Chefe da base do Palmeiras diz que torcedor que ofendeu Luighi foi identificado

07/03/2025 14h27


Fonte ge

João Paulo Sampaio, coordenador das categorias de base do Palmeiras, comentou sobre a ofensa racista sofrido pelo atacante Luighi, na quinta-feira, em partida do clube brasileiro contra o Cerro Porteño, pela Conmebol Libertadores sub-20.

Responsável por cuidar da base, João disse que a postura do Palmeiras será dura para que o racismo não vença depois do episódio ocorrido. Segundo ele, a pessoa foi identificada e esbarra na punição por não haver crime de racismo no Paraguai.

– Primeiro a gente acolheu para que ele se acalmasse. Claro, a gente começou a reivindicar também com a própria polícia e com o terceiro árbitro, mas o próprio banco do Cerro estava indo contra, querendo que mirasse para o jogo e tentando entender que aquilo era normal. E que é normal no país, eles acham que é uma provocação. Na lei de 27/11 do ano passado, de 2024, o presidente Santiago Penha ele fala só em prevenir, aqui não é crime, não tem sanção dura, principalmente em ser um crime como é no Brasil.

– Se a gente abandona o campo ou se a gente retira a equipe, podia acontecer a mesma coisa que aconteceu com o Tabata, contra a mesma equipe, no mesmo país, e oTabata que foi punido. E o mais importante, eles não vão vencer. Eles não serão mais fortes que nós. A gente ia perder a oportunidade porque com certeza se acontece isso a transmissão, que é da Conmebol, não ia ter a oportunidade de ouvir Luighi e foi devido a essa fala, a essa emoção que isso reverberou no mundo todo. Não pode ser comum. Essa pessoa já foi identificada, vamos ver, mas no país não é crime, então a gente tem que esperar – disse João.
Imagem: ReproduçãoLuighi, do Palmeiras, chora ao sofrer racismo na Conmebol Libertadores Sub-20.(Imagem:Reprodução)Luighi, do Palmeiras, chora ao sofrer racismo na Conmebol Libertadores Sub-20.

O diretor do Palmeiras disse que o assunto não tem repercutido no Paraguai, justamente por não existir sanções previstas no país em casos de racismo.

– A gente não viu ainda nenhum veículo, nem comentários no hotel ou no país sobre o assunto. Como eu disse, procurei me informar se era uma lei ou um crime. Eu sei que tem uma fala do presidente falando em prevenir, em tentar inserir, principalmente a pessoa de cor diferente, de raça, na sociedade paraguaia, mas só em prevenir. Não se fala em nenhuma sanção forte ou em crime como é no Brasil, então aqui hoje não teve nenhuma repercussão pelos meios, a não ser a carta da Comebol respondendo no próprio site.

João Paulo disse que a presidente Leila Pereira ligou para os presidentes da CBF e da Conmebol cobrando punições para a discriminação sofrida pelo jogador do Palmeiras. A Fifa também foi acionado pelo clube para averiguar o caso.

– Nossa presidente ontem ligou para o presidente da CBF, ligou para o presidente da Conmebol, ela ficou muito revoltada ontem. Qualquer tipo de discriminação, independente do racismo, ela é muito ruim. A presidente, por ser mulher, ela já passa por isso também em algumas situações, eu já passei por isso. Quando eu cheguei em São Paulo, sou nordestino e tive aquele primeiro olhar de diferença. Será que ele vai conseguir aqui? O que aconteceu com o Vini quando ele chegou também lá. Só que você vai ganhando prestígio na área profissional e sua voz vai tendo mais força para você conseguir combater qualquer tipo de discriminação.

– Ligaram para os pais de Luigi, para o pai e para a mãe. A mãe estava bem chocada, chorando, mas falaram com os pais de Luigi, mas estão cobrando tanto da Conmebol como da CBF a punição ou a atitude mais firme. Mas isso ontem à noite, a diretoria toda do Palmeiras foi bem presente para que a gente primeiro acolhesse o atleta e a família dele, mas depois cobrasse as autoridades responsáveis – disse João Paulo.

O coordenador da base descartou a possibilidade do Palmeiras desistir da competição e disse que a conquista do título passou a ser uma forma dos jogadores e do clube responderam dentro de campo ao caso de racismo.

– Fiquem com a certeza de que isso nos deu mais força na oração deles ontem. Isso é o que eu falei, eles não vencerão, os racistas não vencerão, porque do outro lado tem pessoas que irão ser resistentes e mais fortes do que eles. E os meninos ontem, foi emocionar a oração, a gente agora vai com tudo. Já estamos classificados para semifinal e com mais força para ir em busca desse título para o Palmeiras e para o Brasil. Mas, acima de tudo, esperando que tenha uma punição severa aos culpados – disse.

O que aconteceu?

O atacante Luighi, do Palmeiras, foi alvo de uma ofensa racista por parte de um torcedor do Cerro Porteño, durante duelo válido pela Conmebol Libertadores sub-20, nesta quinta-feira, no Paraguai. O Verdão venceu o confronto por 3 a 0.

O torcedor imitou um macaco na direção do jogador, que se revoltou, deixou o campo chorando e desabafou em entrevista depois da partida, quando foi questionado por um repórter sobre como foi o jogo. Ele também sofreu uma cusparada enquanto se dirigia ao banco de reservas.

– Não, não. É sério isso? Vocês não vão me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo? É sério? Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime, não vai perguntar sobre isso?.

– Vai me perguntar sobre o jogo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? Ou a CBF, sei lá. Você não ia perguntar sobre isso né? Não ia. É um crime o que ocorreu hoje. Isso aqui é formação, estamos aqui para aprender – disse Luighi.

Em nota oficial, o Palmeiras manifestou apoio ao jogador e disse que vai até as "últimas instâncias" para buscar punição aos responsáveis pelo ato. Corinthians e São Paulo também se manifestaram em apoio ao jogador.

A Conmebol repudiou os atos e prometeu "medidas disciplinares". Nesta sexta, o atacante Vini Jr., do Real Madrid, saiu em defesa de Luighi e cobrou punições severas por parte das entidades que comandam o futebol.

Tópicos: palmeiras, racismo, conmebol