Morte no Nilo é suspense datado, mas divertido com seu elenco de cancelados

10/02/2022 11h16


Fonte G1

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Algumas atuações merecem destaque. Gadot é uma destas. Ela enche a tela toda vez que aparece e é dona de uma personalidade que a alterna entre a posição de mocinha e anti-heroína d(Imagem:Reprodução)
A adaptação de "Morte no Nilo", baseada no romance homônimo de Agatha Christie, tinha muitos monstros para vencer: a crítica negativa que acompanhou o diretor e ator Kenneth Branagh após o filme "Assassinato no Expresso Oriente", adiamentos pela pandemia e o cancelamento de três artistas do elenco principal nesse meio tempo.

Mas Branagh conseguiu calibrar o que não funcionou no filme de 2017 e entregou um longa datado, sim, mas também divertido e exuberante. Além de um triângulo amoroso e a consequente busca por vingança bem construídos e envolventes.

É um prato cheio e delicioso para fãs de Agatha Christie e das histórias mais simples do gênero “quem matou”. E um prato meio morno para quem curte um bom suspense e não tem apego emocional pelas aventuras de Poirot.

Gal Gadot lidera o elenco como a herdeira milionária e cobiçada Linnet Ridgeway. Linda e generosa, ela topa ajudar o noivo da amiga Jacqueline de Bellefort (Emma Mackey). Simon Doyle (Armie Hammer) tem um rostinho lindo, mas nada no bolso e precisa trabalhar para se casar com a amada.

Menos de dois meses depois, tudo mudou e é Linnet quem casa com o ex-noivo da amiga. Com festão e lua de mel no Egito, e cercada de amigos e familiares que a amam, mas se beneficiariam de sua morte, ela pede proteção de Hercule Poirot até que a viagem termine.

Branagh teve um azar danado com a escalação de seu time principal. Gadot já foi criticada mais de uma vez por comentários sobre o conflito entre Israel e Palestina. Letitia Wright foi cancelada porque se recusou a tomar a vacina contra a Covid-19 e compartilhou notícias falsas sobre os imunizantes.

Mas o caso mais grave é o de seu galã. Hammer é investigado após ter recebido uma acusação de estupro no ano passado.

Algumas atuações merecem destaque. Gadot é uma destas. Ela enche a tela toda vez que aparece e é dona de uma personalidade que a alterna entre a posição de mocinha e anti-heroína da história por vezes.

Mas quem brilha é a novata Emma Mackey. Ela traduz perfeitamente a delícia e o perigo de amar demais, uma femme fatale enganada e vingativa. O elenco tem ainda Rose Leslie, Tom Bateman, Sophie Okonedo e Annette Bening.

O roteiro de Michael Green perde um dos trunfos das histórias de Christie por não se aprofundar tanto nos personagens e suspeitos.

Mesmo com tantos reveses, "Morte no Nilo" é um bom entretenimento, com muitas reviravoltas, caçadas, mortes e tensão. Tudo isso com o toque claustrofóbico do barco luxuoso em que os personagens estão à bordo.


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