Thiago Martins: "Eu era o pato feio da famÃlia e dei certo na arte"
11/09/2025 15h57Fonte Revista Quem
Imagem: Hugo Barbieri
Thiago Martins

Thiago Martins completa 37 anos de idade em 19 de setembro e já está em clima de comemoração, afinal, motivos não faltam. No ar como Vasco na novela Vale Tudo, o cantor e ator lança o Quintal do TG - Ao vivo - De Noronha a Vitória, seu novo audiovisual. Outro motivo para celebrar é a recuperação da saúde, após ter passado por um susto ao ser diagnosticado com histoplasmose pulmonar -- infecção causada pela inalação de esporos do fungo Histoplasma capsulatum.
"Acho que essa enfermidade veio para que eu pudesse frear um pouco, descansar um pouco desse ritmo acelerado de gravação, shows, treinos...", afirma Thiago, que chegou a emagrecer 10 quilos e precisou ficar afastado da rotina de atividades físicas por mais de um mês. "A articulação do joelho foi a mais afetada. Nos meus shows, eu me divirto muito no palco. Não paro, sou agitado. Nesta fase, tive que me divertir com algumas privações, alguns cuidados", conta ele, que seguiu com as gravações de Vale Tudo normalmente.
Fazer novelas, inclusive, não estava nos planos de Thiago para 2025. Ele cogitou negar o convite para Vale Tudo, mas acabou topando e não se arrepende. "Nunca fui um ator de negar personagens. Quando não faço é porque, realmente, minha agenda não permite. Com 21 anos de televisão, é óbvio que olho para o personagem e quero saber onde ele vai chegar. Mas um convite da Manuela Dias e do Paulinho Silvestrini, numa novela do tamanho de Vale Tudo, não teria como negar. Minha vida social acabou? Acabou! Mas estou feliz? Sim, muito feliz."
Vindo de dois protagonistas consecutivos -- o Júpiter, a novela Família é Tudo, e o Bradock, da série Cidade de Deus, ambas lançadas em 2024 --, o ator não se sentiu diminuído ao ser convidado para um personagem que não está no núcleo central da trama. "Não tenho que julgar se o papel é pequeno. Ator tem que estar preparado para todos os tipos de papéis, tem que estar disposto a trabalhar", diz, se mostrando longe dos deslumbres ou do comportamento vaidoso que existe no meio artístico. "Minha maior vaidade é ser livre. E cheiroso. Minha vaidade é a higiene."
Um dos motivos que fez Thiago aceitar o convite para Vale Tudo foi a oportunidade de interpretar um personagem que trouxe debate social, uma vez que Vasco havia abandonado a Lucimar (Ingrid Gaigher), ainda grávida, fato similar ao que sua mãe, Maria Lúcia, viveu. "Eu tinha essa revolta de saber que meu pai tinha abandonado minha mãe. Durante a vida, minha mãe precisou se virar para sustentar dois filhos, trabalhando como empregada doméstica. Eu era o pato feio da família e dei certo na arte. Isso me dava orgulho, mas também trazia certa mágoa do meu pai", conta ele, que conseguiu zerar as desavenças com o pai, Agostinho, que morreu em 2017. "Nossa relação foi de altos e baixos. Eu já era homem e meu pai entrou numas de só me procurar para pedir dinheiro e ajuda. Aí, nos distanciamos. Chegamos a ficar sem nos falar por três anos. Depois, a gente se resolveu."
O desejo de ser pai -- já manifestado por Thiago em entrevistas anos atrás -- ainda existe, mas é encarado com cautela. "Sempre sonhei em ser pai, mas também amo a minha liberdade. Criar uma criança é muito sério", afirma o ator, que está solteiro e em paz com a solitude. "Estou sem ninguém. Ninguém com quem eu esteja enrolado ou vivendo alguma história que possa ir para uma relação. Com a histoplasmose pulmonar, minha vida social acabou ficando muito restrita. Foquei na música, no estudo e estou finalizando uma novela. Acabei sem tempo para ter alguém", afirma o ator, que depois da novela lançará o filme Sexa, protagonizado e dirigido por Gloria Pires.
