O que torna a Comic-Con de San Diego tão especial?

27/07/2019 13h51


Fonte Revista Galileu

Imagem: Gage Skidmore/Wikimedia CommonsComic Con de San Diego(Imagem:Gage Skidmore/Wikimedia Commons)Comic Con de San Diego

Nos quatro dias da 50ªInternational Comic-Con: San Diego, que ocorreu entre 18 e 21 de julho, uma pergunta não saiu da minha cabeça: o que torna essa convenção tão especial? Com tantas outras comic-cons no mundo, algumas inclusive maiores em número de participantes, como a de Nova York e a de São Paulo, por que a de San Diego permanece o centro das atenções?

As respostas que encontrei foram muitas. Há a percepção óbvia de que ela é o palco dos principais anúncios de lançamentos e novidades dos grandes estúdios — vide o anúncio da quarta fase do universo cinematográfico da Marvel, que terá Natalie Portman como nova Thor e Angelina Jolie como primeira heroína gay, entre outros 11 novos filmes e séries. É também onde atores e criadores se sentem à vontade para dar spoilers ou conversar de um jeito mais descontraído com os fãs, como ocorreu no painel de Game of Thrones.

Pelos corredores e entre as centenas de estandes, houve quem me dissesse que é o melhor lugar para fazer conexões de trabalho, o famoso networking. De fato, até alguns cosplayers não hesitavam em entregar seus cartões de visita para quem pedia uma foto.

Uma das melhores explicações veio de um dos artistas do Artist’s Alley, Dave Garcia, 67 anos, que frequenta a Comic-Con há 44 anos. Ele acredita que ela sempre foi mais do que uma simples convenção para nerds viciados em quadrinhos. “É o espírito de aventura que essas histórias trazem”, disse. “Quando você entra aqui, todo mundo tem algo em comum, e isso não mudou, ela só ficou maior e mais barulhenta.”

Seja qual for a resposta, porém, todas parecem levar a uma única conclusão: o que torna a Comic-Con de San Diego tão especial são as pessoas. “Esse é um esforço de equipe e não aconteceria sem as milhares de pessoas, inclusive os fãs, que fazem ele dar certo”, disse a presidente da Con, Robin Donlan, em um dos painéis.
É verdade. Sem nunca ter ido a outra Comic-Con na vida, eu estava receosa por não saber o que encontrar. Tudo o que ouvia eram boatos de filas quilométricas, e imaginava uma desorganização generalizada com pessoas vestidas de super-heróis.

Não é nada disso. Quer dizer, a Comic-Con realmente parece o mais próximo que os Estados Unidos chegarão de um Carnaval. Nos quatro dias de evento, as ruas ficam tomadas por pessoas fantasiadas, e os locais se divertem junto com os frequentadores da Con. Mas é tudo na maior paz e muito, muito organizado. Até as filas. Elas, aliás, são encaradas pelos frequentadores como uma oportunidade para conhecer gente.

E os momentos mais divertidos, no fim, são justamente os inusitados e protagonizados por pessoas comuns. Claro, todos queremos saber quais serão os próximos lançamentos da TV e do cinema, mas eles estarão na internet para qualquer um ver.

São situações como ver dinossauros atravessando uma rua movimentada no centro da cidade, as apresentações do concurso de fantasias (que devem ser originais e feitas à mão, não podem ser compradas prontas) no meio de uma plateia participativa e eufórica, ou mesmo ouvir crianças e adolescentes aos prantos fazerem uma pergunta para seu elenco favorito diante das mais de seis mil pessoas no Hall H, que arrancam os melhores sorrisos. E até quem não entende muito bem o que torna a International Comic-Con: San Diego tão especial passa a fazer parte da massa de fãs que não querem que o fim de semana acabe.

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