Mais de 700 alunos com deficiência estão sem aulas em Teresina por falta de cuidadores

26/05/2022 11h15


Fonte G1 PI

Pais de alunos com deficiência denunciaram que os filhos estão sem assistir a aulas na rede pública de ensino de Teresina por falta de cuidadores. A Secretaria Municipal de Educação (Semec) informou que o déficit de profissionais é devido à desistência dos classificados no processo seletivo.

De acordo com a Lei 12.764/12, de direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um direito das pessoas com deficiência o acompanhamento especializado por um profissional.

Muito revoltada e chorando, a bancária Erika Sousa lamenbtou que seu filho portador de TEA matriculado na Escola Municipal Simões Filhos, na Zona Sul de Teresina, tenha sido dispensado das atividades escolares porque a instituição não possui um auxiliar de inclusão em sala de aula.
Imagem: Reprodução  Por falta de acompanhante especializado, mais de 700 alunos com necessidades especiais ficam sem aula em Teresina.(Imagem:Reprodução) Por falta de acompanhante especializado, mais de 700 alunos com necessidades especiais ficam sem aula em Teresina.

"Hoje as aulas aqui na Escola Simões Filhos voltaram 100% presenciais, mas o meu filho não pode ficar em sala porque não tem uma assistente acompanhar ele. Eu já falei com a Semec, com a escola, um fica jogando para o outro e nada de um assistente aparecer. Tenho que ficar em casa pra ajudar ele, mas meu filho só quer estar em uma sala de aula",
disse ela.

A bancária reforçou que o filho tem condições de estudar e de acompanhar a série dele, só precisa ser alfabetizado. "Só quero um assistente pra ficar com meu filho que é um direito por lei", disse a mãe.

Profissionais desistiram da função, segundo prefeitura

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, atualmente há um déficit de mais de 300 profissionais que auxiliam esses alunos durante as atividades, a locomoção e a alimentação. A demanda de estudantes do município é muito superior à quantidade de auxiliares de apoio à inclusão.
Imagem: Reprodução Por falta de acompanhante especializado, mais de 700 alunos com necessidades especiais ficam sem aula em Teresina.(Imagem:Reprodução) Por falta de acompanhante especializado, mais de 700 alunos com necessidades especiais ficam sem aula em Teresina.

A Semec informou que existem 1.237 crianças portadoras de TEA matriculadas na rede de ensino municipal para apenas 499 profissionais de acompanhamento especializados. A direção da escola Simões Filhos também confirmou esse déficit.

"A gente está mantendo a rotina de rodízio com os alunos com deficiência. Atualmente temos 33 crianças que precisam de acompanhamento e a gente carece de pessoal de apoio para acompanhar esses alunos" ,
comentou Jerry Sousa, diretor da instituição.

Essa realidade também é visível no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Carlos Drummond de Andrade, no bairro Torquato Neto, Zona Sul da capital. Na escola é onde está matriculado Pedro Arthur, aluno com deficiência.

Conforme, a operadora de telemarketing Joyce Duarte, mãe de Pedro, existia um profissional de acompanhamento no Cmei até março deste ano, mas agora não há . Ela se revoltou com a situação de falta de cumprimento do direito à educação para seu filho.

"Ele era pra estar mais desenvolvido em relação a fala. A escola em si ela ajuda, porque ele vai ter o apoio das outras crianças falando ao redor dele, então eu creio que o acompanhante ajudaria o meu filho nessa questão. O Pedro Arthur é uma criança que precisa bastante da gente, pra comer, pra beber, para ir ao banheiro",
destacou Joyce.
Imagem: ReproduçãoPor falta de acompanhante especializado, mais de 700 alunos com necessidades especiais ficam sem aula em Teresina.(Imagem:Reprodução)Por falta de acompanhante especializado, mais de 700 alunos com necessidades especiais ficam sem aula em Teresina.

Ainda de acordo com a Secretaria de Educação de Teresina, foram classificados, em 2021 por meio de processo seletivo, mais de 800 novos auxiliares de sala de aula, porém alguns dos profissionais desistiram de assumir a função.

O secretário executivo de ensino da Semec, Kleitton Halley, explicou que a desistência foi ocasionada pela volta da modalidade presencial do ensino superior, fazendo com que alguns graduandos voltassem ao regime integral de aulas, sem tempo para atuar na rede municipal de ensino.

Enquanto isso, alunos com deficiência seguem sendo prejudicados pela falta de profissionais auxiliares para suas atividades de aprendizado.