Alice Wegmann: "Estou muito mais relaxada com quem eu sou e me levo menos a sério"
29/07/2025 16h33Fonte Revista Quem
Alice Wegmann já colocou a carreira em primeiro lugar na vida – a família e os amigos vinham depois. Quando pela primeira vez fez uma pausa longa entre trabalhos, há quase uma década, desabou. Hoje, aos 29 anos, no ar como a Solange Duprat de Vale Tudo, aprendeu a lição. “Antes, se eu fazia uma cena que considerava que era ruim, ficava remoendo, triste, ia para casa chateada. Hoje em dia é tipo beijo, tchau vou sair para jantar, vou encontrar meus amigos”, diz. “ É uma grande vitória, eu estou muito mais relaxada com quem eu sou e me levo menos a sério também”, afirma.Carioca, criada na Zona Sul do Rio, Alice é uma das atrizes mais elogiadas de sua geração. Ex-atleta da ginástica artística, abandonou o esporte após um acidente que a levou à sala de cirurgia e quatro dias de internação – menos de um mês depois estava de volta às competições. Nos ginásios teve contato com uma realidade diferente da sua, onde colegas não tinham, às vezes, dinheiro para a condução.
“Eu entendi o que era o Brasil, que era essa realidade e esse instinto para querer mudar, para querer transformar o país. Isso para mim nasceu muito cedo”, explica Alice que, politizada e feminista, não se furta a se posicionar na web, sem medo de errar. “Se eu me posiciono e me arrependo, eu falo que eu me arrependi. Não sou do tipo de pessoa que não muda de ideia nunca”, diz ela.
Ela sabe o custo de ser uma pessoa pública na era das redes . “É muito cruel fazer novela com a web do jeito que está. Se você é uma pessoa que vai se fragilizar com o comentário que fazem sobre você, é melhor não ler nada, desativar tudo”, aponta. Alice viu de perto a violência das redes com as críticas a Bella Campos, a Maria de Fátima de Vale tudo – ela credita parte dos ataques à amiga como reflexo do machismo e do racismo.
“O Brasil ainda não aceita mulheres negras no topo, e Bella vem para provar o contrário, de que é possível, sim. Temos duas mulheres pretas brilhando na novela, ela e Taís Araujo”, diz. “A minha torcida por ela é infinita. Estarei nas trincheiras com Bella Campos, e foi bonito ver o elenco também se reunindo para protegê-la”, afirma Alice. Ela mesma já foi vítima, de outras formas, de comportamentos abusivos. “Já fui chamada de incompetente na ginástica quando eu tinha 6, 7 anos. Um diretor uma vez gritou essa menina é uma retardada, não consegue aprender a fazer tal coisa”, lembra.
Alice também viveu a dor de um abuso sexual, assunto que abordará em um livro que deve chegar ao público em 2026. “O abuso não é o mote, mas o livro é uma forma de poder me expressar de uma maneira que vou me sentir confortável e inteira comigo mesma, com as minhas palavras”, adianta ela, que sentiu a necessidade de falar sobre o assunto após viver a Carolina, de Justiça 2, que passou pela mesma violência. A personagem foi um dos sucessos de Alice, que ao deixar a ginástica, foi para o teatro aos 11 anos, e depois para a televisão.
Em A Vida da Gente, trama de 2011, teve a certeza da vocação. “Ali eu entendi a seriedade da profissão e foi olhando para Marjorie Estiano que falei: É isso que eu quero ser, é aí que eu quero chegar”, conta ela. Alice, que ano que vem fará um projeto internacional na Itália, assume que teve, sim, a síndrome de impostora. “Mas eu sou uma pessoa mega responsável, não sou de atrasar no set, não sou de dar trabalho para ninguém. Então, modéstia à parte, eu acho que eu mereço”, pondera.
“Quando eu me vejo onde estou, nossa, não queria estar em nenhum outro lugar. É uma sensação de plenitude mesmo, de felicidade, de alegria, de estar presente no agora que eu tenho. Eu sou muito feliz com a minha carreira, com as minhas escolhas, com as oportunidades que me dão”, diz a atriz. Discreta em relação à vida pessoal, fala com franqueza sobre assuntos como transtorno alimentar que teve e os planos de um dia realizar o sonho de ser mãe. Atualmente ela vive um relacionamento com o empresário Luiz Guilherme Niemeyer. "Estou feliz, estou apaixonada", assume.
Imagem: Bruna Sussekind
Alice Wegmann

Solange é muito popular entre o público de Vale Tudo e fez muita gente cortar a franjinha bem curta, o que toda mulher sabe que é um ato de coragem...
Total (risos). Solange é uma esteta, o visual dela já fala muito. Você olha para essa mulher e pensa: Cara, essa daí tem muita personalidade. A franja, o jeito de se vestir, tem o arquinho da cabeça, os laços... Ela tem uma ousadia e um jeito de se mostrar autêntica, e não tem vergonha nisso, o que comove e encanta as pessoas logo de cara. É o figurino de longe que eu mais gostei de usar e me identifico. É o mais iconic (risos).
