Ideologia de Martinho da Vila dá liga à mistura de álbum familiar

14/03/2022 15h59


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarMartinho da Vila(Imagem:Divulgação)Martinho da Vila

Assim como o cantor Silvio Caldas (1908 – 1998) anunciou várias vezes a aposentadoria dos palcos, sem de fato sair de cena, Martinho da Vila disse há quatro anos, ao apresentar o disco Bandeira da fé (2018), que pararia de lançar álbuns para editar somente singles.

Desde então, o artista fluminense já encadeou dois álbuns em 2020 – Martinho 8.0 ao vivo – Bandeira da fé: um concerto pop-clássico e o álbum de estúdio Rio: só vendo a vista – e, aos 84 anos, completados em 12 de fevereiro, apresenta Mistura homogênea (2022), em tese o último álbum de discografia iniciada em 1968.

A mistura do disco – gravado com arranjos de Bruno Carvalho, Julio Alecrim, Maíra Freitas, Rafael dos Anjos e Rildo Hora – soará familiar para habituais ouvintes da obra de Martinho, até pela reunião de filhos e netos ao longo das 13 faixas do álbum lançado na noite de quinta-feira, 10 de março, em edição digital da gravadora Sony Music.

Cadências recorrentes no cancioneiro do artista reforçam o D.N.A. do compositor, detectado logo nos primeiros segundos do samba Sim, senhora (2022), feito por Martinho a partir de versos do poeta Geraldo Carneiro e gravado com o filho Tunico da Vila com certa verve sobre a relação de poder entre homem e mulher.

Tais cadências familiares costuram repertório que, entre lampejos da inspiração de outrora, harmoniza músicas inéditas, faixas já lançadas em singles ao longo de 2021 e regravações da obra do artista, caso de Odilê, odilá (1986), parceria com João Bosco revivida por Martinho com os netos Dandara Ventapane e Raoni Ventapane.

A liga da mistura propagada no título no disco vem sobretudo da ideologia desse cantor, compositor e ritmista que sempre levantou a voz – tanto na vida e quanto na música – contra o preconceito racial, a intolerância religiosa e a desigualdade social, bandeiras hasteadas no atual álbum ao lado da bandeira da fé no samba, reverenciado na cadência e nas rimas do partido alto em Vocabulário de um partideiro (2022) com adesões de Xande de Pilares e Zeca Pagodinho.

A prosódia das palavras encadeadas por Martinho na gravação de Vocabulário de um partideiro remete ao universo do rap, território efetivamente pisado pelo sambista na parceria com Djonga em Era de Aquarius (2021), samba-rap que vislumbra mundo feliz sem pandemia e outras mazelas.

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Tópicos: samba, martinho, ?lbum