Peso de vexames mostra que Mundial não é tão "irrelevante" assim para europeus
26/06/2025 09h16Fonte O Globo
Imagem: Reprodução
Porto foi recebido com protestos da torcida por eliminação precoce na Copa do Mundo de Clubes.
Porto foi recebido com protestos da torcida por eliminação precoce na Copa do Mundo de Clubes.Desde que o novo Mundial de Clubes foi anunciado, a Fifa passou a ser alvo da fúria europeia. Imprensa, sindicatos e grandes ligas abriram guerra contra a aposta bilionária da entidade para revolucionar o futebol de clubes — projeto que, segundo críticos, nasceu embalado por muito dinheiro e entusiasmo duvidoso.
Muitas das críticas eram legítimas. A maior delas, a preocupação com o bem-estar dos jogadores, ganhou mais força diante de uma temporada europeia exaustiva, que terá ao fim nada menos que 11 meses de competição ininterrupta, quando o torneio terminar em Nova York.
Diante da ameaça de arquibancadas vazias, a Fifa agiu rápido: barateou ingressos e foi salva, em boa parte, pela torcida sul-americana, que ajudou a encher os enormes estádios americanos — muitos deles palco de jogos em temperaturas insalubres, ao meio-dia, em pleno verão do Hemisfério Norte, tudo para tentar agradar a audiência (quem diria) europeia.
Na prática, os resultados surpreendentes dos clubes brasileiros também ajudaram a transformar a competição num fenômeno que colocou o status quo europeu em xeque. De um dia para o outro, o continente que estava há 13 anos invicto viu a realidade bater à porta: a superioridade que julgavam inquestionável já não parece tão evidente assim.
Apesar dos muitos problemas enfrentados, o saldo até agora tem sido positivo — e a sensação generalizada entre quem acompanha de perto o torneio é de que ele veio para ficar. E que será muito maior do que muitos imaginavam.
“Acho que o conceito é brilhante”, cravou Luis Enrique, técnico do Paris Saint-Germain, conhecido pela sinceridade nas entrevistas, e um dos treinadores europeus que mais abraçaram o Mundial.
O discurso da defesa dos jogadores e do calendário foi usado como cortina de fumaça para uma queda de braço política com a Fifa — numa tentativa de manter o controle sobre o calendário competitivo dos clubes. “Meu grande objetivo é garantir que esse Mundial não volte a ser realizado. Temos que preservar o status quo”, disse Javier Tebas, presidente da LaLiga, numa declaração desesperada, como quem já previa que o discurso hipócrita vendido por meses — de que o torneio era irrelevante, uma pré-temporada que os europeus dominariam sem esforço — não se sustentaria por muito tempo.
Eliminados ainda na fase de grupos, Porto e Atlético de Madrid já sentem o peso do vexame no “irrelevante” campeonato. O clube português cogita pagar 7 milhões de euros para demitir o recém-contratado técnico Martín Anselmi e o diretor esportivo Andoni Zubizarreta, após protestos na chegada da delegação.
Na Espanha, a eliminação do Atlético domina o noticiário esportivo desde segunda-feira. Também começam a surgir críticas ao trabalho de Xabi Alonso, e crescem as cobranças para que Vinicius Jr volte a ser decisivo. A pressão sobre o Real Madrid, que precisa vencer hoje para não repetir o vexame do Atlético, em nada lembra uma pré-temporada.
O Chelsea, por sua vez, cujo técnico Enzo Maresca é um dos que mais reclamou, agora celebra o desempenho da nova contratação Liam Delap. A classificação às oitavas já rende cifras suficientes para cobrir os 30 milhões de libras pagos por ele há menos de um mês.
No fim das contas, o discurso europeu contra o Mundial de Clubes se revelou o que era: vazio e hipócrita. E a expectativa de uma fase de mata-mata épica parece cada vez mais real — provavelmente motivo de alguns pesadelos para Javier Tebas e seus aliados.
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