Mariana Rios se prepara para 5ª tentativa de engravidar
07/05/2025 15h10Fonte Revista Marie Claire
Imagem: Divulgação
Mariana teve uma perda gestacional e passou por quatro rodadas de congelamento de óvulos.

Por muito tempo, a atriz, apresentadora e cantora Mariana Rios, de 39 anos, viveu em silêncio uma angústia comum a muitas mulheres: a de tentar engravidar e não conseguir. Quando perguntada sobre o desejo de ser mãe, dizia que estava focada na carreira — uma meia-verdade que escondia um turbilhão interno. “Aquilo estava me consumindo, e eu não falava pra ninguém”, desabafa.
Em 2020, ela sofreu uma perda gestacional e descobriu ter trombofilia adquirida, uma condição que dificulta tanto a fertilidade quanto o desenvolvimento da gravidez. O caminho seria tentar uma fertilização in vitro. Mas foi só há dois anos que ela retomou essa jornada, iniciando, de fato, o que se chama de vida de tentante. Trata-se de uma fase cheia de exames, hormônios e incertezas, em que mulheres buscam engravidar, naturalmente ou por meio de tratamentos de fertilidade.
Desde então, Mariana encarou quatro rodadas de congelamento de óvulos, que não resultaram em um único embrião de qualidade. Em janeiro, ela decidiu romper o silêncio e compartilhar sua vulnerabilidade com seus mais de 10 milhões de seguidores. O movimento se transformou na plataforma Basta Sentir Maternidade, que, em cinco meses, já reúne mais de 30 mil mulheres e terá o primeiro encontro presencial em 7 de junho.
Nesta entrevista à Marie Claire, a artista fala sobre o impacto emocional do processo, as mudanças que fez na rotina, a importância do autoconhecimento e a nova visão que desenvolveu sobre a maternidade. A seguir, trechos editados da conversa:
MARIE CLAIRE: Você é uma tentante há dois anos. O que te levou a tornar isso público?
MARIANA RIOS: Eu comecei a me sentir mal em não contar. Inventava que não pensava nisso porque estava trabalhando muito. Escondia a minha barriga inchada por causa das injeções de hormônio. Aquilo estava me consumindo, e eu não falava pra ninguém. Mas eu não conseguia falar, porque via isso como um insucesso. Até que participei de um workshop do Basta Sentir voltado para a maternidade. Umas trinta mulheres estavam lá, e começaram a compartilhar segredos que nem os maridos ou as mães sabiam. Uma pessoa muito próxima a mim contou que passou quatro anos tentando congelar óvulos sem contar pra ninguém. Essa semente do “gente, eu preciso falar” começou a brotar. Mas como eu ia fazer isso?
MC: Qual foi a reação das pessoas ao seu redor sobre essa decisão?
MR: A maioria foi contra, achou que eu ia me expor demais, que era um momento de muita vulnerabilidade, que eu precisava estar muito forte. Mas outras pessoas disseram que eu ia ajudar muita gente. Quando eu escutava isso, eu pensava: é esse o caminho. Mas foi difícil dar o primeiro passo para tamanha exposição.
MC: Qual tem sido o retorno desde que você falou publicamente sobre o processo?
MR: Eu agradeço todos os dias por ter revelado, porque não só ajudo essas tantas mulheres, mas elas também me ajudam muito. Hoje eu consigo falar sobre o assunto. Consigo estar com a barriga inchadinha, sem precisar me justificar. É um movimento com uma potência que eu nunca imaginei. Eu não tracei esse caminho. Ele simplesmente foi acontecendo, de forma muito verdadeira.
MC: Você falou da barriga inchada. O que é mais difícil nesse processo: o impacto físico ou emocional?
MR: Os dois, mas o emocional pesa mais. São muitos altos e baixos, muitas mudanças, cada hora é uma notícia diferente. É um teste de paciência, resiliência e ansiedade. Se você não estiver com o emocional em dia, você pira. Por isso eu sempre falo: quer fazer algo grande e transformador? Cuida do seu desenvolvimento pessoal, senão você não dá conta. Nesse momento da minha vida, tenho buscado ainda mais entender o que posso fazer por mim que eu ainda não estava fazendo.
MC: E o que você passou a fazer que não fazia antes?
MR: Sempre tive uma alimentação equilibrada. Sou mineira, como de tudo. Mas ao longo da vida, vamos acumulando inflamações, principalmente as mulheres, por causa dos hormônios. Como gerar uma vida e produzir um óvulo de qualidade se o corpo está inflamado, se os exames estão desregulados, se você precisa de reposição de ferro e aminoácidos? Comecei a olhar pra tudo isso, organizar meus horários para as vitaminas, e até voltei a ler meu livro, Basta Sentir. Eu tinha me afastado de quem sou, me contaminando com pensamentos que não eram meus. Virei uma chave. Mudei o modo de lidar com o stress, com o mundo e comigo. Estou preparando corpo, cabeça e espírito para que essa casa esteja pronta para receber.
MC: Você vai passar por mais uma rodada de congelamento?
MR: Sim. Mas antes preciso equilibrar as vitaminas e fazer exames para definir o momento certo. Tem exame de endometriose, de endometrite, de reserva ovariana... É muita coisa.
MC: Se pudesse voltar no tempo, que conselho daria para si mesma?
MR: Escuta seu médico e congela os óvulos antes. Mas não me crucifico. Naquela época, priorizei o trabalho, e era o que fazia sentido. Eu não estava num relacionamento, não pensava em ser mãe e minha agenda estava lotada. Hoje, depois de tudo que vivi, quero despertar essa consciência em outras mulheres. Só de falar sobre isso, já influenciei umas vinte amigas a congelarem. Uma delas descobriu menopausa precoce aos 29 anos. Outra, aos 32, não tinha óvulos bons. O que passou, passou. Mas posso transformar a vida de outras pessoas a partir de algo que não aconteceu como eu queria. É aí que se dá a transformação. Se esse insucesso não tivesse acontecido, talvez eu e muitas outras mulheres estivéssemos sofrendo sozinhas.
MC: Sua visão sobre a maternidade mudou depois de se tornar tentante?
MR: Super! Comecei a me questionar por que quero ser mãe. Filho não é garantia de nada. A única garantia é que você vai andar por um túnel de olhos vendados. E mesmo assim, eu quero, porque eu sinto. Sempre coloco isso nas minhas orações: “Olha, meu Deus, eu busco ser uma pessoa melhor pra mim e pros outros a cada dia. Se for da sua vontade, que eu gere um filho, que eu tenha uma extensão de mim, que esse ser venha para complementar esse mundo com algo de bom, para ser uma influência positiva”. É só isso que eu peço.
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