Vitalidade de Sebastião Biano (1919 ? 2022) fica eternizada no sopro de modernidade da Banda de Pífa

31/08/2022 15h29


Fonte G1

Imagem: Fábio TitoClique para ampliarO mestre do pífano Sebastião Biano em 2019, quando festejou 100 anos de vida dedicada à música(Imagem:Fábio Tito)O mestre do pífano Sebastião Biano em 2019, quando festejou 100 anos de vida dedicada à música

Caetano Veloso e Gilberto Gil sempre fizeram questão de enfatizar que o som da Banda de Pífanos de Caruaru foi uma das peças que ajudaram a montar o mosaico de referências musicais trituradas no liquidificador que gerou o conceito da Tropicália.

E falar dessa banda de pífanos – de origem alagoana despistada pelo fato de o nome da cidade pernambucana de Caruaru (PE) figurar no nome com o qual o grupo ganhou projeção nacional em 1972 – é falar forçosamente do músico e compositor Sebastião Clarindo Biano (23 de junho de 1919 – 27 de agosto de 2022), sopro de vitalidade na trajetória.

Sebastião Biano – como o músico era conhecido artisticamente – morreu no sábado em hospital de Ribeirão Pires (SP), 103 anos após ter vindo ao mundo em Mata Grande (AL), no sertão de Alagoas, em família de retirantes.

Último remanescente da formação original da banda, Biano tocou pífano para Gilberto Gil em maio de 1967 quando, de passagem por Pernambuco, o artista baiano quis ir a Caruaru (PE) conhecer o grupo, estabelecido naquela cidade desde 1939 após transitar por várias cidades do nordeste como retirante.

Gil gostou do som da banda, detectou nos pífanos uma pujante modernidade enraizada na tradição e levou fita cassete com esse som, que seria ouvido por Caetano.

Cinco anos após a Tropicália, movimento deflagrado em 1967 e culminado em 1968, Gil mixou rock e regionalismo nordestino no primeiro álbum gravado após a volta do exílio em Londres, em 1972, Expresso 2222, aberto com registro instrumental de Pipoca moderna, tema de autoria de Biano que ganharia letra escrita por Caetano Veloso e apresentada posteriormente pelo artista no álbum Joia (1975).

No embalo da exposição de Pipoca moderna no álbum Expresso 2222 (1972), a Banda de Pífanos de Caruaru gravou o primeiro álbum, ponto marcante em trajetória iniciada em 1924, em Olho DÁgua (AL), cidade do interior de Alagoas.

Sebastião tinha cinco anos quando começou a tocar pífano – na ocasião, um pedaço de bambu tornado flauta no improviso cotidiano – na formação original da banda chamada originalmente Zabumba de Seu Manuel em alusão ao nome do patriarca da família, Manuel Clarindo Biano.

Tornado músico desde a infância pelo dom e pelas circunstâncias da vida dura da família, Sebastião participou do grupo de 1924 até 1999, ano da morte do irmão Benedito Biano, também integrante da formação original de 1924.

Em 2015, aos 96 anos, o artista lançou o primeiro álbum solo, Sebastião Biano e seu Terno Esquenta Muié. O segundo, Chego já (2017), veio ao mundo dois anos depois, coroando trajetória de longevidade rara eternizada na música brasileira através do sopro de modernidade da Banda de Pífanos de Caruaru.

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Tópicos: caruaru, trajet?ria, biano