Ela uma mulher muito preocupada com a realização profissional. O quão importante isso é para você?
Eu me vejo muito na Solange nesse ponto. Sempre fui muito focada na minha carreira e sempre coloquei minha carreira em primeiro lugar. Sou muito romântica, e ela também tem isso de sonhar, de querer construir uma relação, se apaixonar, amar e ser amada. Tanto a Solange quanto a Alice são assim, mas temos uma coisa de tudo bem, se eu não achar um cara legal para ser o pai dos meus filhos, eu quero ser mãe de qualquer jeito. Solange olha para isso [a maternidade] com praticidade.
E eu, Alice, eu quero muito ser mãe, e espero que eu tenha [filhos] com um pai muito legal. Se lá na frente, daqui a muitos anos, eu descobrir que não encontrei um relacionamento que fosse frutífero nesse ponto, posso tentar ter filho sozinha. Mas espero realmente construir uma família com um cara que queira ser o pai dos meus filhos e que eu queira que seja o pai de meus filhos.
São muitos pontos em comum com Solange.
Sim, tem a independência... Ela é uma mulher que realiza, e eu me sinto uma mulher que realiza. Eu me vejo muito na firmeza, no posicionamento da Solange. Talvez ela seja a personagem que mais parece comigo de toda a minha carreira, com quem mais me identifico e não só por a gente morar no mesmo bairro: somos formadas em publicidade, gostamos de brechós... O meu melhor amigo, Francisco Gil, é filho do Otávio Müller, que era o Sardinha na primeira versão. São várias pequenas coincidências, tinha que ser.
Ela toma umas rasteiras da vida...
O erro da Solange é ser ingênua demais. Ela abriu a porta da casa para receber a Fátima, tem uma bondade excessiva. Existe uma imaturidade também em não ter essa visão do todo. Mas ela quer acreditar nas pessoas, é uma bondade que acho válida. Solange ainda teve um relacionamento em que tanto o cara não olhava para ela e não entendia o trabalho dela, quanto ela mesma não coloca limite nesse trabalho e nesse estilo de vida. Há situações que precisam ser consertadas, mas mesmo que não interpretasse a Solange eu torceria por ela.
Muita gente acha que Afonso é um boy meio tóxico. Você reconhece nele alguns traços da masculinidade tóxica?
É um relacionamento [entre Afonso e Solange] que é difícil acontecer com ambos os lados fazendo o que eles fazem. Isso para mim é definitivo. A Solange realmente não se dedicava tanto ao namoro, porque está muito focada na carreira profissional. Não acho isso errado, contanto que você também dê atenção a outras áreas da sua vida, aos amigos, à família, ao seu namoro, se você tiver um. Eu não conseguiria namorar uma pessoa como a Solange naquela fase da vida dela, sem colocar limite, tipo 10 horas da noite, beijo, tchau, não vou responder mensagem de trabalho. Ela precisa melhorar nesse lugar.
E o Afonso tem uma vida de bilionário, uma vida de filhinho de mamãe que nunca entendeu o que é pagar um boleto. Ele não compreende a rotina dessa mulher. Se não enxergar isso, realmente não vai ser o cara para Solange. Existe um bloqueio ali de comunicação dos dois. O lado dele é do homem que espera que a mulher esteja disponível o tempo todo e não é assim. Ela é mulher independente, gosta de trabalhar. Se Afonso não entender isso e achar que Solange vai viver só para ele o tempo todo, aí, amor, eu torço para que beijo, tchau. Mas o casal pode amadurecer, ninguém nasce pronto um para o outro. Não acredito nessa coisa de ah, ele é o amor da minha vida e não tem que fazer nada para melhorar enquanto pessoa para esse relacionamento dar certo.
O que você diria para uma amiga que estivesse na situação da Solange, apaixonada por um cara meio tóxico, confiando demais nas pessoas?
Para ela acordar um pouco, ser um pouco mais dura quando tiver que ser. É muito bom você acreditar nas pessoas, é muito legal, muito positivo. Mas isso interfere diretamente na sua vida, porque, muitas vezes, vai sofrer essas consequências. Diria para Solange voltar a fazer terapia urgentemente, que é importantíssimo para todas nós, e tentar olhar um pouco mais para o todo sem tanta ingenuidade.
Você já cruzou com algum Afonso na sua vida?
Eu já me relacionei com homens bem piores que o Afonso, quer dizer, com um homem bem pior que o Afonso. Mas, na maioria das vezes, eu me relacionei com caras que me admiravam muito profissionalmente e entendiam a minha profissão, felizmente. Quanto a isso eu não tenho do que reclamar. Mas já namorei com caras que questionavam ah, você vai com essa roupa?. Toda vez que eu saía, ele reclamava, ficava com ciúme de alguém, mesmo que eu nem conhecesse a pessoa. Em outros lugares essa toxidade já aconteceu, sim, no meu passado. Mas em relação à profissão, nunca. Eu comecei a trabalhar muito nova, e nos meus relacionamentos eu já entrava com a pessoa sabendo quem eu era, o que que eu fazia, minha rotina. Mas tive outros percalços, outras dificuldades.
