Alaíde Costa dá voz e vida às canções de amores paulistas do compositor Eduardo Santhana

18/12/2021 12h24


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoAlaíde Costa dá voz e vida às canções de amores paulistas do compositor Eduardo Santhana(Imagem:Divulgação)Alaíde Costa dá voz e vida às canções de amores paulistas do compositor Eduardo Santhana

“Meu amor parece escuro / Porque o tempo anda nublado / Meu amor parece crime / Só que nunca foi provado”, canta Alaíde Costa, evidenciando a poesia dos versos de Meu amor parece, samba-canção composto por Eduardo Santhana com letra de Sérvulo Augusto.

De lirismo sublinhado na gravação pelo sopro das flautas de Teco Cardoso, a música Meu amor parece abre o álbum Canções de amores paulistas – Alaíde Costa canta Eduardo Santhana, editado pela gravadora MCK, inclusive no formato de CD, um mês após o selo Discobertas ter posto no mercado fonográfico outro álbum inédito de Alaíde, Antes e depois, produzido com registros dos anos 1970.

Gravado em setembro deste ano de 2021 e lançado em 8 de dezembro, dia do 86º aniversário dessa grande cantora carioca projetada no universo da bossa nova, o disco Canções de amores paulistas é songbook do cantor, compositor e violonista paulistano Eduardo Santhana.

Revelado na década de 1990 como integrante do grupo Trovadores Urbanos, Santhana contabiliza sete títulos na discografia solo. Canções de amores paulistas é o 20º álbum da carreira fonográfica do artista.

Gravado com produção musical e arranjos orquestrados pelo próprio Eduardo Santhana com Michel Freidenson, o disco evolui bem em temperatura linear, aclimatado pelo canto aconchegante de Alaíde Costa.

A cantora é a solista de músicas como a canção Vazio (Eduardo Santhana e Isolda), a bela balada Meio a meio (Eduardo Santhana e Carlos Henry) – ode à resiliência de amor sofrido que “tirou o sono de Deus” – e os sambas-canção Casaco de maresia (Eduardo Santhana e Adriana Florence) e Lua linda (Eduardo Santhana e Nelson Motta).

A alta qualidade do canto da artista faz jus e dá pleno sentido aos versos “Voz do sentimento / Dama da canção / Alaíde, alaúde / Toca o coração”, escritos para Alaíde, alaúde (Eduardo Santhana), música em que, no fim do disco, o compositor celebra a cantora que lhe dá voz neste álbum formatado em molde tradicional com cama instrumental armada por músicos como Duda Neves (bateria), Sylvio Mazzucca Jr (baixo), Michel Freidenson (piano e teclados) e o próprio Eduardo Santhana ao violão.

A balada Amada pra sempre – cantada por Alaíde somente com o toque do piano de Michel Freidenson, em atmosfera de música de câmara – exemplifica o clima à meia-luz em que o disco foi ambientado.

Contudo, Anjo meu (Eduardo Santhana) abre o tempo e deixa entrar mais luz quando, após se insinuar como acalanto, caminha na pisada do baião, seguindo o chamado do acordeom de Lulinha Alencar e dos vocalizes de Santhana. O mesmo acordeom de Lulinha Alencar sobressai sobre a base instrumental de Sal (Eduardo Santhana e Alfredo Gasparette).

A alta voltagem poética das 13 canções de amores paulistas flui bem na voz de Alaíde Costa, que divide com o compositor as interpretações de músicas como Nunca mais (Eduardo Santhana), Canta (Eduardo Santhana e Juca Novaes) – faixa iniciada a capella por Alaíde – e a envolvente Cantiga do renascer (Eduardo Santhana e Estevão Maya Maya).

Com afinação e correção, o cantor sola Cláudia (Eduardo Santhana) sem igualar o poder de sedução da intérprete convidada a iluminar obra que até então permanecia à sombra. Mais do que voz, Alaíde Costa dá vida às bonitas canções dos amores paulistas de Eduardo Santhana.

Tópicos: disco, compositor, paulistas