Pesquisa da Unicamp busca mapear dificuldades de surdos em serviços de saúde na Região Metropolitana

10/07/2022 14h17


Fonte G1

Imagem: ReproduçãoDesafios Monica é surda e sabe bem os desafios que precisa enfrentar na hora de passar por serviços da rede pública de saúde. Ela sofre de pressão alta e explica que cada vez que p(Imagem:Reprodução)
 Uma pesquisa coordenada pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pretende mapear as dificuldades sofridas por pessoas com deficiência auditiva em serviços de saúde na Região Metropolitana de Campinas (RMC) e apontar medidas para sanar obstáculos e ampliar a acessibilidade.

O estudo iniciou a segunda fase de trabalhos no último dia 1º de julho e busca alcançar 450 surdos assistidos pela Central de Interpretação de Libras (CIL), serviço municipal que oferece profissionais da área para acompanhar pessoas com deficiência auditiva em serviços e repartições públicas, com o objetivo de garantir acessibilidade linguística e comunicacional.

A pesquisa, realizada por professores e alunos da Unicamp, é coordenada pela docente do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação (DDHR) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da universidade, Núbia Vianna, e tem apoio da Secretaria de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos da Prefeitura de Campinas.

“Um dos nossos objetivos é averiguar a acessibilidade em Libras nos serviços de saúde. Sabemos que há uma grande barreira de comunicação entre os profissionais de saúde e usuários surdos”, comentou a pesquisadora.
Escassez de pesquisas
Segundo a coordenadora do estudo, a pesquisa teve como motivação a escassez de estudos voltados a essa parcela da população. “Cotidianamente, os surdos enfrentam barreiras de acesso à saúde. A dificuldade para se comunicar com o médico durante uma consulta é uma delas”, completou.


A Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem 124.070 mil pessoas com deficiência auditiva, segundo o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), número que equivale a cerca de 4,4% da população.

A primeira fase do estudo foi realizada em 2021 e contou com a participação de 188 pessoas, com o objetivo de traçar a quantidade e as principais características das pessoas surdas.

A etapa consistiu de preenchimento de formulário online acessível em Libras, que investigou informações como idade, grau de escolaridade, condições de saúde, uso dos serviços.

Desafios
Monica é surda e sabe bem os desafios que precisa enfrentar na hora de passar por serviços da rede pública de saúde. Ela sofre de pressão alta e explica que cada vez que precisa ir a uma consulta, é um desafio. Segundo ela, os piores momentos são aqueles em que precisa descrever os sintomas, já na recepção do atendimento e também para entender a prescrição médica.


É bem difícil porque não há comunicação. Desde o momento em que desejamos marcar a consulta é complicado. No momento de explicar o que eu tenho, eu sei que vou ficar nervosa. É o pior momento. Depois, posso entender errado o que o médico me receitou, tomar quantidade maior do que a prescrita e ter uma intoxicação. É muito complicado", relatou.


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