Quando uma pessoa entra em sua vida, em qualquer capacidade, quais são os sinais de alerta que já te deixam meio "opa, peraí"?
Tentar minar quem a gente é, a nossa espontaneidade; quando a pessoa tenta diminuir nossas melhores características de alguma forma. Isso para mim é muito definitivo de que se trata de uma pessoa que não me faz bem. Um bom relacionamento é aquele que te torna uma pessoa melhor, te impulsiona para frente. Na relação tem que existir a vontade de expandir, de crescer. Quando você topa com uma pessoa que te diminui, ou te faz se sentir envergonhada de quem você é, isso é red flag [bandeira vermelha] total. Não preciso de uma pessoa dessas na minha vida. De crítico demais, já basta eu mesma.
Além desse relacionamento com seu ex, passou pelo mesmo com outras pessoas?
Sim, em outras escalas e em diferentes fases na minha vida. Vivi relações hierárquicas de abuso moral, que me faziam sentir menor, como na ginástica olímpica e em alguns sets [do audiovisual] muito lá atrás no passado. Já fui chamada de incompetente na ginástica quando eu tinha 6, 7 anos. Um diretor uma vez gritou essa menina é uma retardada, não consegue aprender a fazer tal coisa. Essas relações existem em ambientes de trabalho, em ambientes de amizade, e cabe a nós filtrar, identificar e nos afastarmos desse tipo de pessoa que não faz bem para a gente.
"Já fui chamada de incompetente na ginástica quando eu tinha 6, 7 anos. Um diretor uma vez gritou essa menina é uma retardada, não consegue aprender a fazer tal coisa"
Acredita que esse tipo de comportamento abusivo diminuiu de maneira geral?
Acho que em todas as esferas do mundo isso melhorou de uns tempos para cá. Hoje em dia já não é mais tão explícito, mas a gente ainda enfrenta situações veladas, que denuncia e, mesmo assim, fica tudo meio ali embaixo do pano. Sinto que houve uma melhora, sim, mas ainda temos muito para caminhar.
Falando em comportamento abusivo, Bella Campos foi muito atacada nas redes no começo de Vale Tudo. Como foi para você vivenciar isso?
Eu sempre gostei da Bella. Eu a via na TV, em Pantanal, e falava gente, essa menina é muito linda, ela tem um brilho, ela tem uma coisa". Nunca tinha falado com ela, mas era uma menina de quem eu gostava assim de graça. Quando soube que a gente ia contracenar, fiquei superfeliz. Já achava a Bella uma mulher grandona, por conta de tudo o que ela fez no passado, o que ela peitou, o que ela sofreu. Achava Bella muito sinistra e nos demos superbem.
Essa coisa da internet sempre me incomodou muito, muito, muito, porque é muito cruel. A Bella é uma pessoa que está na terceira novela e fazendo muito bem feito seu trabalho. É uma menina talentosa, que se encaixou perfeitamente na Fátima e está brilhando. As pessoas demoraram muito tempo a aceitar que ela é boa, é talentosa e merece estar ali. E isso foi muito duro de ver para a gente [a equipe de Vale tudo] que estava ali acompanhando todos os dias, era muito triste. Foi muito natural essa coisa de querer ver ela bem, de querer botar ela para cima.
O que vocês fizeram?
A gente tem um elenco que recebeu Bella lindamente, que a acolheu muito, Taís [Araujo], Paolla [Oliveira], Humberto [Carrão]. Nos unimos muito também por causa dessa proteção, porque sabíamos que a novela tinha muita gente querendo criticar à toa. Eu me surpreendi muito com a força que a Bella tem, com a sua grandeza. Ela é de uma elegância, de uma educação e de uma dedicação. Você vê ela estudando todo dia. Eu não tenho tantas cenas quanto ela e muitas vezes saía do set exausta. Se eu estou exausta, a Bella deve estar morrendo, porque grava muito mais que eu. É uma peso muito grande. Bella é brilhante por carregar isso com leveza, ela chega para gravar brincando, fazendo piada, dançando, se divertindo.
"Estarei nas trincheiras com Bella Campos, e foi bonito ver o elenco também se reunindo para protegê-la"
Pensa que o machismo também está por trás das críticas a Bella? Porque é muito mais fácil atacar uma mulher...
Acredito muito nisso, ainda mais se tratando de uma mulher preta, porque além do machismo, tem o racismo. O Brasil ainda não aceita mulheres negras no topo, e Bella vem para provar o contrário, de que é possível, sim. Temos duas mulheres pretas brilhando na novela, ela e Taís Araujo contrariando o que muita gente ainda pensa, e eu espero que deixe de pensar depois delas e de tantas outras, como Duda Santos, Jéssica Ellen. Temos visto uma TV muito mais legal e diversa.
