Duda Brack dilui densidade ao prosseguir com narrativa do segundo álbum

04/11/2020 18h29


Fonte G1

Imagem: ReproduçãoDuda Brack dilui densidade ao prosseguir com narrativa do segundo álbum(Imagem:Reprodução)
 Single lançado por Duda Brack nesta quarta-feira, 4 de novembro, Toma essa dilui a densidade habitual da discografia da cantora enquanto dá prosseguimento à narrativa do segundo álbum solo dessa artista gaúcha residente na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Terceira amostra do álbum, o single Toma essa gera clipe de roteiro cinematográfico, gravado com a participação de Ney Matogrosso e do ator Gabriel Leone.

Em março, a cantora e compositora – revelada há cinco anos com a edição de grande e (in)tenso primeiro álbum, É (2015) – deu início à marcha para o segundo álbum com a edição do single Pedalada. Composição de autoria da própria Duda Brack em parceria com Chico Chico, Pedalada mostrou a artista em ambiente de tensão, traduzindo em sons a inquietação da música.

Em junho, um segundo single do álbum, Contragolpe, apresentou outra música inédita da artista, composta por Duda em parceria com Gui Fleming e gravada com adição de sample do grupo norte-americano Hypnotic Brass Ensemble e com produção musical creditada a artista, a Gabriel Ventura – músico que vem se revelando relevante na arquitetura da sonoridade do disco – e ao guitarrista Lúcio Maia, da Nação Zumbi.

Composição inédita de Bruna Caram, Toma essa ganha corpo no single com o baticum do grupo de percussão Os Capoeira – com células rítmicas do pagode baiano, do funk e do maculelê – na gravação produzida por Duda com o recorrente Gabriel Ventura e com Felipe Roseno. O toque incisivo da guitarra de Ventura também contribui para aproximar o single da estética sonora de Duda.

Contudo, fica a impressão de que Toma essa é música menor do que a potência e as possibilidades da cantora, ainda que o tema da letra – a retomada do poder feminino e da própria vida por mulher que se liberta de relacionamento abusivo – seja pertinente e até mesmo urgente em 2020, sobretudo em um Brasil que humilha e revolta as mulheres, além de indignar os homens de bem, ao absolver estuprador de crime já comprovado com a alegação surreal e ilegal de “estupro culposo”.

Engajado na luta, o single Toma essa é apresentado como a gravação mais “pop” de Duda Brack porque, em tese, a música tem potencial para alcançar um público maior que extrapole o nicho seguidor da artista.

Entretanto, ser “pop” implica certa diluição de intenções e tensões que sugere que talvez fosse mais inteligente para Duda Brack retomar a marcha anterior para que o segundo álbum da cantora mantenha o vigor do antecessor É.


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