Análise: Vasco vive dia histórico, atropela o Santos e se enche de moral para espantar má fase
18/08/2025 09h05Fonte ge
O vascaíno não vai se esquecer tão cedo da tarde do dia 17 de agosto de 2025. Com uma atuação dominante desde os primeiros minutos e um segundo tempo quase perfeito, o Vasco venceu o Santos por 6 a 0 e aplicou a maior goleada na história do confronto entre os dois clubes. Além disso, saiu da zona de rebaixamento do Brasileirão e se encheu de moral na tentativa de espantar de vez a má fase na temporada.No Morumbis, o Vasco de Fernando Diniz mostrou sua versão mais letal. Saiu na frente com méritos, sofreu no início da segunda etapa, mas em seguida não tomou conhecimento do adversário, marcou cinco gols no intervalo de 16 minutos e esbanjou uma precisão no aproveitamento de oportunidades criadas que fez falta para a equipe em jogos recentes. Agora a bola entrou - não só uma, nem duas... mas seis vezes.
Diniz disse na coletiva que, na essência, o Vasco não jogou diferente das últimas partidas. E algumas estatísticas mostram que ele tem razão. Contra o Santos, a equipe terminou o jogo com 14 finalizações, nove delas na direção do gol defendido por Gabriel Brazão. Nesse sentido, se atendo apenas aos duelos recentes, o Vasco criou mais contra o Atlético-MG (16 finalizações), contra o Inter (15), contra o Grêmio (28), na partida de volta da Sul-Americana contra o Independiente del Valle (15) e nos dois jogos das oitavas da Copa do Brasil contra o CSA (19 e 23).
E venceu apenas uma de todas essas partidas citadas. Dessa vez, o Vasco colocou as bolas para dentro.
Imagem: Marcos Ribolli / ge
Jogadores do Vasco comemoram vitória histórica sobre o Santos.

Chama atenção a maneira articulada e criativa com a qual o Vasco construiu seus gols. No seu primeiro jogo sem Pablo Vegetti (o capitão e artilheiro da equipe na temporada, com 22 gols, cumpriu suspensão), o Vasco foi um time indiscutivelmente mais leve no ataque. E que, quando chegou ao último terço do campo, dispôs de mais recursos do que apenas cruzamentos para dentro da área.
David foi o escolhido pelo treinador para substituir o argentino, não atuou fixo como um centroavante e, além de marcar um lindo gol, contribuiu com assistências para outros dois gols de uma forma que Vegetti dificilmente conseguiria. Colocá-lo no banco é a solução para todos os problemas do Vasco? Decerto que não. Mas a produção ofensiva sem amarras deste domingo deve no mínimo colocar um ponto de interrogação na cabeça do treinador.
Não foi uma simples vitória, um resultado que serviu para somar três pontos na classificação e só. Essa é a primeira vez que o Vasco vence por seis gols de diferença em um jogo de Campeonato Brasileiro desde 2001, quando fez 7 a 1 no São Paulo. E a última ocasião em que havia marcado seis gols foi no 6 a 1 sobre o Atlético-MG em 2008. O que ocorreu neste domingo não se vê todo dia.
Por esse motivo, o feito pode servir de combustível para chacoalhar o Vasco, que antes disso havia vencido apenas um dos últimos nove jogos. O time foi chegou aos 19 pontos no Brasileirão, empurrou o Vitória para a zona de rebaixamento (os clubes têm a mesma pontuação, mas os cariocas têm mais vitórias) e deu a impressão de que é capaz de brigar por mais do que apenas não cair.
Superior desde o início
O Vasco fez um bom primeiro tempo no Morumbis. Superou o momento breve em que o Santos teve mais a bola e tentou dominar as ações, nos primeiros minutos, e tomou o controle da partida dos 10 minutos em diante. Diferente de jogos anteriores, a saída de bola do time de Fernando Diniz dessa vez funcionou, e a equipe teve sucesso em sair da pressão dos jogadores do Santos para ganhar terreno no campo.
Aos 18 minutos, o Vasco fez valer o melhor momento na partida e abriu o placar numa jogada construída de pé em pé, com David na esquerda (onde os jogadores do Santos reclamaram de uma possível saída de bola) até chegar a bola chegar em Nuno Moreira na direita. O português foi muito feliz na bola que atravessou a área e encontrou Lucas Piton livre para empurrar de cabeça para o gol.
O time de Diniz ganhou mais confiança a partir do gol e viveu um raro momento na temporada em que a maioria das tomadas de decisão pareceu correta. Teve susto no pênalti marcado em cima de Guilherme, mas o árbitro logo corrigiu a marcação apontando o impedimento do santista no início do lance. A única finalização do Santos na direção do gol de Léo Jardim no primeiro tempo inteiro foi justamente de Guilherme, sem perigo algum.
Por muito pouco, o Vasco não foi para o intervalo com uma vantagem maior no placar. Rayan poderia ter mais calma para tentar limpar Luan Peres antes de finalizar praticamente no último lance. Antes disso, David também teve boa oportunidade em lançamento de Paulo Henrique, mas não se entendeu com a bola e adiantou demais após domínio com o peito.
Vasco sofre susto e responde com goleada
Com três minutos do segundo tempo, o Santos poderia ter empatado e até virado a partida. Foram três grandes chances criadas pela equipe mandante: Léo Jardim cortou o cruzamento para Neymar na primeira, Guilherme chutou inacreditavelmente para fora na segunda e Barreal acertou a trave na terceira.
A partir daí, o Vasco se recompôs defensivamente, não deu mais chances para o Santos e respondeu com uma goleada que entrou para a história. O segundo gol da equipe, marcado por David, saiu aos seis minutos. E o sexto, de Tchê Tchê, foi aos 22. Portanto, em apenas 16 minutos o Vasco colocou o Santos na corda, liquidou a partida e construiu o placar elástico.
Imagem: Marcos Ribolli / ge
Fernando Diniz comemora vitória do Vasco sobre o Santos.

David se recuperou da atuação ruim no primeiro tempo e foi um dos melhores jogadores da equipe no segundo. Ora como um centroavante de ofício, como quando apareceu para finalizar bonito e deixar o seu na partida, ora flutuando para dar as assistências para os gols de Coutinho e Tchê Tchê. Nuno Moreira deu passes para os gols de Lucas Piton e Coutinho, mas um olhar atento é o bastante para observar que a bola passou pelo português em praticamente todos os lances de ataque.
Como os homens mais avançados no meio de campo, Tchê Tchê e Coutinho se alternavam na origem da construção das jogadas, recuavam bastante para começar o jogo, mas também tinham fôlego e liberdade para pisar na área. Tudo isso somado ao apoio recorrente de Paulo Henrique e Piton pelas pontas fez com que o Vasco envolvesse a defesa santista no Morumbis.
E ainda cabia mais, só que Gabriel Brazão nos minutos finais voou na finalização de Puma Rodríguez para fazer salvar o gol que parecia certo. Por outro lado, Léo Jardim só precisou fazer duas defesas durante o segundo tempo inteiro. O Vasco conseguiu mostrar o equilíbrio entre defesa e ataque que Diniz tanto pedia. E o tamanho da importância desse feito apareceu na irritação do treinador com sua equipe quando Guilherme fez o gol que em seguida seria anulado - nem parecia que o placar apontava 6 a 0.
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