É lindo de ver uma mulher como Bella nesse lugar, ocupando esse espaço, que é a personagem talvez mais icônica da teledramaturgia brasileira, levando isso de cabeça erguida. A minha torcida por ela é infinita. Estarei nas trincheiras com Bella Campos, e foi bonito ver o elenco também se reunindo para protegê-la.
Você passou por algum momento em que também precisou ser acolhida no seu trabalho?
Todo trabalho, em diferentes proporções, você precisa de acolhimento, porque o ator fica muito vulnerável. Tem novelas, tem séries, que a gente grava 30 cenas por dia chorando. São processos longos que em algum momento você cai e precisa pedir ajuda. A terapia é fundamental para o ator. A vida inteira eu vou precisar de terapia, porque cada personagem desperta algo diferente. Essa rede de apoio é muito necessária, tanto os amigos, quanto a família, quanto os colegas de elenco que estão lá todos os dias com a gente, para sustentar essas emoções ao longo do processo.
Tive a sorte de ter colegas de elenco muito legais, muito receptivos ao longo da minha trajetória, e de diferentes idades, também. Aracy Balabanian foi uma das das pessoas mais importantes para mim no momento da minha carreira de virada de chave [as duas trabalharam em Ligações Perigosas, em 2015]. Eu fui muito bem recebida ao longo da minha carreira e isso me deixa muito feliz.
Quando a terapia foi mais importante para você na sua trajetória profissional?
Quando eu comecei mesmo. Mas em 2018, quando eu não fazia terapia, tive uma estafa [Alice teve burnout]. Fiquei muito cansada, fazia Onde Nascem os Fortes e depois que acabou a série, eu fiquei num vazio, porque foi a primeira vez que eu fiquei sem nada para fazer na minha vida. Antes eu conciliava a ginástica com o colégio, depois a faculdade e o trabalho. Eu nunca parei. Foi a primeira vez que eu olhei para mim e falei: meu Deus, que é isso? Que buraco é esse? Quem eu sou? Que eu gosto de fazer?. Foi quando eu descobri a minha analista. Ela foi extremamente importante para me tirar do buraco.
Você teve depressão e burnout. Foi apenas o vazio de não ter o que fazer ou não conseguiu se desligar da Maria...
Foram as duas coisas. Foi um luto, como se perdesse a sua melhor amiga, porque você convive com aquela personagem seis dias por semana durante quase um ano e aí do nada ela desaparece. E teve esse momento de pausa, que eu nunca tinha tido e eu não sabia como lidar. Misturou as duas coisas. Além disso, 2018 foi um ano muito difícil, acho que para todo mundo, e na política foi um ano muito estranho. Juntou tudo e eu fui lá para baixo.
"Sou uma pessoa que quero viver muito e para viver muitos anos o tempo tem que passar. Eu não fico presa nessa ideia de preciso ser jovem para sempre"
Em entrevista recente, você disse que chegou até a ser reanimada porque apagou - o corpo não fala, ele grita. Hoje consegue somatizar menos?
Somatizo menos, porque organizo melhor os meus sentimentos, as sensações. Hoje [10 de julho] tem em Vale Tudo a cena do tapa da Solange na Maria de Fátima e a estreia de Rensga 3, fiquei muito ansiosa e identifiquei essa ansiedade logo no começo. Não digo que foi uma crise, mas quando você identifica que a ansiedade está batendo ali na portinha, começa a ter ferramentas com a terapia para lidar com isso. Quando eu vi que eu ia dar ruim, eu voltei para casa, tomei um banho mais longo, fiz uma oração, acendi uma velinha, botei uma música, deitei na cama, meditei, e voltei a fazer o que eu tinha que fazer: pagar minhas contas, dar minhas entrevistas e trabalhar. A gente vai aprendendo com a vida a prestar mais atenção aos sinais do nosso corpo e da nossa mente.
Além da terapia, o que mais ajudou você a controlar essa ansiedade?
A espiritualidade me ajudou muito. Eu sempre tive muita fé, mas acho que o acordar para exercitar a fé, não só ter essa fé, mas rezar, acender uma vela, tomar um banho de ervas, de mar, de cachoeira, tudo isso para mim foi muito fundamental. A terapia, a espiritualidade, os meus amigos, a escrita, tudo ajuda.
Você segue alguma fé?
Eu não tenho nenhuma religião específica, eu misturo tudo.
O que sentiu ao ser reanimada? Teve, por exemplo, alguma experiência extracorpórea ou algo similar?
Naquele momento, não, mas eu já tive várias experiências esotéricas ao longo da vida, inclusive com o trabalho, como sinais em sonhos. Quando cheguei para gravar Onde Nascem os Fortes, na Paraíba, sonhei com São Jorge e sua espada na lua. Estreamos no dia de São Jorge, 23 de abril. São sinais que vamos recebendo e nos sentindo conectados com o divino e com essa nossa fé. Fui tendo confirmações de que era para eu estar onde eu tinha que estar. Isso se estende até hoje.