Quem: Thiago, você vem em um ritmo acelerado com novela, lançamento do Quintal do TG - Ao vivo - De Noronha a Vitória e shows pelo país. Em meio a tantas realizações, você teve um diagnóstico de histoplasmose pulmonar. Foi um susto?
Thiago Martins: Minha vida é realmente muito agitada. Acho que essa enfermidade veio para que eu pudesse frear um pouco, descansar um pouco desse ritmo acelerado de gravação, shows, treinos... Sempre fui de querer produzir ao máximo e, às vezes, esquecia de descansar. Já não sou mais nenhum garoto. Tenho 36 anos, faço 37 logo mais. A histoplasmose pulmonar não está relacionada ao desgaste físico ou com excesso de treino. A histoplasmose pulmonar veio a partir de um fungo que peguei ao realizar atividade física ao ar livre. Acho que Deus e meus orixás mandaram essa enfermidade para eu sossegar um pouco. Fui diagnosticado em 14 de julho, faltando uma semana para gravação do meu audiovisual em Noronha .
E, mesmo assim, você seguiu com seus compromissos?
Entrei no hospital com inchaço no joelho direito. Quando fiz a tomografia, apareceu a manchinha preta de 1,5 cm no pulmão esquerdo. O médico logo identificou os sintomas de histoplasmose pulmonar. Fui aos ensaios com muita dor, realmente muito debilitado. No dia da gravação, tive que tomar remédio para aliviar a dor no joelho. Um dos principais sintomas é atacar as articulações e a perda de peso.
O que mais afetou foram as dores? Ou também precisou lidar com a sensação de fraqueza?
Embora esse fungo tenha se instalado no meu pulmão, ele não atrapalhou meu rendimento físico, nem minha respiração, nem meu canto. A articulação do joelho foi a mais afetada. Nos meus shows, eu me divirto muito no palco. Não paro, sou agitado. Nesta fase, tive que me divertir com algumas privações, alguns cuidados. Tive dores por conta da compensação muscular, transferi o peso corporal e comecei a andar errado. Passei a fazer fisioterapia para recuperar a mobilidade. Foi um período complicado porque estava gravando novela, ensaiando o projeto audiovisual, além das viagens e da estrada aos fins de semana de shows, mas estou curado, graças a Deus.
O primeiro Quintal do TG foi gravado no Vidigal. Neste, você está em diferentes locações e também recebe convidados. O que podemos esperar dele?
O novo Quintal do TG teve a ideia de evolução. No primeiro, recebi grandes amigos e referências no Vidigal, que é a minha favela, minha casa, meu quintal. Esse quintal cresceu e agora lanço o Quintal do TG - Ao Vivo - De Noronha a Vitória. O Quintal é um projeto com muita música, são apresentações que chegam a duas horas e meia, três horas. A gente não pode perder a nossa alegria que é o que gente tem de melhor. Eu amo estar no palco.
Em setembro de 2024, quando acabou Família é Tudo, você falou que não iria fazer novelas por um ano. Em novembro, foi confirmado no elenco de Vale Tudo...
(Gargalha) Eu me engano, eu me engano. Já tinha colocado na minha cabeça que não faria novela em 2025, mas aí veio a oportunidade de Vale Tudo.
É difícil dizer não para trabalho?
Vale Tudo veio de um jeito engraçado. Eles me convidaram no dia 28 de setembro. Lembro como se fosse hoje. Estava correndo, recebi um telefonema da Patrícia (Rache), nossa produtora de elenco. Ela me falou sobre o Vasco. Tinha acabado de sair de Família é Tudo, uma novela em que tive grande volume de cenas. Eu gravava a novela de segunda a sexta e fazia os shows aos fins de semana. Minha vida social acabou. Só trabalhava, fazia meus treinos e minha terapia. Quando falei não para Vale Tudo, eu agradeci o convite, mas disse que não conseguiria porque já estava com uma agenda de shows marcada. Eles me trouxeram uma contraproposta.
