"Seleções de emprego devem adotar somente critérios técnicos", alerta advogado

03/04/2023 08h20


Fonte ClubeNews

Frequentemente, é possível encontrar anúncios com vagas de emprego que estabelecem critérios arbitrários para contratar um profissional. Esses critérios não são regulados por lei e, muitas deles, só dependem da vontade do empregador. Especialistas comentam que essas situações requerem atenção, pois algumas exigências, além de constrangedoras, podem se tornar criminosas.

O advogado Jeremias Moura reforça que somente fatores técnicos são legítimos para avaliar um candidato ao mercado de trabalho. “Os critérios que devem permear todas as seleções de emprego devem ser técnicos, como produtividade e qualificação. Idade, religião, sexo e raça, por exemplo, não servem como parâmetros de avaliação”, reiterou.
Imagem: Reprodução/TV ClubeO advogado Jeremias Moura afirma que seleções de emprego devem usar apenas critérios técnicos.(Imagem:Reprodução/TV Clube)O advogado Jeremias Moura afirma que seleções de emprego devem usar apenas critérios técnicos.

Em entrevista à TV Clube, uma mulher, que optou por não se identificar, relata que já foi questionada sobre a própria aparência em uma entrevista. Ela se sentiu bastante constrangida quando mencionaram seu cabelo afro.

“Perguntaram se eu já tive problemas por conta do meu cabelo, além de outros questionamentos que não tinham nenhuma relação com minha formação e experiência. Considerei essa conduta discriminatória”,
destacou.

Jeremias reitera o posicionamento das profissionais. Realizar uma entrevista de emprego desprovida de parâmetros técnicos pode caracterizar uma conduta discriminatória e, também, criminosa.

“Somente os critérios técnicos são considerados legítimos nestas seleções, sob pena de caracterizar a discriminação e, em alguns casos, a conduta criminosa, como acontece se o fator raça for utilizado para definir uma contratação. Neste caso, foi caracterizado o crime de racismo”
, pontuou.

Transporte

A social media Indiara Oliveira já passou por uma situação embaraçosa durante uma entrevista de emprego. A profissional morava com os pais no bairro Promorar, zona Sul de Teresina, mas precisou alugar um imóvel em local mais próximo do centro e da região Leste da cidade, pois, segundo elas, essas áreas estão concentradas a maioria das oportunidades de trabalho.

Dependente do transporte público, Indiara já deixou de ser contratada por não ter veículo próprio. “Falaram que eu só teria chance de assumir a vaga se eu tivesse um transporte, mas eu não tinha e ainda morava no extremo sul da capital, muito distante do trabalho. Considero discriminatório este critério, que pode até mesmo excluir bons profissionais do mercado”, disse.