"Quando eu me vejo onde eu estou, nossa, não queria estar em nenhum outro lugar. É uma sensação de plenitude mesmo, de felicidade, de alegria, de estar presente no agora que eu tenho"
Você é uma pessoa intuitiva?
Totalmente, eu sou escorpiana com a Lua em peixes, amor (risos). É babado (risos).
O que você levou desse período ruim após Onde Nascem os Fortes?
A atenção que temos que ter conosco porque, se escorregar, a gente volta para o buraco. Pô, a vida às vezes é difícil para caramba, se a gente não se organizar, não se cuidar, a tendência é voltar para o buraco. Eu não quero mais voltar para onde eu estava em 2018. Sei que vou ter fases muito difíceis na minha vida, que vou enfrentar problemas muito difíceis, como já enfrentei. Mas estou cada vez mais sábia, cada vez mais forte para enfrentá-los de outra maneira.
Você vai fazer 30 anos em novembro. O amadurecimento também ajuda a ter essa sabedoria...
A gente vai criando casca, né? As coisas da vida vão ensinando, vamos tomando porrada e aprendendo. Eu adoro fazer aniversário, gosto de ver o tempo passar. Sou uma pessoa que quero viver muito e para viver muitos anos o tempo tem que passar. Eu não fico presa nessa ideia de preciso ser jovem para sempre.
Voltando a paulada e aprendizados do passado: se você tivesse uma filha, deixaria ela entrar na ginástica?
Acredito muito na força e na parte educativa do esporte, que me moldou e me ensinou muita coisa. Eu sou muito grata ao esporte, só acho que a forma como os técnicos lecionavam e treinavam as meninas era muito mais pesada, mais densa, do que é hoje em dia. Vejo essa melhoria, sim. Claro que temos que estar atentos o tempo todo para o tipo de pessoa que vai reger ali o seu treino. Mas eu visitei as meninas [da equipe brasileira] recentemente e vi que muita coisa tinha mudado.
Por exemplo?
Na minha época a gente chorava quase todo treino de dor, de nervoso, de uma sensação de que não ia conseguir. Gritavam com a gente, e éramos crianças. Era um outro tipo de treinamento. Hoje em dia não é mais assim. Eu não vejo mais o mesmo peso, e elas [as atletas] conseguem ter bons resultados. Não é sobre você gritar com a pessoa e ela realizar as coisas. É um mundo muito melhor para uma criança viver, para uma menina viver, mas ainda tem muita coisa para melhorar.
Tem algum trauma, algum gatilho que você traz daquela época?
Eu tenho supergatilhos. Quando tinha nove anos, estava na trave, e uma técnica gritou comigo. Fui fazer o movimento, aí minha mão escorregou. Eu caí de perna aberta, tive que fazer uma cirurgia de períneo. Tomei oito pontos, fiquei quatro dias internada no hospital e menos de um mês depois eu competi o [campeonato] brasileiro. Era pesado o negócio ali. Tem esses lugares que ao longo da vida a gente até revisita, mas é curioso também como após um tempo o cérebro apaga [os traumas]. Aí depois de um tempo você vai relembrando, vai remexendo umas gavetas. Eu olho para trás e consigo ser grata pela ginástica, por tudo que ela me proporcionou. É bom ter essa voz para poder falar também que não concordo com aquilo, com como isso era conduzido anteriormente.
Atleta em geral exige muito de si mesmo. Você continua se exigindo além da conta?
Bastante, mas menos do que uns cinco anos atrás. Antes, se eu fazia uma cena que considerava que era ruim, ficava remoendo, ficava triste, ia para casa chateada. Hoje em dia é tipo beijo, tchau vou sair para jantar, vou encontrar meus amigos. Eu consigo não ficar pensando nessas coisas em looping progressivamente. E isso para mim já é uma grande vitória, porque eu estou muito mais relaxada com quem eu sou e me levo menos a sério também.
Você é uma pessoa intensa.
Sou super, sempre fui e acho que essa intensidade segue aqui. Só que tenho aprendido a canalizá-la de formas diferentes.
Tem algum tipo de "pena" de não ter continuado com a ginástica?
Nunca, porque com 11 anos eu sabia que o meu lugar não era mais ali. E tanto não era que eu saí, um mês depois estava no teatro e fui contratada nesse primeiro mês para fazer minha primeira peça profissional. Quando eu me vejo onde eu estou, nossa, não queria estar em nenhum outro lugar. É uma sensação de plenitude mesmo, de felicidade, de alegria, de estar presente no agora que eu tenho. Eu sou muito feliz com a minha carreira, com as minhas escolhas, com as oportunidades que me dão. Não fico ah, eu poderia ter estado nas Olimpíadas. Não mesmo. Estou onde tenho que estar.
"Foi olhando para Marjorie Estiano que falei: É isso que eu quero ser, é aí que eu quero chegar"
Quando entendeu que poderia ocupar esse lugar de atriz?