E o que te motivou a aceitar?
A Manu e o Paulinho (a autora Manuela Dias e o diretor Paulo Silvestrini) são meus amigos há muitos anos. Na minha primeira novela, Da Cor do Pecado, fui dirigido pelo Paulinho na minha primeira cena. Eu tinha 14, 15 anos. Depois trabalhamos em Avenida Brasil, outro sucesso. Com a Manu, tinha trabalhado em Amor de Mãe, e ela disse que estava escrevendo o Vasco para mim. Quando me explicou o personagem, contou que ele teria assuntos importantes a discutir -- tanto o vício no jogo em bets, como a questão da paternidade. O Vasco é um pai que abandonou a mãe do filho ainda na gestação. Lucimar foi mãe solo. Eu sou fruto disso. Vivi isso na minha pessoal. É um tema que precisa ser falado. Achei um assunto importante de ser mostrado para o Brasil.
E o saldo com o trabalho na novela é positivo?
A pauta levantada com meu personagem é importante. Depois de uma cena, existiu a maior busca pelos direitos à pensão alimentícia na Defensoria Pública. Fico feliz por fazer parte disso, em fazer esse personagem e dar voz a essa causa. Não me arrependo de ter aceito o convite para Vale Tudo. Estou me divertindo com a novela. E consigo conciliar as gravações com meus shows. Gravo, geralmente, de segunda a quinta. A gente conseguiu fazer dar certo.
Você veio de dois protagonistas -- o Júpiter, na novela Família é Tudo, e o Bradock, na série Cidade de Deus. Em Vale Tudo, o Vasco não faz parte do núcleo central, seu nome não aparece entre os primeiros da abertura. Ao aceitar interpretá-lo, você mostrou que não tem aquela vaidade de ator, que só aceita o status de protagonista...
Longe de mim! Minha maior vaidade é ser livre. E cheiroso. Minha vaidade é a higiene. Não tenho que julgar se o papel é pequeno. Ator tem que estar preparado para todos os tipos de papéis, tem que estar disposto a trabalhar. Nossa profissão é a de eternos desempregados. Quanta gente não gostaria de estar numa novela? Quantos atores não gostariam de ter a chance de participar da versão de uma novela que foi um marco? Vale Tudo, em 1988, foi emblemática na teledramaturgia brasileira. Nunca fui um ator de negar personagens. Quando não faço é porque, realmente, minha agenda não permite. Com 21 anos de televisão, é óbvio que olho para o personagem e quero saber onde ele vai chegar. Mas um convite da Manu e do Paulinho Silvestrini, numa novela do tamanho de Vale Tudo, não teria como negar. Minha vida social acabou? Acabou! Mas estou feliz? Sim, muito feliz.
"Minha maior vaidade é ser livre. E cheiroso. Não tenho que julgar se o papel é pequeno"
Você conta que o conflito do seu personagem tinha semelhanças com sua vida. Você passou por um hiato na relação com seu pai?
Sim. Eu tinha essa revolta de saber que meu pai tinha abandonado minha mãe. Durante a vida, minha mãe precisou se virar para sustentar dois filhos, trabalhando como empregada doméstica. Eu era o pato feio da família e dei certo na arte. Isso me dava orgulho, mas também trazia certa mágoa do meu pai. Minha terapeuta fez uma consideração que me tocou de forma sublime, de um jeito precioso. Ela falou: "Talvez seu pai tenha te dado aquilo que ele podia te dar". Achei isso coerente. Antes de o meu pai falecer, em 2017, a gente conversou. Eu já era um homem formado, com uma vida profissional. Zeramos nossas diferenças, nos abraçamos, resolvemos os problemas. Meu pai era muito carismático. Minha mãe diz que lembra muito do meu pai quando vê o Vasco na novela. Ele tinha esse lado boêmio, boa praça, aquele cara que todo mundo gosta, mas dentro de casa... Ele não foi um pai presente e abandonou a minha mãe quando eu era muito pequeno. Não esteve no dia a dia e voltou na minha adolescência.
