Ortinho festeja Lia de Itamaracá e entra no mar revolto de Alceu Valença no tom lisérgico do álbum
19/07/2025 12h23Fonte G1 Cultura

Em 2018, Ortinho estreou o show Nordeste psicodélico, tributo ao movimento dos anos 1970 que injetou a energia do rock com tons lisérgicos na música da região, povoada pelo som de nomes então ascendentes como Alceu Valença, Ave Sangria, Lula Côrtes (1949 – 2011) e Zé Ramalho.
Atento aos sinais de revalorização desse movimento, Ortinho – nome artístico de Wharton Gonçalves Coelho Filho, poeta e compositor pernambucano surgido na cena da agreste cidade natal de Caruaru (PE) e revelado na efervescente década de 1990 como vocalista da banda Querosene Jacaré – cogitou inclusive batizar de Nordeste psicodélico o álbum que lançou ontem, 18 de julho, com o título de Repensista, neologismo criado pelo artista.
Sexto álbum solo de Ortinho, Repensista teve três músicas – De repente Cássia Eller (Ortinho e Rovilson Pascoal, 2024), Grito de uma arara (Ortinho e Marco Polo, 2024) e Senhora do amor (Ortinho,2024) – adiantadas em maio do ano passado em single também intitulado Repensista.
Além de rebobinar essas três faixas já conhecidas, o álbum Repensista apresenta seis gravações inéditas, sendo uma fora do trilho autoral em que segue o disco gravado no estúdio Parede meia, em São Paulo (SP), com a fundamental produção musical do guitarrista Rovilson Pascoal, também criador dos arranjos em função dividida com o próprio Ortinho.
Trata-se de Quando eu olho para o mar (1981), música de Alceu Valença que abriu um álbum menos ouvido do artista, Cinco sentidos, de 1981. A outra regravação, Solto no tempo (2006) é música da lavra do próprio artista, tendo sido lançada pelo autor no álbum Somos (2006).
Da safra autoral inédita, há a serena balada Amor e paixão (2025), a provocativa Há quem diga (2025), um tributo à diva da ciranda Lia de Itamaracá – Eu e Lia, faixa que ecoa Ciranda de Lia (2002), outro tributo de Ortinho à artista, este gravado no primeiro álbum solo do cantor, Ilha do destino (2002) – e Repensista dos encantados, faixa que abre o disco com mix de riffs de guitarra com a prosódia dos cantadores nordestinos do agreste onde Ortinho veio ao mundo em 1964 em um nordeste que alguns poucos anos depois já se tornaria psicodélico.