Quando eu tinha 16 anos, eu fiz A Vida da Gente, uma novela das seis da Lícia Manzo, a quem eu adoro. Eu já tinha feito uma temporada de Malhação antes, mas tinha sido meio brincadeira, meio para experimentar. Nessa novela eu me lembro muito de ver a Marjorie [Estiano] atuando. O comprometimento dela com aquilo, ela com aquelas páginas de texto, aquelas cenas imensas que ela tinha com a Fernanda Vasconcellos, Nicette Bruno, Ana Beatriz Nogueira... Ali eu entendi a seriedade da profissão e foi olhando para a Marjorie que falei: É isso que eu quero ser, é aí que eu quero chegar.
Duvidou de você mesma nesse processo?
Questionei muitas vezes a profissão, se era isso mesmo que eu devia fazer, que rumos que ia tomar. Até outro dia eu estava pensando meu Deus, eu vou ser substituída pela inteligência artificial (risos). A gente questiona, duvida, se preocupa. Mas quando estamos alinhados com os nossos valores, com o que acreditamos, e com a nossa paixão pelo ofício, a coisa se reforça.
Sofreu com a síndrome de impostora?
Sim, sim. Mas eu sou uma pessoa mega responsável, não sou de atrasar no set, não sou de dar trabalho para ninguém. Então, modéstia à parte, eu acho que eu mereço [ser bem-sucedida]. Tem um pouco de olhar e falar trabalho para caceta já há muito tempo, me dedico para caramba, estudo, não me acomodo. Eu tenho que estar onde eu tenho que estar.
"Até outro dia eu estava pensando meu Deus, eu vou ser substituída pela inteligência artificial"
Você é uma atriz muito politizada, de uma forma geral, dá sua opinião sobre temas como o fim da escala do 6x1, a taxação de milionários. Já se policiou ao falar sobre assuntos polêmicos? Teme o cancelamento?
Para mim é uma coisa muito natural, é a minha opinião, é o que eu acredito. Nunca tive medo de perder contratos, isso nunca me apavorou. Eu tenho valores muito claros na minha cabeça e lutas sobre as quais eu acredito que preciso falar. Para mim é o que basta. E se eu me posiciono e me arrependo, eu falo que eu me arrependi. Não sou do tipo de pessoa que não muda de ideia nunca, eu mudo de ideia, sim. Se tem algum assunto que eu dou uma opinião e descubro que eu não sei muito, que preciso estudar mais e talvez a minha opinião mude com isso, eu volto atrás. Não tenho medo.
De onde que veio essa sua conscientização política?
Eu fui construindo. De alguma forma na faculdade a gente começa a prestar mais atenção [no mundo]. No colégio, para mim, isso não era muito presente [Alice estudou no Santo Inácio, colégio tradicional do Rio]. Acho que a conscientização veio mais com o teatro, uma realidade diferente daquela da Zona Sul do Rio, que é uma bolha. Minha cabeça foi se expandindo e eu fui tendo cada vez mais interesse de saber, de pesquisar e de entender porque que isso [a política] é tão importante para a gente.
O esporte também ajudou nesse sentido?
Ele me deu isso logo quando eu era criança, porque o esporte no Brasil ainda tem muito pouco incentivo. Quando eu fazia ginástica, a gente tinha que rifar a blusa dos jogadores para conseguir dinheiro para pagar passagem para competir. As meninas da minha turma não tinham dinheiro para pagar passagem de ônibus para ir treinar. Era uma realidade muito diferente da minha naquele momento, que já era a de uma menina da Zona Sul do Rio. Logo ali eu entendi o que era o Brasil, entendi o que era essa realidade e esse instinto para querer mudar, para querer transformar o país, para querer olhar para coisas que a gente não olha normalmente. Isso para mim nasceu muito cedo.
Você é uma pessoa pública, com presença nas redes. Como lida com o julgamento de desconhecidos, haters e com ataques à sua posição política?
Depende. Nas eleições de 2018, eu fazia a questão de levantar debate, puxar conversas e dialogar, que a gente precisa disso, não só de ataques. Atacar é muito fácil. Difícil é entrar em uma conversa, em um diálogo para tentar achar um consenso, tentar entender o outro tem uma opinião diferente. É muito cruel fazer novela com a internet do jeito que está. Se você é uma pessoa que vai se fragilizar com o comentário que fazem sobre você, é melhor não ler nada, desativar tudo, desligar as redes, porque, vai ter um comentário ruim.
Mesmo que tenha 200 comentários maravilhosos te elogiando, te exaltando, tem uma pessoa falando mal e você fica tipo meu Deus, ai, como eu queria ser aceita, como queria que as pessoas gostassem de mim. E é uma besteira, isso diz muito mais respeito à pessoa que tirou o tempo da vida dela para atacar você à toa. Acho que é você cada vez mais relevar esse tipo de coisa e fazer o seu trabalho. A resposta é a indiferença, é seguir a sua vida do jeito que tem que seguir. Agora, quando é questionamento que realmente gera o debate, aí vamos gastar tempo com isso.