Ele voltou quando você já estava famoso no meio artístico?
Eu estava entrando na TV. Antes disso, meu pai também assistia às peças que fiz no Nós do Morro, assistia às apresentações da minha primeira banda. Meu repertório inclusive tem a música Poema -- que meu pai gostava de ouvir com o Ney Matogrosso cantando. Incluí essa música porque ele adorava. Nossa relação foi de altos e baixos. Eu já era homem e meu pai entrou numas de só me procurar para pedir dinheiro e ajuda. Aí, nos distanciamos. Chegamos a ficar sem nos falar por três anos. Depois, a gente se resolveu. A minha cabeça é muito tranquila em relação a isso. Conseguimos nos entender em vida, enquanto ele estava aqui. Agradeço muito pelo pouco que ele me ensinou. Talvez, meu pai tenha me dado tudo o que ele podia.
A terapia te ajudou a entender essa relação. Quando ela passou a fazer parte da sua vida?
Se eu pudesse, teria feito desde pequeno. Não tive essa oportunidade porque tive uma infância muito difícil dentro do Vidigal. Hoje, acredito que a terapia e a educação financeira deveriam estar com a gente desde cedo, desde a escola. Demorei a me render à terapia. Comecei há uns quatro anos e me faz muito bem. É um momento que tenho para falar e lidar com minha infância difícil, os problemas do dia a dia, a fama, a família. Estou sempre transitando entre diferentes mundos e o principal tem que estar bem: a cabeça. Com a cabeça boa, você consegue organizar a vida de uma forma bacana e digna.
A educação financeira, um dos temas que seu personagem trouxe em Vale Tudo, não estava presente nas escolas nos anos 1990 e, ainda hoje, não são todos os colégios que se preocupam com o assunto. Você sempre teve consciência com a maneira de gastar seu dinheiro ou já teve uma fase de deslumbre, extravagâncias?
Sempre tive consciência. Nunca gostei de coisas caras, até porque vim de uma infância difícil. Lembro da minha mãe falando que dinheiro não aceita desaforo. Sou um cara de hábitos simples. Meu maior prêmio ter minha carreira e minha vida financeira estabilizadas. É um sonho realizado ver que eu, minha mãe, meu irmão e meus amigos não passamos mais necessidades. Não ligo para esse glamour que as pessoas têm ao comprar tênis de R$ 10 mil, bolsas de R$ 100 mil... Cada um faz o que quer com seu dinheiro, mas eu prefiro gastar de outra forma. Como disse: minha maior vaidade é andar limpo e cheiroso. Gasto dinheiro com as minhas viagens e comer bem. Aí, vale a pena gastar dinheiro. Trabalho muito, mas eu me realizo ao poder gastar em viagem, culinária, conhecimento. De resto, sou um cara muito tranquilo.
"Não tenho saudade da minha infância. Minha casa tinha muito mofo, muita goteira, janela quebrada por conta de tiros. Não tinha onde brincar"
Sua infância foi no Vidigal. O que guarda dessa época? Quais lembranças predominam?
Haja terapia! Não tive uma infância fácil. Não tenho saudade da minha infância. É por isso que vivo a vida de uma forma leve. Hoje, posso usufruir do que não tive na infância. Posso viajar, posso ter um lugar para chamar de meu, um cantinho para receber meus amigos. Na infância, nossa casa era de difícil acesso, em uma área chamada de Gaza lá no Vidigal, meu irmão foi atingido por uma bala. Minha casa tinha muito mofo, muita goteira, janela quebrada por conta de tiros, caixa dágua furada por conta de tiro. Eu brincava de jogar bola em um beco muito estreito. A gente não tinha onde brincar. Às seis da tarde, tínhamos que estar dentro de casa porque era perigoso ficar na rua. Havia o medo de tiroteio. Por conta dessa infância difícil, eu me tornei o homem que sou hoje. Tenho lembranças de quando entrei no Nós do Morro, aos 6 anos. O Nós do Morro era a minha válvula de escape para a felicidade e para o aprendizado. Eu estudava, saía do colégio e ia para o Nós do Morro. O teatro era a maior alegria da minha infância. Cresci no palco, na coxia, na boca de cena. Quando me perguntam onde eu me sinto melhor, a resposta é: no palco. Eu cresci no palco.
