintura na sua escola. Prontamente a carioca, no dia seguinte, estava rabiscando as paredes de um lugar que também se tornou especial para ela.

"A escolinha da Tia Mocinha, onde a professora Jaqueline dá aula há mais de 20 anos, é uma casinha super antiga, não tem energia elétrica, ela inclusive não quer que reformem a casa porque é bem tradicional. Lembra muito a casa da minha mãe, onde minha mãe cresceu no interior do Rio", contou Marcela.

A cajueirense Maria Araújo publicou em suas redes sociais a emoção de ver sua primeira escola com a faixada pintada pela artista. A casinha-escola é patrimônio da cidade, suas paredes de adobe carregam anos de educação e histórias de geração para geração.

"Essa casinha ou melhor dizendo, essa pequena e grande escolinha não carrega somente essa arte externa, como também carrega uma grande história de educação. Foi na escolinha da Tia Mocinha que eu e muitos colegas começamos a dar os primeiros passos, a escrever as primeiras palavras. Hoje o sentimento é de nostalgia e gratidão por ver nossas raízes simbolicamente estampadas nessas paredes que sustentam a educação que é transmitida de geração em geração graças a força de vontade de ensinar da Jaqueline, só gratidão!", declarou a ex-aluna.
De acordo com a artista, antes de voltar para o Rio de Janeiro, ela pretende fazer mais um mural em um terreiro religioso de Cajueiro da Praia, que para ela representa um patrimônio religioso da região.

Nesta sexta-feira (1°), o Projeto Murais-Caju e Manati faz a entrega dos painéis pintados e finalizados para a cidade de Cajueiro da Praia. O evento vai contar com a presença do prefeito, equipe do ICMBio e os mobilizadores do projeto, além da comunidade cajueirense.

O advogado ambiental e mobilizador inicial do projeto, Pietro de Biase, contou ao g1 que saiu do Rio de janeiro há dois meses para trabalhar de home office em Cajueiro da Praia. No Piauí, ele acabou entrando em contato com o ICMBio para desenvolver uma ação para a preservação do peixe-boi, animal ameaçado de extinção.

"O Instituto trabalha com a preservação, monitoramento e pesquisas com o peixe-boi. E desde que eu comecei a trabalhar aqui, venho conversando com eles sobre formas de articular uma melhor interação desse trabalho com a cidade", contou Pietro.

A preservação da espécie marítima, conhecido como Manati na região litorânea, ainda era algo distante da população. Segundo Pietro, diversos crimes ambientais acontecem em Cajueiro da Praia. Para conscientizar os moradores, o carioca teve a ideia de desenvolver um projeto que além de ajudar na preservação do peixe-boi, também envolvesse a comunidade no processo.

A cidade de Cajueiro da Praia tem o ecoturismo como sua principal atividade econômica. Pensando nisso, Pietro idealizou, junto ao ICMBio, um projeto de educação ambiental que envolvesse a comunidade em prol da preservação do peixe-boi e da vegetação costeira.

Pietro mobilizou o amigo Aldones Nino, assessor de educação do Instituto Inclusartiz, organização que apoia artistas do Brasil e do mundo, para saber se eles tinham interesse em patrocinar o projeto. Então, Frances Reynolds Marinho, fundadora e presidente do Instituto, aceitou o projeto e trouxe a artista plástica carioca Marcela Cantuária para Cajueiro.


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Tópicos: cidade, cajueiro, artista