Namoraria alguém que votasse muito diferente de você?
Acho que não. Aliás, acho que não, não. Certamente não.
Em tempo: você está namorando o empresário Luiz Guilherme Niemeyer?
Estou feliz, estou apaixonada, estou apaixonada (risos).
Como concilia sua vida pessoal com rotina da novela?
Tentando não ser tão Solange Duprat. O tempinho que eu tenho de folga, quando eu saio da gravação, vou encontrar meus amigos. Eu tenho essa disponibilidade para além do trabalho, algo que eu não tinha e aprendi a ter. Eu botava o trabalho sempre ali na frente de tudo e não dedicava tempo ao resto das coisas. Hoje em dia eu dedico.
Como isso afetou seus relacionamentos, inclusive com amigos, família?
Eu gostaria de ter sido mais presente em vários momentos que não consegui ser porque eu estava ali enfiada, totalmente imersa em determinados personagens além do necessário.
Recentemente repercutiu uma entrevista sua na qual você contava que tinha tido um relacionamento com João Vicente de Castro, hoje seu amigo...
Eu tenho uma maioria esmagadora de amigas mulheres, mas bons amigos homens também, e eles são muito fundamentais. Com o João, eu estava meio terminando o namoro, isso já tem bastante tempo, e terminei, voltei. Não queria ter voltado, foi meio uma volta meio tipo vou tentar. E João me dava conselhos que eu dizia que maravilha. Ele é um cara muito inteligente. Tenho amigos que admiro profundamente, tenho presenças masculinas na minha vida que são muito maravilhosas.
O Humberto [Carrão] também virou essa pessoa, um amigo para quem eu ligo, conto tudo, peço conselho. Eu consigo criar esses laço e separar as coisas. Essa relação de amizade que eu tenho com João é uma das mais preciosas que eu tenho na minha vida, não vou abrir mão disso por nenhum motivo. Para mim sempre foi natural ter amigas mulheres e amigos homens.
Desde pequena?
Inclusive quando eu era pequena andava muito com os amigos do meu irmão. Eu andava de skate, surfava, jogava futebol, para mim não tinha muito essa barreira. Eu usava bermuda de homem, tive uma criação solta, isso para mim não importava, eu jogava futebol tão bem quanto vários dos meus amigos homens. Eu fui criada assim, sem essa barreira gigantesca [entre meninos e meninas].
Quem são as mulheres que te mostraram na prática o que é ser feminista?
Primeiro minha bisavó maravilhosa, Swane, com quem eu vivi até os meus 5 anos. Minha bisa era uma mulher livre, muito polêmica de tão livre, dançava na boquinha da garrafa, namorava com 70 e tantos anos. Sempre foi essa mulher que seguia sonhos, os desejos dela. Tenho uma avó que é muito presente, supermatriarca, foi fazer a vida dela, trabalhou, deu aula, fez fonoaudiologia. Teve uma vida para além da rotina de casa, mas ao mesmo tempo foi muito presente em casa também. Tem minha mãe, uma mulher maravilhosa que me acompanhou ali durante muito tempo no Projac, se dedicou muito, é uma pessoa que está sempre olhando para os outros, cuidando, muito proativa, muito inteligente. Fui criada com mulheres muito maravilhosas. E tem as minhas amigas, que eu admiro profundamente, que eu amo, em quem vejo a complexidade que é ser mulher no mundo, e me ensinam todos os dias.
Você sente a sororidade no seu dia a dia?
Sinto. Claro que a gente ainda vive num mundo que ainda fazem comentários machistas. Eu mesma reconheço que muitas vezes eu posso fazer comentários machistas, mas cada vez mais eu olho e digo por que que eu estou falando isso?, o cérebro já te corrige instantaneamente. É maravilhoso, já é filtrado, não, isso aqui eu não posso pensar, isso aqui está errado, ou até palavras que a gente usa e não dá mais para usar. É também estar cada vez mais ligado e saber que essas coisas importam.
Você já se pegou nesse processo de evolução, pensou como fui assim?
Sim. Fui para Orlando torcer pelo Fluminense [na Copa Mundial de Clubes], mas antes eu era botafoguense, virei casaca em 2008. E lá naquela época a gente cantava umas músicas que você fala cara, que bosta, quem inventou essa porcaria dessa música?. Eu me lembro de cantar coisas como puta, viado, ladrão, adeus Mengão. Que idiotice. Viado não é um xingamento, puta também não é um xingamento. São coisas que mudaram, e a gente foi mudando junto.
Como você faz para se letrar sobre determinados assuntos?
Para mim começa com conversas com pessoas da minha convivência. A internet ajudou muito, impulsionou muito, com hashtags do meu primeiro assédio, MeToo, mexeu com uma, mexeu com todas. Essas pautas, essas bandeiras são muito importantes e a gente aprende muita coisa, mas os livros me ensinaram muito também. É olhar para o mundo, estar atento, sair da própria bolha, não pensar dentro da caixa.
