Técnico iraniano sofre ataques xenófobos em estreia no Piauí e renuncia cargo: "Que isso acabe"

02/02/2023 16h58


Fonte G1 PI

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarKoosha Delshad, treinador(Imagem:Reprodução)Koosha Delshad, treinador

Koosha Delshad, treinador iraniano, renunciou seu cargo após relatar que sofreu ataques xenófobos por parte dos torcedores do Comercial-PI em sua partida de estreia pelo Bode. De acordo com os relatos do técnico, os torcedores o chamaram de “terrorista” e disseram que o treinador iria colocar uma bomba em campo.

Na partida de estreia pelo clube, o time que Koosha comandava foi goleado por 4 a 0 pelo River-PI, em confronto válido pela 6ª rodada do Campeonato Piauiense.

Veja abaixo a nota de renúncia do técnico

- Não acredito que um treinador que assuma um clube na zona de rebaixamento, que não pontua, não marca gols, com apenas dois dias de treinos faça milagre; nem que ele mereça xingamentos preconceituosos e xenofóbicos, como gritos: "Hey, treinador terrorista!" e etc. É inacreditável que essas ações tenham começado um dia antes nas redes sociais e continuado desde o primeiro minuto de jogo pelos torcedores que estavam ao lado do banco de reserva – afirmou Koosha Delshad, ex-técnico do Comercial-PI.

- Mesmo tendo conhecimento da situação do clube, da falta de equipamentos necessários, assumi a parte técnica, mas não poderia imaginar que no dia do jogo três jogadores anunciariam que não entrariam no estádio! Foi quando percebi que eu não estava em clube profissional e sim em uma escolinha de futebol. Quero falar com torcedores que desde o aquecimento começaram a xingar, se vocês não gostam que eu esteja aí, ao menos gostem do clube
– comentou o profissional.

O treinador ainda concluiu sua nota com outro trecho.

- Eu estava lá para ajudar o futebol da cidade, um clube tradicional que está vivendo uma situação anormal, mas percebi que não existe uma determinação por esse objetivo. Minha intenção foi ajudar, mas pela falta de apoio e pelos crimes de xenofobia durante os 90 minutos no estádio, eu renuncio ao cargo da parte técnica do Clube Comercial de Piauí. Tomara que um dia isso acabe no país do futebol – finalizou.

Procurado pelo ge para comentar sobre o assunto, Koosha Delshad relatou que vai informar à JK Sports sobre sua decisão e que está de saída da cidade de Campo Maior, sede do Comercial-PI. O técnico citou que vai retornar para cidade de São Paulo, onde ele reside no Brasil desde 2014.

Koosha Delshad, é iraniano e radicado no Brasil há quase 10 anos. O técnico obteve sua licença da CBF como treinador e pode comandar clubes até mesmo clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. O anúncio do técnico foi feito no dia 31 de janeiro. Logo no dia seguinte após sua contratação, o técnico comandou o time à beira do campo. Foi aí que os relatos de xenofobia ocorreram.

Sobre as ofensas, o treinador ainda completou.

- Isso aconteceu mais de 10 vezes. "Treinador terrorista", "Treinador bomba" "Vai colocar bomba" Assim. E na verdade, eles xingaram antes do aquecimento, isso aconteceu. Não sei como o treinador vai chegar e ajudar assim. O treinador chega e vai treinar um, dois dias. Horrível! Horrível! Na verdade, treinador se acostumou a escutar uma opinião, um xingamento. Esse tipo? Não. Tem muitos problemas, muitas coisas erradas – citou Koosha.

No Z-2 do Campeonato Piauiense, o Comercial-PI tem seis pontos registrados por conta dos dois W.Os registrados com a desistência do Ferroviário-PI. No estadual, o Bode ainda não venceu em campo. São cinco jogos disputados e cinco derrotas registradas.

O Comercial-PI volta a campo no próximo domingo, contra o Parnahyba, às 16h, no estádio Pedro Alelaf, em Parnaíba,

Veja outros trechos da entrevista com Koosha Delshad

Problemas com o grupo


- Eu quando cheguei eu ouvi que o treinador tem liberdade para colocar qualquer jogador. Mas também, eu tentei colocar jogadores do clube, não da empresa. Os jogadores do clube sentiram que eu iria colocar somente os jogadores da empresa. Para mim, tanto faz (colocar qualquer uma das peças). Também aconteceu que um jogador, um dia antes do jogo, uma ou duas horas de jogo, que teve problema com a família. Outros dois jogadores disseram que estavam com lesão, mas eu não percebi isso.

Desentendimento com torcida

- Três jogadores levantaram a mão e falaram, "me troca", "me troca". Quando trocaram, os torcedores "por que trocou ele?". Mas ninguém consegue explicar eles o que aconteceu. Eu só tinha 11 jogadores para colocar. Um jogador suspenso, dois jogadores tinham lesões. Dois jogadores não participaram. É isso. Coloquei volante na lateral.

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