Elke Maravilha é revivida em disco com registro de show de 2015, feito um ano antes da morte da arti

23/02/2022 15h05


Fonte G1

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarElke Maravilha(Imagem:Reprodução)Elke Maravilha

Se Elke Maravilha (22 de fevereiro de 1945 – 16 de agosto de 2016) não tivesse saído de cena aos 71 anos, a artista poderia estar festejando hoje o 77º aniversário. De origem russa, Elke Georgievna Grunnupp nasceu em São Petersburgo e veio aos seis anos para o Brasil, onde foi criada na cidade mineira de Itabira de Mato Dentro (MG).

Apresentadora, jurada de programas de calouros, modelo e atriz, Elke também foi cantora, tendo iniciado a carreira fonográfica em 1972, ano que foi convidada para integrar o corpo de jurados do programa de calouros do apresentador Abelardo Barbosa (1917 – 1988), o Chacrinha.

Ao debutar em disco, Elke gravou a Marcha da zebra (Chico Mendes, Álvaro Castilho e Cláudio Paraíba) para o álbum folião Rio, Carnaval e amor 1973, posto nas lojas no fim de 1972.

Para quem desconhece a faceta musical da artista multimídia, os amigos e produtores do grupo Falando de Elke viabilizaram a edição do disco ao vivo Elke.

Lançado oficialmente nesta terça-feira, 22 de fevereiro de 2022, dia do último palíndromo da presente década, para celebrar os 77 anos da artista, o álbum Elke está disponível nos players digitais e também no formato de CD, em edição do selo Ton Garcia Music. O disco traz o registro ao vivo do segundo dos dois shows feitos pela cantora bissexta, Elke canta e conta (2015), captado por Solange Maia em apresentação da artista no Sesc Palladium, em Belo Horizonte (MG).

Neste show comemorativo dos 70 anos de Elke, feito um ano antes da morte da artista, a “intérprete musical” – como ela se caracterizava – dá voz a um repertório heterogêneo e por vezes político, como expõe a letra de Insônia night club, música de César Althay, marido da artista.

No disco, Elke segue roteiro que parte do forrozeiro Pagode russo (Luiz Gonzaga e João Silva, 1947), segue pelo tema russo Podmoskovnye vechera (Vassily Solovev e Mikhail Matusovski, 1952), cruza a porteira ruralista com Cuitelinho (tema tradicional em adaptação de Paulo Vanzolini, 1974), revive a saga épica de Quinto império (Antônio Nóbrega e Wilson Freire, 1997), entra no terreiro afro-brasileiro com Mamãe Oxum – tema entoado em ambiência cool – e busca o tom celestial do hino gospel Amazin grace (John Newton, 1779) antes de soprar os ventos de Bob Dylan em alemão, língua na qual canta Die antwort weiss ganz allein der wind, versão em português (escrita pela própria Elke) da canção folk Blowin in the wind (1963).

No fim, Elke reafirma a postura libertária – um dos fatores que a tornou cultuada na comunidade LGBTQIA+ – ao dar voz a ¡Soy libre! (Atahualpa Yupanqui, 1968).

Citando a letra do samba-enredo Elke maravilha russa que fada vira, a mineira de Itabira (Saulo Saúde, Marcos Nienke, Carlos Henrique, Edinel, Zezé do Pandeiro, Juarez e Castinho), com o qual a escola de samba Mocidade Alegre venceu em 2011 o Carnaval de Juiz de Fora (MG), Elke Maravilha parecia se sentir em casa, em Minas Gerais, sem medo de ser feliz, como sinaliza este disco que acaba em samba-enredo.

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Tópicos: artista, disco, elke