"Rare" tem Selena Gomez falando de "boys lixo" e ansiedade ao som de R&B e pop suave

10/01/2020 09h30


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoCapa do álbum

Aos que achavam um charme o canto sibilante e sussurrado de Selena Gomez, um aviso: "Rare", terceiro álbum solo da cantora e atriz americana de 27 anos, não é tão cochichado assim.

Mais solta e articulada, Selena escancara a boca para cantar no melhor disco da carreira. É possível dançar em músicas como a esperta "Look at her now", mas o repertório é mais cadenciado.

"Rare" é basicamente composto por pop suave e sofrência R&B, termo usado para falar do pop americano com um quê de blues e soul. Crises de ansiedade ou com ex-namorados estão em quase todas as letras.

Tudo é muito coeso, com várias mudanças de rotação: as vozes aparecem fininhas e depois mais grossas. O uso desse recurso faz lembrar o som de bandas mais indies, como o Vampire Weekend, e de funks mais raiz, como "Bum bum tam tam".

As músicas foram criadas em um momento complicado da vida pessoal da cantora. Selena foi diagnosticada com ansiedade e depressão, além de ter lúpus. Em 2017, como parte do tratamento dessa doença autoimune, precisou passar por um transplante de rim.

No álbum, ela fala bastante sobre saúde mental. Com uivos hipnotizantes, "Let me get me" versa sobre tentar descansar a mente: "Sem auto sabotagem, sem ser controlada pelo meus pensamentos".

Outro pop ansioso, "Fun" tem boas cantadas como "você me dá uma onda melhor do que a minha medicação". É a melhor do disco.
Primeira a ganhar clipe, e o topo da parada americana, "Lose you to love me" tem arranjo intenso e letra sobre uma relação tóxica.

Ela namorou Justin Bieber e The Weeknd, mas não confirma sobre quem é a balada. Como essa, há outras letras em que fala sobre ter se entregado em relações anteriores, a troco de quase nada.

"Se eu abrir meu coração para você, eu sei que você o trancaria / Jogaria fora a chave ou deixaria pra sempre no seu bolso", canta em "Vulnerable". Essa tem vocais picotados e com muitos ecos.

Em "Cut you off", Selena volta a falar sobre largar um cara que não a fazia bem. "Como eu pude confundir aquela merda com amor?", pergunta, antes do refrão.

Imagem: DivulgaçãoCapa do álbum Capa do álbum "Rare", de Selena Gomez 

Novas músicas, velhos parceiros

Com poucas novidades em seu time de compositores e produtores, Selena repete parceiros, como a amiga Julia Michaels.

A dupla sueca Mattman & Robin (de "Hands to myself") e os americanos Ian Kirkpatrick e Justin Tranter (de "Bad Liar") estão de volta. Novidade, Finneas, o irmão e parceiro de Billie Eilish, coproduz "Lose you to love me".

As participações dos rappers 6lack (na romântica "Crowded Room") e Kid Cudi (na esperançosa "A Sweeter Place") são bem discretas.

As duas piores

Pior do disco, "Ring" destoa do resto, com uma latinidade enlatada que nada tem a ver com Selena. É difícil entender como conseguiu vaga no álbum, mesmo parecendo um lado B da Camila Cabello.

"Kinda Crazy" é outra menos inspirada. Criada em 2016, é um pop meio ordinário, com levada de violão e vocal aerado. "Eu acho que você é meio louco, e não no bom sentido, baby, porque você está agindo de um jeito sombrio", canta Selena.

Mas são só dois momentos medianos de um álbum bem pensado e gravado. Selena fez valer o clichê empresarial "crise é igual oportunidade": transformou uma fase ruim pessoal em um começo promissor de uma nova fase profissional.

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Tópicos: selena, disco, rare