Silva refresca cancioneiro autoral brasileiro com bossas, brisas e sopros no show do álbum Cinco

09/05/2021 11h49


Fonte G1


Imagem: ReproduçãoClique para ampliarO frescor com que Silva embutiu o tema jazzístico Take five (Paul Desmond, 1959) em Infinito particular (Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes, 2006), por exemplo, eviden(Imagem:Reprodução)
  A obra e a carreira de Silva estão divididas em duas partes que quase já não se comunicam. Existe o Silva que foi até o segundo álbum, Vista pro mar (2014), com som indie e introspectivo, influenciado pelo tecnopop da década de 1980.

E existe o Silva descaradamente pop e romântico que se insinuou a partir de Feliz e ponto (2015), canção autoral do álbum Júpiter (2015) que ampliou o público do artista pela força do clipe que hasteou a bandeira da liberdade sexual.

Esse movimento do artista capixaba rumo ao mainstream foi estendido em 2016 com o disco e o show em que Silva abordou o repertório de Marisa Monte, tendo sido consolidado com os álbuns Brasileiro (2018) e Cinco (2020), discos afins, separados na obra do artista pela passagem do Bloco do Silva, aliciante show populista calcado no repertório da era de ouro da axé music.

Estreado no fim da tarde de sábado, 8 de maio, o show de lançamento do álbum Cinco – a rigor, uma live, apresentada com vista para o mar de Vitória (ES), cidade natal de Lúcio Silva – deixou bem claro a cisão na trajetória do artista, parceiro do irmão Lucas Silva na criação da obra autoral.

Quem estava ali – alternando-se no violão e nos teclados para desfiar o cancioneiro mais recente com primorosos arranjos executados pela big band formada pelos músicos Anderson Xuxinha (percussão), Betinho Barcellos (trombone), Bruno Santos (trompete), Gabriel Ruy (bateria), Hugo Maciel (baixo), Juninho Preto (guitarra) e Tiago Veloso (saxofone) – era o Silva pop, mas já sem a fragilidade do irregular álbum Júpiter, ponto da cisão da obra.

Silva vem evoluindo como compositor desde o álbum Brasileiro – sim, fazer boa música pop é dom que poucos têm – e o sucessor Cinco flagrou o artista em ponto de maturação.

Haters de Silva poderão encontrar munição para atacá-lo pelo canto cool, por vezes esmaecido. Mas esse é o tom de Silva e, na live-show de Cinco, a voz se harmonizou com as canções. O que impressionou positivamente é que o cantor refrescou o repertório autoral pós-Brasileiro – e, sim, também alguns hits de Marisa Monte, como Beija eu (Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Arto Lindsay, 1991) e Bem que se quis (E po che fa, Pino Danielle, 1982, em versão em português de Nelson Motta, 1989) – com bossas, brisas e os sopros do trio de metais.

O frescor com que Silva embutiu o tema jazzístico Take five (Paul Desmond, 1959) em Infinito particular (Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes, 2006), por exemplo, evidenciou a evolução contínua do artista. Quase etéreo, o número sobressaiu no roteiro que encadeou 28 músicas em 26 números.

Mesmo recentes, posto que quase todas foram lançadas entre 2018 e 2020, várias músicas do cancioneiro autoral de Silva já soaram renovadas na live pelos arranjos.

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