Ludmilla explicita o poder do sexo feminino em EP de funk e evoca MC Beyoncé

24/03/2022 10h57


Fonte G1

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Foi comigo inclusive versa sobre tórrida noite de amor entre duas mulheres enquanto O Bruna alude no título naturalmente à esposa de Ludmilla em funk que mostra mulheres no comando(Imagem:Reprodução)
No título do EP Back to Be, lançado por Ludmilla na noite desta quarta-feira, 23 de março, com seis músicas inéditas, a artista evoca o passado como MC Beyoncé, codinome com o qual entrou há dez anos no universo do funk carioca, sob a batuta do empresário Matheus de Souza Vargas Júnior, o MC Roba a Cena.

Só que MC Beyoncé já ficou no passado de Ludmilla – e de lá não mais voltará. Até porque já se passaram dez anos e agora quem rouba e domina a cena é Ludmilla Oliveira da Silva, a cantora e compositora fluminense que, ao longo dessa década, já assumiu o amor pela dançarina Brunna Gonçalves, enriqueceu, ganhou poder no mundo da música – fato ainda incomum nas biografias de mulheres negras vindas da periferia – e se tornou um dos nomes mais influentes do Brasil.

Embora esteja eternizada na memória afetiva de Ludmilla por ter personificado o início dessa trajetória vitoriosa, MC Beyoncé existiu somente entre 2012 e 2013.

Disco gravado com produção musical creditada à empresa Mousik, representada por DJ Will 22 e DJ 2F, o EP Back to Be traz de volta o batidão do funk para a discografia de Ludmilla, até então mais voltada para o pagode e para o pop, mas quem entra no baile é a cantora empoderada e assumida de 2022. A mulher que fala de sexo sem pudor, até mesmo por ter sido voz relevante na revolução feminina que enfrentou ao longo dos anos 2010 o machismo (ainda) reinante no universo do funk.

É explicitamente feminina a lírica altamente erótica de funks autorais como Foi comigo e O Bruna – ambos cantados por Ludmilla com as colaborações de DJ 2F e DJ Will 22, personas artísticas de Felipe Gomes de Souza e Wilson da Silva Anselmo, respectivamente.

Foi comigo inclusive versa sobre tórrida noite de amor entre duas mulheres enquanto O Bruna alude no título naturalmente à esposa de Ludmilla em funk que mostra mulheres no comando dos próprios corpos. “Só vai passar a mãozinha se eu deixar”, avisa Ludmilla, marcando território feminino.

Assim como Foi comigo e O Bruna, Ai Maria é funk formatado com programação de bateria, teclados e arranjos dos DJs recorrentes no disco, 2F e Will 22, sendo que os loops são de Fera do Mar, nome artístico do engenheiro de som Paulo Cezar Lisboa Filho.

A repetição do time gera certa linearidade nas batidas da primeira metade do EP Back to Be. Com letra bilíngue que alterna versos em português e inglês, Down down down quebra o ritmo – sem configurar ruptura no fluxo do disco – com a entrada de MC Don Juan (coautor e convidado do funk) no arranjo de João Pedro Leite Machado, o Machadez.

Quinta faixa, Tudinho retoma a batida e o tema – o sexo – da parte inicial do EP enquanto Putari4 arremata o disco com o encontro de Ludmilla com Akon em gravação que se afina com o tom de Back to Be, com a percussão eletrônica de Stefan Baby.

Akon canta a parte em inglês do funk, mas sem fazer de fato a diferença neste EP em que Ludmilla evoca o passado de MC Beyoncé em 2012, mas com o foco no presente da própria Ludmilla em 2022.


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Tópicos: funk, disco, ludmilla