BaianaSystem aporta na Tanzânia na rota segura do disco Navio pirata

15/02/2021 19h42


Fonte G1

 Imagem: Reprodução Em fevereiro de 2019, ao lançar o disco O futuro não demora, a BaianaSystem se reinventou entre as águas do Oceano Atlântico que banharam o terceiro álbum da banda de Salvador (BA).

Decorridos dois anos, o futuro bate à porta e Russo Passapusso (voz), Roberto Barreto (guitarra baiana) e Seko Bass (baixo) dão outro mergulho, novamente dividindo o comando do leme do navio com o produtor musical Daniel Ganjaman.

Contudo, é outra a rota de Navio pirata, primeira parte – ou ato, como prefere a banda – do quarto álbum da BaianaSystem, OxeAxeExu, previsto para ser completado em março com mais dois atos, Recital instrumental e América do Sol.

O destino final da viagem marítima é a América Latina, mas, até o álbum chegar lá, Navio pirata aporta em segurança nas águas da Tanzânia, partindo da Bahia sob a benção de Reza forte (Russo Passapusso, Seko Bass e BNegão), primeira das sete faixas do disco.

País da África Oriental, a Tanzânia é exemplo da influência árabe no continente. Das ruas da maior e mais populosa cidade do país, Dar es Salaam, bomba nos soundsystems a singeli music, gênero musical de ritmo acelerado como a agalopada axé music baiana ou batidão veloz do funk de 150BPM.

A singeli music é a matéria-prima da faixa mais expressiva de Navio pirata, Nauliza (Makaveli, Jay Mitta, Russo Passapusso, Roberto Barreto e Seko Bass), música cantada no dialeto suaíli, língua falada nas ruas de Dar es Salaam. Coautores da música, o DJ e produtor musical Jay Mitta e o cantor Makaveli se juntam à BaianaSystem na gravação de Nauliza.

Por deslizar sobre águas imersas em ancestralidade, o disco Navio pirata cruza fronteiras com devoção ao sagrado.

Música que anunciou o álbum OxeAxeExu em single editado em 2 de fevereiro, a já mencionada Reza forte dá banho de descarrego com o discurso do rapper BNegão, parceiro e convidado da faixa, introduzida por sample de gravação da Cantata pra Alagamar (Alberto Kaplan e Waldemar José Solha, 1978), tema de insurreição orquestrada por camponeses paraibanos para resistir aos abusos patronais e protestar contra a má distribuição de terras.

A conexão de Navio pirata com a espiritualidade pulsa tanto em Raminho (Roberto Barreto, Russo Passapusso e rezadeiras) – faixa preenchida pelo canto da benzedeira paraibana Dona Ritinha, extraído de documentário do cineasta Breno César sobre o exercício da fé sincrética por rezadeiras dos sertões brasileiros – como no título de O que não me destrói me fortalece (Russo Passapusso).


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