Nesse 1º de maio, conheça artistas que trabalham nos bastidores da cultura

01/05/2019 11h54


Fonte Gente

Quase sempre são os grandes artistas que ganham manchetes e holofotes. Mas antes de qualquer produção ficar pronta para ser exibida nos palcos ou nas telas, existem muitas pessoas por trás garantindo o sucesso desses projetos.

Neste Dia do Trabalho , celebrado nesta quarta-feira (01), destacamos cinco artistas que trabalham dos bastidores das artes, fundamentais para toda a cadeia criativa.

Leila Melo, chefe de camarim do Teatro Municipal

“Ô, nega, cadê meu buraco?”, pergunta Zeca Pagodinho a Leila Melo toda vez que chega aos bastidores do Teatro Municipal, na Cinelândia. Dá gosto de ver a cumplicidade entre o sambista e a coordenadora-chefe de camarins do teatro (“eu amo o Zeca, e ele me ama”, diz ela), que faz questão de acolher bem o amigo quando ele se apresenta por lá. “Leila é minha comadre. Sempre bota minha cervejinha no lugar e é sorridente”.

Nana Caymmi é outra fã. “Tenho muito carinho pela Leila”, afirma. “Ela sempre separa o melhor camarim para mim, tanto que o Emílio Santiago sempre saía do dele para ir para o meu. Dizia: ‘Vou ficar com você, Caymmi’”, lembra ela, imitando a voz grave do cantor, morto em 2013.

Nascida em Copacabana, Leila está no posto há 23 anos, mas sua relação com aquele espaço é bem mais antiga. Ela cresceu nas coxias do teatro, onde a mãe exerceu o mesmo ofício durante 40 anos. Foi com ela que a camareira de 62 anos, fluente em inglês, alemão, italiano e francês, aprendeu os segredos da profissão. “Tem que ter muito amor, carisma e paciência”, define ela. “É preciso saber quais artistas se pode juntar no mesmo camarim para evitar atrito e entender que, às vezes, eles precisam só de carinho”.

Para Leila, discrição também é a alma do negócio. “A camareira sabe tudo e ao mesmo tempo não sabe de nada”. Guardar segredo é com ela mesma: repórteres que já cobriram os bastidores do Prêmio da Música, evento que espalha um enorme número de artistas pelas salinhas reservadas do Municipal, sabem como é difícil arrancar da camareira informações sobre manias ou pedidos inusitados das estrelas. Por ali passaram ainda nomes como o Barack Obama (“simpático”), Dione Warrick (“sempre me abraça e beija”), Will Smith, o Papa Francisco, entre muitos outros: “Isso aqui é um mundo”.

Rubinei Filho, técnico de som na área de audiovisual

A proeza de conseguir fazer silêncio absoluto enquanto capta o som de uma cena rendeu a Rubinei Filho o apelido de “ninja do som”. “Não dá nem para ouvir os passos dele quando está filmando”, diz Beto Moreira, diretor do Vídeo Fundição, onde Rubinei se formou com Márcio Câmara, nome de referência no som direto do cinema brasileiro.

Depois de servir o exército, Rubinei, que nasceu em São João de Meriti (RJ), foi trabalhar carregando caixas numa empresa de locação de equipamentos de iluminação. Aos poucos, começou a conhecer profissionais do audiovisual, interessou-se pelo assunto, até que resolveu se aprofundar. Ainda no curso na Fundição, recebeu o convite para trabalhar em “Cara Metade”, série de Júlia Rezende, e não parou mais.

“O que mais me interessa nesse trabalho é a gente não precisar enxergar para ver”, filosofa. “É uma função solitária, só você sabe se está dando certo ou não. Depois do ‘roda’ e do ‘corta’, a responsabilidade é só sua, porque imagem, todo mundo vê e dá pitaco, né?”.

Mas é da imagem que ele parte. “A gente faz o som para ela, é preciso se adequar”, diz o profissional, que criou a Associação dos Microfonistas e Assistentes de Som Direto do Rio. “A ideia é captar o som sem que os outros percebam, se tornar a solução e não o problema”, explica.

Esse entendimento é outra qualidade de Rubinei, segundo o cineasta Vicente Amorim, que trabalhou com ele na série “Espinosa” e nos longas “Irmã Dulce”, e “Motorrad”. “Rubinei se envolve com os filmes que faz”, destaca. “Ele não só faz a função dele muito bem como se preocupa em entender a dificuldade e as motivações daquele trabalho. E não há como ajudar contar uma história sem saber do que se trata”. Hoje, Rubinei integra a equipe da série “Me chama de Bruna”, da TVZero.

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Tópicos: camarim, artistas, teatro