Qual a melhor idade para se aprender a ler?

24/04/2022 12h09


Fonte G1

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Qual a melhor idade para se aprender a ler?(Imagem:Reprodução)
Eu tinha sete anos quando comecei a aprender a ler, como propõe a escola alternativa Steiner que frequentei.

Minha filha frequenta uma escola padrão inglesa e começou aos quatro anos, como é típico na maioria das escolas britânicas.

Vê-la memorizar letras e pronunciar palavras, numa idade em que minha ideia de educação era subir em árvores e pular em poças, me fez pensar sobre como nossas diferentes experiências nos moldam.

Será que ela está ganhando uma vantagem inicial crucial que vai render benefícios ao longo da vida? Ou ela está exposta a quantidades indevidas de potencial estresse e pressão, em um momento em que deveria estar desfrutando de sua liberdade? Ou simplesmente estou me preocupando demais, e não importa com que idade começamos a ler e escrever?

Não há dúvida de que a linguagem em toda a sua riqueza — escrita, falada, cantada ou lida em voz alta — desempenha um papel fundamental em nosso desenvolvimento inicial.

Os bebês já respondem melhor à linguagem a que foram expostos no útero. Os pais são incentivados a ler para seus filhos antes mesmo de nascerem e quando são bebês. As evidências mostram que o quanto ou quão pouco conversem com a gente na infância pode ter efeitos duradouros no desempenho educacional futuro.
Os livros são um aspecto particularmente importante desta rica exposição linguística, uma vez que a linguagem escrita geralmente inclui um vocabulário mais amplo, matizado e detalhado do que a linguagem falada cotidiana.

Isso pode, por sua vez, ajudar as crianças a aumentar seu alcance e profundidade de expressão.

Uma vez que a experiência precoce de uma criança com a linguagem é considerada tão fundamental para seu sucesso posterior, tornou-se cada vez mais comum que as pré-escolas comecem a ensinar às crianças habilidades básicas de alfabetização antes mesmo do início da educação formal.

Quando as crianças entram para a escola, a alfabetização é invariavelmente o foco principal.


Este objetivo de garantir que todas as crianças aprendam a ler e escrever se torna ainda mais premente à medida que os pesquisadores alertam que a pandemia causou uma lacuna de desempenho cada vez maior entre as famílias mais ricas e as mais pobres, aumentando a desigualdade acadêmica.

Em muitos países, a educação formal começa aos quatro anos. Em geral, o pensamento é que começar cedo oferece às crianças mais tempo para aprender e se destacar.

O resultado, no entanto, pode ser uma "corrida armamentista educacional", com os pais tentando oferecer aos filhos vantagens precoces na escola por meio de treinamento e ensino privado — com alguns pais até pagando para que crianças de quatro anos tenham aulas particulares adicionais.

Se você comparar isso com a educação infantil mais voltada para brincadeiras de várias décadas atrás, verá uma grande mudança na política, baseada em ideias muito diferentes do que nossas crianças precisam para sair na frente.

Nos EUA, esta urgência se acelerou com mudanças nas políticas, como a lei de 2001 conhecida como "nenhuma criança é deixada para trás", que promoveu testes padronizados como forma de medir o rendimento e o progresso educacional.

No Reino Unido, as crianças são avaliadas no segundo ano de escola (entre 5 e 6 anos) para verificar se estão alcançando o nível de leitura esperado.


Os críticos advertem que testes precoces como este podem dissuadir as crianças de ler, enquanto os defensores da prática argumentam que ajuda a identificar aquelas que precisam de apoio adicional.

No entanto, muitos estudos mostram pouco benefício em um ambiente excessivamente acadêmico precoce.

Um relatório dos EUA de 2015 diz que as expectativas da sociedade sobre o que as crianças devem alcançar no jardim de infância mudaram, o que está levando a "práticas inadequadas de sala de aula", como a redução do aprendizado baseado em brincadeiras.

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Tópicos: escola, leitura, linguagem