Especialistas apoiam campanhas de desarmamento já para impedir novas tragédias

11/04/2011 06h32


Fonte Extra online

Especialistas e entidades ligadas à segurança pública elogiaram a decisão do governo federal de promover uma nova campanha pelo desarmamento da população, mas cobram mais fiscalização para que o Estatuto do Desarmamento seja cumprido. Anteontem, depois da tragédia na escola Tasso da Silveira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, revelou que o governo vai realizar um novo e amplo apelo para que as pessoas entreguem suas armas.

Segundo o sociólogo e coordenador do programa de controle de armas do Viva Rio, Antônio Rangel Bandeira, que vai coordenar a ação das entidades sociais nesta campanha, em julho, a população poderá entregar armas não apenas em postos da Polícia Federal, como já é possível atualmente, mas também em locais como igrejas e lojas maçônicas.

Porém, o sociólogo reclama que falta fiscalização por parte do governo para que o Estatuto seja cumprido.

— O que está por trás da tragédia do Rio é o descontrole da venda de armas. Os lojistas não são devidamente fiscalizados. No Brasil, tem 15 requisitos para vender uma arma, mas o lojista passa por cima, vende, porque não é fiscalizado — disse o sociólogo.

Para a professora de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em Segurança Maria Stela Grossi Porto, o governo deveria fazer uma ampla campanha pela entrega das armas todos os anos. Ela teme que a discussão sobre armas seja esquecida depois que passar o calor da tragédia em Realengo.

— A campanha já devia estar acontecendo. A gente, infelizmente, trabalha muito com a parte de algo pós-facto, depois do fato acontecido. Isso (medidas pelo desarmamento) tende a se arrefecer na proporção em que o fato ganha o esquecimento — disse.

Na opinião de Alice Andres Ribeiro, coordenadora de controle de armas da Ong Sou da Paz, se o governo não fizer campanhas, as pessoas acabam esquecendo que é possível entregar armas em qualquer dia, sem ter que dar esclarecimentos. Segundo ela, no Brasil, não é necessário editar novas leis para restringir o acesso a armamentos.

— A lei que temos é boa, mas não é cumprida. É preciso fiscalizar empresas de segurança privada e colecionadores, que são categorias vulneráveis ao desvio de armas. A gente ouve falar de colecionadores alugando armas para assalto a banco — disse Alice.

A coordenadora do Sou da Paz criticou a ideia da Câmara de Vereadores do Rio de votar um projeto obrigando a instalação de detectores de metais nas portas das escolas da capital.

— Isso não é desejável. Quando esse tipo de tragédia acontece, muitas medidas vêm no sentido de fechar espaço, reprimir relacionamentos. O que a gente quer é escolas abertas, da comunidade, e essa proposta tira o foco, que é o controle de armas — afirmou Alice, questionando, ainda, a viabilidade da instalação dos detectores de metais em todas as escolas.

A professora Maria Stela também faz ressalvas ao projeto.

— A gente tem que se cuidar para não transformar a sociedade em policialesca, totalmente de controle. A detecção de metal precisa de estudo mais aprofundado do contexto das escolas. A forma das relações socais tem que ser analisadas — afirmou.

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