Você vai lançar um livro em que fala sobre o abuso sexual que sofreu. O que pode adiantar sobre ele?
Não sei quando vai sair o livro, não consegui escrever ele todo ainda. Provavelmente será ano que vem. O abuso não é o mote do livro, mas é um assunto que muito por conta de Justiça 2 [série na qual Alice fez uma jovem vítima de abuso] eu entrei um pouco mais nele. O livro é uma forma de poder me expressar de uma maneira que vou me sentir confortável e inteira comigo mesma, com as minhas palavras. Estou escrevendo crônicas, contos, coisas que aconteceram dentro do set, fora do set... Tem coisas que são muito particulares, muito íntimas, é difícil falar. Com um livro você vai entendendo mais a vivência da pessoas, o caminho delas.
Você gosta de moda e faz uma personagem que é toda fashionista. Em algum momento teve dificuldade para se sentir incluída nesse universo?
Quando eu comecei um pouco a entrar para esse mundo, ainda tinha muitas insatisfações com o meu corpo, muita variação de peso e não conseguia lidar bem com isso. Lido muito melhor, mas até hoje vemos desfiles exaltando a extrema magreza. Isso já me fez me sentir desencaixada, ao mesmo tempo que eu olho e sei que agora sou uma mulher padrão. A moda é opressora para todas as pessoas, minha torcida é para que seja mais inclusiva. A gente vê o movimento de ê, libertação, todos os corpos, não sei o quê e logo depois vem uma onda de extrema magreza e as marcas reforçando muito isso. Ainda não estou muito satisfeita, não, com o lugar que a gente tem nesse universo que não inclui totalmente as pessoas.
"Para mim [o transtorno alimentar] é como o alcoolismo, você nunca vai estar 100% livre disso"
Você teve transtorno alimentar. Já fez alguma “loucura” para poder emagrecer ou chegar a um padrão no qual achava que deveria se encaixar?
Sim. Aquilo vira meio uma coisa obsessiva, cíclica. Você deixa de aproveitar as outras áreas da sua vida porque fica com esse pensamento na sua cabeça. É um processo difícil e doloroso. Não sei dizer se todos vão conseguir chegar numa cura, mas com tratamentos e acolhimento as coisas ficam mais fáceis e é possível quebrar esse tipo de ciclo.
Você conseguiu quebrar?
Acho quem sim, mas é algo que pode voltar a qualquer momento. Para mim [o transtorno alimentar] é como o alcoolismo, você nunca vai estar 100% livre disso. Vai ter sempre aquela vozinha lá no fundo da sua cabeça e em algum momento você pode voltar para esse lugar. Mas eu me sinto muito mais saudável do que eu era antigamente. Penso muito menos nisso do que eu pensava antes, muito menos (ênfase). Não se compara. Para mim, é uma vitória, mudou minha vida para muito melhor.
Imagino que para você, uma pessoa pública, seja ainda mais difícil manter essa estabilidade. Como você faz para se blindar?
É o fato de eu gostar mais de mim, da pessoa que eu sou, dos valores que eu carrego e de olhar para mim e me achar bonita. Isso já alivia muito, e as críticas vão meio se esvaziando, você fica meio tipo, ah, foda-se, essa pessoa falando isso. Fica algo menos agressivo do que era antes quando eu estava realmente insegura comigo mesma. Estou muito mais segura.
Hoje em dia você se ama?
Sim, sim. Claro que tem dias que eu acordo me sentindo um lixo, mas na maioria do tempo eu gosto (risos).
Além de Vale Tudo, você está em Rensga Hits!. Como é essa experiência do universo sertanejo?
A série é uma delícia, muito gostosa de fazer. Eu sou muito fã do texto da Renata Corrêa, da direção de Carol Durão, Natália Vargas, a Isabela Gabaglia. A Lorena Comparato foi uma grande parceiras. Raíssa é uma personagem muito solar, muito carismática, a com mais luz que eu já fiz. Ela me iluminou muito.
O que você leva da Raíssa?
A alegria de viver, que eu sempre tive isso, mas de alguma forma ela despertou esse lado mais solar em mim. Eu vinha de trabalhos muito densos, muito dramáticos. Se eu não tivesse feito a Raíssa, eu não teria sido capaz de fazer a Solange, que também é iluminada, também tem um carisma. Talvez eu puxasse ela para um lugar dramático, mais sofrido. E as duas, a Raíssa e a Solange, elas mostram a arcada dentária, são pessoas felizes. É isso de que eu gosto, e acho que voltei mais a ser mais essa pessoa também muito por conta delas duas.
O que você diria para a Alice lá do começo?
Difícil dar um conselho assim, mas acho que seria não tenha medo de ser quem você é. Só vai. Vai indo.
FICHA TÉCNICA
Entrevista e redação: Raquel Pinheiro Loureiro
Fotos: Bruna Sussekind
Make: Carla Rodrigues
Edição de texto: Ana Carolina Moura
Design de capa: Manuela Pellegrini e Eduardo Garda
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