Talibã mata cantor de músicas folclóricas em região do Afeganistão onde ainda há conflitos

29/08/2021 14h09


Fonte G1

 
Imagem: ReproduçãoClique para ampliarMembros do Talibã já haviam ido à casa de Andarabi ?eles até mesmo beberam chá com o músico, disse o filho de Fawad, Jawad Andrabi. No entanto, na sexta-feira os talibãs mataram o(Imagem:Reprodução)

Um membro do Talibã matou o cantor folclórico Fawad Andarabi no Afeganistão em circunstâncias que ainda não são claras, disse a família do músico neste domingo (29).

O assassinato aconteceu na sexta-feira, no vale do Andarabi, uma região montanhosa na província de Baghlan, a cerca de 100 quilômetros ao norte de Cabul.

O Talibã afirma que controlou a região do vale, mas lá há alguns distritos onde milícias que ainda entram em confronto com o grupo extremista. Essa área é vizinha de Panjshir, a única província que o Talibã não conseguiu dominar.

Membros do Talibã já haviam ido à casa de Andarabi —eles até mesmo beberam chá com o músico, disse o filho de Fawad, Jawad Andrabi. No entanto, na sexta-feira os talibãs mataram o cantor.

"Ele era um cantor inocente, que só entretinha as pessoas. Eles deram um tiro em sua cabeça", disse Jawad.

O filho afirmou que vai procurar justiça, e que um conselho local do Talibã prometeu punir os autores do assassinato.

O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, afirmou que o grupo vai investigar o incidente, mas não tinha informações sobre a morte.

Andarabi tocava um instrumento chamado ghichak, uma espécie de alaúde. Ele cantava músicas sobre o lugar onde ele nasceu, sobre seu povo e sobre o Afeganistão.

Um vídeo publicado em redes sociais mostra Andarabi cantando, sentado em um tapete, no meio das montanhas. A letra diz que "Não há um país no mundo como a minha terra, uma nação orgulhosa, nosso lindo vale, a casa dos nossos antepassados".

Karima Bennoune, relatora da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à cultura, afirmou que tem grande preocupação pela morte de Andarabi. "Pedimos aos governos que exijam do Talibã o respeito aos direitos de artistas", ela afirmou em uma rede social.

Agnes Callamard, secretária-geral da Anistia Internacional, disse que há evidências que o Talibã de 2021 é tão intolerante, violento e repressor como o de 2001.


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