Judy Garland: 7 polêmicas sobre a vida e a carreira da artista

02/02/2020 11h27


Fonte Revista Galileu

Indicada a duas categorias do Oscar, a cinebiografia Judy: Muito além do arco-íris estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas brasileiros. Inspirada na peça de teatro End of the Rainbow, de Peter Quilter, o longa-metragem retrata a vida da diva hollywoodiana três décadas após a grande estreia de O Mágico de Oz — e seis meses antes de sua morte.

Em meados de 1968, época em que se passa o filme, Garland não possuia mais a fortuna ou a agenda lotada de shows de outrora. Sem poder garantir uma vida estável aos filhos, a artista partiu rumo à Londres para fechar contrato com o teatro Talk of the Town, um dos últimos lugares onde se apresentou. Em meio a esses desafios, Garland ainda enfrenta problemas de saúde e os dramas de seus relacionamentos com o ex-marido e o futuro noivo. Nas telonas, a atriz Renée Zellweger, favorita ao Oscar de Melhor Atriz, interpreta brilhantemente uma Judy consumida por Hollywood.

Falando na terra natal do cinema norte-americano, o filme também pincela os abusos e assédios sofridos por Garland no início de sua carreira na indústria do cinema. Conheça algumas polêmicas da vida e do legado da artista:

1. Bastidores de Hollywood

Aos 13 anos, Garland assinou contrato com a produtora e distribuidora de filmes Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), que foi responsável por tornar o sonho da jovem atriz e cantora em um pesadelo. Obcecados com o peso da adolescente, seus agentes monitoravam e reprovavam o que Garland comia. Nos bastidores, a artista viva em constante estado de fome. A preocupação com sua imagem física perturbaria Garland para o resto de sua vida.

Além disso, a atriz chegava trabalhar 18 horas por dia, seis dias da semana. Para aguentar a rotina, o estúdio lhe dava anfetaminas, hábito que se estendeu por toda a carreira. Segundo o crítico de cinema Roger Ebert, seus produtores a manipulavam com os remédios. "Se Garland tinha problemas, ou você acreditava que ela poderia ter, "lhe dê comprimidos". Acelere-a e desacelare. Opere-a como um relógio", escreveu.

Além disso, a jovem atriz era constantemente assediada nos estúdios, inclusive pelo chefe e cofundador da MGM, Louis B. Mayer, que tocou seu seio esquerdo com a desculpa de apontar para seu coração, de onde sua música saia. "Eu sempre pensava que tinha sorte de não cantar com outra parte da minha anatomia", disse Garland em um memorial inconcluído.

2. Relação com mãe

Ethel Gumm, mãe de Garland , agenciou os primeiros anos da carreira de Garland, a caçula de três irmãs. Ansiosa por tornar as filhas famosas, Ethel incentivava as meninas a atuarem no cinema e as acompanhava nas apresentações das The Sisters Gumm. Em nome da fama, começou a dar comprimidos para dormir à Garland quando ela tinha apenas 10 anos, costume que se tornou um vício ao longo de sua vida.

Por vezes, Ethel foi chamada de "a verdadeira Bruxa Má do Oeste", mas em outras ocasiões Garland defendeu a mãe. "Ela fazia parte de um época que era dura para as mulheres", disse. "Mamãe teve que ter sucesso em tudo o que empreendeu."

3. Coração partido

Judy Garland teve cinco maridos: o compositor David Rose (1941-1944), o cineasta Vincente Minnelli (1945-1951), o produtor Sidney Luft (1952-1965), o ator Mark Herron (1965-1969) e o músico Mickey Deans (1969).

Rose tinha 12 anos a mais do que Garland quando se casaram — ela tinha apenas 19. Anos mais tarde, biógrafos apontaram que Minnelli, pai se sua primeira filha, Liza, era gay. Com Luft, a artista teve mais duas crianças, Lorna e Joey, e, depois do divórcio, alegou ter sofrido violência doméstica. O mesmo aconteceu após dois anos de casamento com Herron, cujos biógrafos também revelam sua atração por homens. Por último, Deans, que é retratado na cinebiografia, era descrito como “medonho” pela assistente da atriz, Lori Wilder.

4. Abortos

Quando tinha apenas 19 anos e era casada com Rose, Garland foi obrigada por sua mãe e pela MGM a fazer um aborto. A justificativa dada por ambos era a de que uma gravidez poderia “arruinar” sua carreira de estrela juvenil. Apesar de ilegal na época, a prática era bastante comum entre celebridades de Hollywood, como Joan Crawford e Bette Davis, que eram abordadas da mesma forma, com ameaças relacionadas ao trabalho.

Mais tarde, em 1951, Judy fez um outro aborto, dessa vez a pedido de Sid Luft, que na época ainda era seu amante. Anos depois de casarem e terem dois filhos, o produtor disse em sua autobiografia que se arrependeu da escolha: “Fui tão injustificável quanto insensível.”

5. Situação financeira

Ao contrário de seu peso e humor, que eram constantemente controlados pelos agentes, a fortuna da artista não foi bem gerenciada, a deixando com várias dívidas no fim de sua carreira. Sem casa e, segundo o The Mirror, ganhando cerca de US$ 100 por apresentação, a atriz chegou a dever milhares de dólares em impostos para a receita do governo norte-americano.

6. Sua morte

Em 22 de junho de 1969, apenas 12 dias depois de ter completado 47 anos, Garland foi encontrada morta no banheiro de sua casa em Londres. A causa de sua morte foi uma overdose de barbitúricos, fármaco de efeito depressor utilizado em anticonvulsivos e sedativos. De acordo com o obituário, sua morte foi acidental, mas em 1947 a atriz havia tentado se suicidar após ser internada em um centro de reabilitação. Ao longo se sua vida, Garland enfrentou depressão, depressão pós-parto, hepatite, cirrose, problemas nos rins etc.

7. Filme reprovado

Após a morte da artista, sua família fez questão de proteger sua imagem e legado — o que inclui opiniões negativas sobre o novo filme sobre a protagonista de Nasce uma estrela (1954).

Assista ao trailer:


Apesar da boa recepção da crítica — ao menos em relação à atuação de Renée Zellweger —, a produção do filme não foi aprovada pela família da artista. Em 2018, quando havia rumores de que Liza Minnelli, filha mais velha de Garland, estava à frente do projeto cinematográfico, a protagonista de Cabaret respondeu em sua página no Facebook: “Eu não sei como essas histórias começaram, mas eu não aprovo ou sanciono o novo filme sobre Judy Garland de forma alguma. Qualquer notícia que diga o contrário é 100% ficção.”

Lorna Luft também desaprova a produção do filme e diz não tê-lo assistido. A família defende que aqueles que queiram conhecer o trabalho da matriarca podem assistir seus musicais, filmes e apresentações originais. “Quando a minha mãe tinha 37 anos, ela já tinha feito 39 filmes, mais de 500 programas de rádio e 1.200 shows”, disse Lorna em entrevista ao Good Morning Britain.

Em cartaz a partir do dia 30 de janeiro, o filme tem duas indicações ao Oscar de Melhor Atriz e de Melhor Maquiagem e Penteados. Confira o que achamos da obra:


Com informações de Vanity Fair, The list, The Guardian, Good Morning Britain, E! Online

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Tópicos: atriz, filme, garland