E seus amigos ainda são os que te conheceram naquela época?
Tenho poucos e bons amigos. Posso contar na mão. Meus amigos de infância são do Vidigal e continuam na minha vida. No meio artístico, também tenho amigos, alguns mais velhos, outros da minha faixa etária. Depois que me mudei para Barra e para o Itanhangá, ganhei amigos que se tornaram irmãos. Eles também conhecem minha galera do Vidigal. Meus amigos de infância são a minha base. Para eles, eu não sou o Thiago Martins. Sou o Thiaguinho, o TG... Eles são os caras que frequentam a minha casa. Não sou um cara muito sociável em outros ambientes. Prefiro estar com os meus -- até porque é bom estar com quem sofreu comigo e viu tudo o que eu passei.
A carreira artística tem instabilidades. Sente que é uma profissão que parece que o jogo nunca está ganho?
Nunca está. Temos sempre que inovar e correr atrás. Todo dia nasce um ator, um cantor... Eu sou fruto de oportunidade. Tive uma chance e aproveitei todas as oportunidades que me foram dadas. Acredito que, nesta profissão, o mais difícil é se manter. Outro dia, me peguei pensando no que eu seria se não fosse ator e cantor. Quando eu era mais novo, sonhava ser jogador de futebol, mas depois que eu entendi como funciona, me peguei pensando: "Que bom que sou artista". Não temos rotina e temos que estar sempre aparecendo para não sermos esquecidos, mas nunca me vi em uma profissão em que eu tivesse que trabalhar em escritório, das 9 da manhã às 6 da tarde. Que bom que a arte me escolheu! Entrei na Globo há 21 anos, mas estou nessa estrada há 30 anos. Comecei aos 6. Sou feliz em ser artista, mas não é fácil.
Ao longo dessa trajetória, vieram muitas realizações na sua vida profissional. E na vida pessoal, o que falta realizar? No passado, você já falou que tinha o sonho de ser pai. Ainda é uma vontade?
Sempre deixei a vida ir me levando, me mostrando os caminhos. Sempre sonhei em ser pai, mas também amo a minha liberdade. Criar uma criança é muito sério. Penso na educação, na segurança e no que vai ser da nossa vida daqui para frente. Sou um cara que deixo a vida me levar. Deixo Deus e meus orixás me mostrarem os caminhos a seguir. Se eu for pai, serei muito feliz. Se não for, vou entender que não era o meu destino. Vivo um dia de cada vez. Aproveito todas as horas dos meus dias porque a vida é muito curta. A gente tem que aproveitar.
"Sou um cara que deixo a vida me levar. Deixo Deus e meus orixás me mostrarem os caminhos a seguir"
Na sua vida pessoal, você costuma adotar uma postura mais discreta. Atualmente, está solteiro, enrolado, no pego, pego, mas não me apego?
Estou sem ninguém. Ninguém com quem eu esteja enrolado ou vivendo alguma história que possa ir para uma relação. Com a histoplasmose pulmonar, minha vida social acabou ficando muito restrita. Foquei na música, no estudo e estou finalizando uma novela. Acabei sem tempo para ter alguém.
Nesse período com a histoplasmose, quem te dava um suporte no dia a dia? Sua família?
