Reunião de Nando Reis e Pitty em show dá liga ao irmanar as músicas dos artistas com a energia do ro

10/10/2022 14h45


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoNando Reis em momento terno com Pitty(Imagem:Divulgação)Nando Reis em momento terno com Pitty

Música composta por Pitty e apresentada há 19 anos no primeiro álbum da artista, Admirável chip novo (2003), Temporal caiu tão bem e forte na voz de Nando Reis, em número arrepiante que elevou a canção à outra dimensão (inclusive pelo gesto político do cantor no verso final “E as armas pra trás”), que bastaria esse memorável momento para justificar a ida à casa Qualistage na noite de ontem, 8 de outubro, para assistir à estreia carioca do show PittyNando – As suas, as minhas e as nossas.

Só que Nando Reis e Pitty ofereceram (muito) mais nesse primeiro grande encontro dos artistas em cena, em turnê que vem rodando o Brasil desde junho, mês em que o show teve première no festival paulista João Rock.

Temporal sobressaiu na arrebatadora apresentação que lotou pista, frisas e camarotes da casa Qualistage, mas esse nem foi o número que mais bem traduziu o espírito do show PittyNando porque, em que pesem eventuais solos, houve real e total interação entre os artistas, juntos no palco durante as duas horas de show.

E o fato é que a reunião de Nando Reis e Pitty em show deu liga, revitalizando e irmanando as respectivas obras com o entrelaçamento das músicas de ambos, ora por afinidade temática – caso da inadequação social, assunto comum entre Máscara (Pitty, 2003) e Não vou me adaptar (Arnaldo Antunes, 1985), a rigor um hit dos Titãs sem a assinatura de Nando – ora pela atração rítmica, como a que fez o link de Te conecta (Pitty, 2018) com Marvin (Patches – Ronald Dunbar e General Johnson, 1970, em versão em português de Nando Reis e Sergio Britto, 1984) na levada jamaicana que foi do mento (ritmo precursor do rocksteady) ao reggae.

Como o tempo tem ido depressa, Nando Reis e Pitty estão se encontrando no palco em momento de plenitude. Aos 45 anos, recém-completados na sexta-feira, 7 de outubro, a cantora e compositora baiana já contabiliza 25 anos de carreira que lhe deu visibilidade nacional a partir de 2003. Nessa estrada, o quinto e por ora último álbum solo de estúdio de Pitty, Matriz (2019), flagrou a cantora em plena forma, de chip trocado.

A caminho dos 60 anos de vida, a serem festejados em 12 de janeiro, o paulistano Nando Reis está em cena há quatro décadas e, de todos os ex-Titãs, é o que conseguiu pavimentar a carreira solo mais autossustentável por ter se mantido popular pela monumental produção autoral que gerou algumas das mais melodiosas e apaixonantes canções do universo pop, como All star (2000) e Relicário (2000), ambas com as respectivas belezas realçadas no show pelo canto de Pitty.

Embora separados por algumas gerações, Nando Reis e Pitty se irmanaram no palco do Qualistage pela energia jovial do rock, mote do som da banda que agrega três músicos já habituados a dividir a cena com a cantora – Daniel Weksler (bateria), Martin Mendonça (guitarra) e Paulo Kishimoto (lap steel e percussão) – com dois instrumentistas, Alex Veley (teclados) e Felipe Cambraia (baixo), arregimentados na banda de Nando, cujo toque do violão evocou em números como O segundo sol (Nando Reis, 1999) a essência pop folk de grande parte do cancioneiro do compositor.

Turbinada com o calor do coro do público, ouvido em praticamente todas as 26 músicas do roteiro, a energia roqueira gerou show realmente eletrizante que fez a plateia cantar sozinha o infalível refrão de Me adora (Pitty, 2009) ao fim do número.

Celebrada na música inédita PittyNando (2022), composição que abriu esse roteiro cravejado de hits e abriu também a parceria dos artistas, a reunião de Pitty e Nando Reis fluiu tão bem no palco que o show passou depressa como o tempo que escorre pelas mãos. Mas o tempo do show foi suficiente para que o público visse com clareza ali, em cada marca ou música, duas histórias relevantes que se afinaram sob a égide do rock que nunca envelhece.

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Tópicos: rock, pitty, nando