Canção de Marcos Valle e Joyce Moreno acarinha o Brasil ainda atordoado com a morte de Gal Costa

19/12/2022 15h03


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarCanção de Marcos Valle e Joyce Moreno acarinha o Brasil ainda atordoado com a morte de Gal Costa(Imagem:Divulgação)Canção de Marcos Valle e Joyce Moreno acarinha o Brasil ainda atordoado com a morte de Gal Costa

“Havia um cristal / Nas asas do vento / Trazendo um alento / Assim natural / Voando em qualquer pensamento / Pintando de azul o cinzento / Num céu que mudava de forma / Naquele momento / A chuva sem Gal / Caiu de mansinho / Foi quase um carinho / Molhou meu olhar / Lembrando um Brasil brasileiro / O sol desse canto certeiro”.

Os versos iniciais de A chuva sem Gal – canção letrada por Joyce Moreno a partir da música enviada por Marcos Valle à compositora parceira – traduzem o clima cinzento que anuviou o Brasil na manhã de 9 de novembro quando começou a se espalhar a notícia da morte de Gal Costa (1945 – 2022).

Impactado pela nota dissonante, Valle fez melodia introspectiva que, no mesmo dia da morte de Gal, ganhou letra de Joyce. Com poesia, a artista traduz em versos a dor pelo silêncio de uma voz cristalina que, vinda de Deus, deixava o céu azul. Música e letra se afinam com precisão nessa canção que, em essência, diz que o céu do Brasil ficou desbotado sem o canto solar de Gal.

A chuva sem Gal – canção que chega ao mundo amanhã, 20 de dezembro, em single editado pela gravadora Biscoito Fino com capa criada por Omar Salomão (responsável pela arte gráfica do último álbum de Gal, Nenhuma dor, lançado em fevereiro de 2021) – cai triste, mas sem peso. Cai de mansinho, como a chuva no dia em que Gal saiu de cena.

O toque do flugelhorn de Jessé Sadoc sopra a tristeza em que está embebida a gravação que, ao longo de três minutos e 45 segundos, situa A chuva sem Gal entre o tom esfumaçado do samba-canção e a atmosfera interiorizada das baladas meditativas do cancioneiro norte-americano. O clima é acentuado pelos toques da bateria de Tutty Moreno, do baixo de Jorge Helder e do piano do próprio Marcos Valle.

A verdade não rima, já sentenciou Fátima Guedes em verso de Onze fitas (1979), mas Joyce Moreno enfrenta a dor e encontra as rimas para, sem cair no melodrama, poetizar o tempo nublado sem Gal. “Parece que o tempo não liga / E assim se desliga / Se torna canção / No fundo do meu coração / Choveu... / A chuva sem Gal / Foi quase um carinho / Foi quase um sinal...”.

Canção à altura dos respectivos históricos autorais dos compositores parceiros, A chuva sem Gal é – essência – um carinho no coração molhado do Brasil brasileiro ainda atordoado e inconformado com o silêncio do cristal mais luminoso da MPB.

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Tópicos: chuva, joyce, can??o