Botafogo e Fortaleza lideram o Brasileirão com pouco mais de 30% de posse de bola

06/05/2023 12h03


Fonte O Globo

Imagem: Vítor Silva/Botafogo e Matheus Lotif/FortalezaTiquinho e Pikachu, destaques do líder Botafogo e do vice-líder Fortaleza.(Imagem:Vítor Silva/Botafogo e Matheus Lotif/Fortaleza)Tiquinho e Pikachu, destaques do líder Botafogo e do vice-líder Fortaleza.

Na última década, a ideia de trabalhar com a posse de bola tomou conta do futebol mundial, influenciada principalmente pelo auge da escola da Espanha. Como consequência, ideias opostas como o jogo direto, buscar espaços nas costas das defesas ou uma referência no ataque por meio de passes médios e longos, viram seu uso cair por anos. Mas o Brasileirão de 2023, pelo menos em seu início, mostra uma nova realidade: o líder Botafogo e o vice-líder Fortaleza constroem campanhas sólidas com pouquíssimo tempo de bola — estão entre os três times que menos a tem. Na quarta rodada, que começa hoje, eles colocam essas ideias, baseadas numa eficiência alta, novamente à prova.

O desafio mais proeminente nesse sentido é o do alvinegro, que amanhã, às 18h30, recebe o Atlético-MG, no Nilton Santos. O Galo é a equipe que mais fica com a bola neste campeonato — ao lado do Flamengo —, com média de 65,7% do tempo por jogo. Mas tem dificuldade em transformar esse domínio em chances: o time de Eduardo Coudet venceu pela primeira vez na terceira rodada, contra o Athletico.

O Botafogo, por outro lado, é símbolo de eficiência enquanto “lanterna” de posse de bola. No clássico diante do Flamengo, vencido por 3 a 2 no último domingo, o alvinegro abriu 2 a 0 no primeiro tempo com 29% de posse, mas com a métrica de expectativa de gols — que se calcula matematicamente por movimentação e qualidade de criação e finalização — maior que a do rubro-negro, apontando expectativa de 1,1 antes do intervalo.

Nesse contexto, entram ideias do jogo direto. No caso do Botafogo, o atacante Tiquinho Soares é peça central. O jogo do técnico Luís Castro tem outras ferramentas, como a transição rápida, as ultrapassagens dos pontas e a versatilidade de seus meias — como Tchê Tchê, que foi ao fundo fazer bela jogada para o terceiro gol no clássico. Mas as bolas que acionam o camisa 9, um pivô dos mais diferenciados dentro do futebol brasileiro, estabelecem uma base sólida.

Foram cinco lançamentos para Tiquinho contra o Fla, três só do goleiro Lucas Perri. O centroavante, por sua vez, acionou frequentemente os atacantes Luis Henrique (4 passes), Victor Sá (2) e Júnior Santos (1).

— É verdade que o Atlético-MG tem um jogo que privilegia a posse. E o Botafogo tem uma identidade com ela. E isso não quer dizer que nós não tenhamos sucesso com a nossa identidade — avaliou Castro após o empate com a LDU, na quinta-feira, pela Sul-Americana.

O atacante Júnior Santos foi outro a explicar a ideia de alvinegro sem a bola, de pressionar o adversário para sair em transição:

— Posse não reflete muito. O importante é conseguir concluir bem as jogadas.
Recado do Fortaleza

A verticalidade tem sido uma obsessão de boa parte das equipes mais qualificadas do campeonato. O Vasco, por exemplo, que fecha com o Botafogo e o Fortaleza a tríade dos que menos têm a bola, joga com linhas mais altas e trocas de passes mais abreviadas para chegar rápido ao campo adversário quando precisa propor. Mas tem falhado em ser efetivo como o líder e o vice-líder, que é outro adepto de ideias de jogo direto.

Na terceira rodada, o Fortaleza aproveitou um Fluminense alternativo para dar o recado de que sabe encontrar falhas. Na vitória por 4 a 2, foram várias as chances que o time de Juan Pablo Vojvoda teve explorando as costas da defesa tricolor mesmo sem ter a bola na maior parte do tempo: 20 finalizações e dez grandes chances criadas com apenas 30% da posse de bola, contra um tricolor que tem como especialidade controlar o ritmo do jogo. Na segunda, às 20h, o time visita o Corinthians.

— Acho que quem ganhou foram os jogadores. Eles compreendem o que se necessita a cada partida. Um planeja o jogo, mas o importante é a execução do que necessitamos — afirmou Vojvoda após a vitória. Dias depois, o time faria 6 a 1 no Estudiantes de Mérida, pela Sul-Americana.

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Tópicos: fortaleza, jogo, botafogo