Eu amo a minha solitude -- aprendi a palavra esses dias e me identifiquei com ela. Moro sozinho. Tenho meu irmão, o Careca, que trabalha comigo e é meu melhor amigo. Ele sempre me ajudou e esteve por perto. Em julho, minha mãe estava por aqui e acabou ficando comigo também. Mesmo com as dores da histoplasmose, eu continuei produzindo -- viajei com os shows e gravei a novela --, o que me trazia felicidade por não ficar só em casa. A estrada trouxe desafogo, me deu brilho.
Acabando Vale Tudo, vem aí uma nova parceria com a Gloria Pires. Vocês dois já atuaram juntos na TV e, agora, lançam Sexa nos cinemas.
A Gloria é minha grande dupla. Ela sempre foi muito presente na minha vida desde que fizemos Belíssima e viajamos para Grécia. Ela sempre me escutou, me aconselhou e me deu uns esporrinhos quando eu andava de moto (risos). Eu tinha 16 anos quando trabalhei com a Gloria pela primeira vez e ela me dava dicas para cuidar da pele. Sempre foi uma grande amiga e uma grande professora. Em 2015, tive a felicidade de reencontrá-la em Babilônia, uma novela que teve algumas confusões por conta da intolerância religiosa e do preconceito com o casal formado pela Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg. Eram outros tempos. Hoje, acho que o mundo veria e receberia a novela com outros olhos. Como não existiu uma aceitação de parte da trama, muito da história veio para Diogo e Beatriz [personagens de Thiago e Gloria]. Sempre fui muito observador e estar com Glorinha era grandioso. Gostava de observá-la, nos tornamos amigos e aprendi muito. Quando ela me chamou para fazer o filme, eu nem titubeei. A Glorinha tem uma cadeira cativa no meu coração. Ela confia muito em mim. Babilônia nos aproximou, criamos confiança como par romântico e parceiros de cena. E, agora, em Sexa, não foi diferente. Estou mais maduro e Glorinha está em outro momento da vida, porque além de atuar, ela também está dirigindo e produzindo.
Você começou garoto e, até então, vinha em uma batida de personagens jovens. Sente que Babilônia te colocou em uma outra prateleira profissional por viver um atleta, muitas cenas de sunga, sequências calientes... A novela te levou para um lugar de maior assédio? De maior cuidado com o físico?
Sim, sim. Eu tinha muitas cenas quentes em Babilônia mesmo. Foi um aprendizado. Para a novela, tive que cuidar do meu físico porque o Diogo era um atleta de saltos ornamentais. Geralmente, esses atletas têm o mínimo percentual de gordura e procurei estar com físico adequado para o personagem. Hoje, também estou satisfeito com meu corpo. Mesmo tendo emagrecido, estou feliz com meu corpo. O ator tem que emprestar o corpo aos personagens.
No período que ficou afastado dos treinos por conta da saúde, vimos que você aproveitou para estudar, fez aulas de inglês. Tem o desejo de uma carreira internacional?
Já tive esse sonho. Hoje, não tenho mais. Ainda tenho tanta coisa para fazer no Brasil... Não quero me tornar limitado. As aulas de inglês são uma ferramenta. Quero cantar algumas músicas em inglês no meu show, quero poder me virar ainda melhor quando viajo. É um idioma que sempre quis aprender. Se eu pudesse, teria feito aulas de inglês desde pequeno. É um idioma que o mundo fala. Na questão artística, se vier um personagem que precise falar inglês, tenho que estar preparado, mas não penso em carreira internacional. Se aparecer um teste, é óbvio que posso fazer, mas o objetivo não é esse.
Durante o nosso papo, você citou Deus e os orixás. Como a religiosidade faz parte da sua vida?
A fé é o que move. Cada um se apega naquilo que acredita. Comecei a cantar em coral de igreja. A espiritualidade e a religião sempre estiveram muito presentes na minha vida. Sempre fiz questão de falar sobre ela nas minhas músicas e na minha vida profissional. Ter fé é um ato de glória e de engrandecimento. Cada um acredita no que for melhor. Não tem que criticar, nem colocar defeito na religião do outro. A base de tudo é a fé. Se você está bem com a sua espiritualidade, os caminhos se abrem.
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